Maria Teixeira Alves
Vou confessar que a ideia, que
subscrevo completamente, não é minha, é do Carlos Guimarães Pinto, o líder do
novo partido Iniciativa Liberal, que recentemente acabou de dar por cumprida a
sua missão e abandonou a liderança do partido (pensei que a missão dele era
mudar o país, mas isso são outros 500) .
Carlos Guimarães Pinto diz
(num artigo de opinião do Público) que o país está estagnado há 20 anos e que
se o país tivesse crescido economicamente havia empreendedorismo e meritocracia
e que isso teria posto fim à inveja que tanto nos paralisa.
O Carlos diz que como o país
estagnou, o bolo não chega para todos e por isso reina a inveja. O sucesso dos
outros incomoda, pois como o crescimento "parco" da economia não
beneficia todos, «as pessoas começam a desenvolver o sentimento oposto ao da
cooperação: a inveja», diz o ex-líder da IL. Concordo.
Aí começa a saga, «os pobres
culpam os mais ricos, as minorias culpam as maiorias, a que acusam de
discriminação. Instala-se a política do ressentimento, do foco nas lutas pela
redistribuição em vez da produção, abrindo a mais socialismo e a mais
identitarismo. O socialismo cria a miséria que depois alimenta ainda mais
socialismo num círculo vicioso difícil de romper. A cultura do mérito é
ultrapassada pela cultura da inveja. O foco no crescimento é substituído pelo
foco no ressentimento».
«Os socialistas nunca
esconderam a sua aposta política no ressentimento. A luta de classes é isso
mesmo: a aposta no ressentimento de uma classe contra a outra», escreveu o
fundador da IL.
Ao longo do tempo, defende, às
classes juntaram-se subgrupos: raças, etnias, sexo, situação profissional, que
seguem a mesma cartilha do ressentimento em relação à "maioria".
Logo, esta coisa das minorias
(sexuais e outras que tais) não passa de uma extensão da política de
ressentimento tão cara à esquerda (digo eu, não o Carlos, cujo partido defende
as questões fracturantes em nome da liberdade individual).
Diz ainda o Carlos que vinte
anos de estagnação tornaram o país susceptível à política do ressentimento.
Por fim Carlos Guimarães Pinto
diz que o Chega e o Livre, em polos opostos, são partidos que apostaram no
ressentimento como arma eleitoral.
Tudo isto para dizer que a
alternativa à política do ressentimento é a política do crescimento. É a
valorização do trabalho, do mérito, do risco e da iniciativa privada.
Não posso concordar mais com a
IL na parte que se refere à economia e ao liberalismo econômico. Concordo 100%
com a ideia que o socialismo se suporta da política do ressentimento.
O problema é saber como que se
quebra este círculo vicioso, quando a política do ressentimento das minorias afetou
todo o mundo ocidental, mesmo os países ricos, e aí a tese de Carlos está
incompleta. O que é o ódio ao Trump e o rótulo de racismo e outros ismos que se
lhe colam senão a expressão máxima dessa política do ressentimento? (só para
dar um exemplo).
Estou absolutamente de acordo
que a aposta no ressentimento é um dos maiores vírus do fim do século XX e do
início do século XXI. Mas será que se consegue travar esta praga? Como? É que
ela alastrou aos países ricos, aos povos aburguesados e como tal culpados pelos
dados lhes serem favoráveis.
Na minha modesta opinião o
longo período de bem-estar da Europa e dos Estados Unidos criou um sentido de
culpa que alimenta esta política do ressentimento.
A culpa, esse motor da
história. Não nos podemos esquecer que a culpa dos homens imortalizou (e bem)
Jesus Cristo.
Aproveito para dizer que o
Parlamento precisa de partidos novos com pessoas novas e o Iniciativa Liberal,
o Chega e o Livre são bem-vindos, ainda que para já sejam apenas partidos de
protesto.
By the way, André
Ventura mostrou ser um bom parlamentar. A tropa do politicamente correto ainda
vai ter de engolir um grande sapo no futuro. Veremos.
Título, Imagem e Texto: Maria
Teixeira Alves, Corta-fitas,
1-11-2019
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