terça-feira, 12 de novembro de 2019

“Você delira, Talíria (Petrone)!”


Talíria,

Espero que esta missiva a encontre gozando da mais perfeita saúde junto aos seus entes queridos e que sinta, por trás da frieza destes tipos de metal, o calor da paixão pela Verdade, que é o que nos une.

Gostei muito do seu tuíte comparando Margareth Thatcher e Angela Merkel a (suponho) Evo Morales.
Faço a ressalva da suposição porque você não cita nominalmente o ex-presidente boliviano.

Pode estar falando de Mugabe (37 anos de poder no Zimbábue), Kadafi (42 anos na Líbia), Fidel Castro (52 anos na presidência de Cuba), Enver Hoxha (40 anos na Albânia), Salazar (36 anos em Portugal), Franco (39 anos na Espanha), Stroessner (34 anos no Paraguai), Saddam Hussein (25 no Iraque), Stálin (30 anos na finada URSS), ou Mao (26, na China).

É instigante (ia dizer “divertido”, mas me contive) ver você comparar os 11 anos de Thatcher ou os 14 de Merkel – cumpridos através de eleições livres, limpas, democráticas, constitucionais, em regimes parlamentaristas – aos 13 de Evo – cumpridos após mudanças casuísticas na constituição e/ou através de eleições fraudadas. E, talvez, às décadas dos demais citados no parágrafo acima – tudo na mais completa mão grande.

Nunca vi um progressista se lembrar disso; mas tem diferença, não tem?

Gostei também de ver a sororidade em ação. Merkel e Thatcher foram das mulheres mais poderosas dos últimos tempos, em duas das nações mais importantes. Você poderia ter incluído Golda Meir (5 anos como primeira-ministra de Israel, depois de uns 17 ocupando ministérios de peso). E Indira Gandhi, 15 anos como primeira-ministra da Índia. Mas não se encaixavam na narrativa, então era melhor deixar quieto.

Thatcher e Merkel inspiraram outras mulheres muito mais que aquelas que chegaram ao poder na cola do marido ou de um chefe – seja como viúva, laranja ou poste.

Soube que você é professora, mas algo me diz que não da área de exatas – acertei? Porque compara galhos com bagulhos. E ainda toma liberdades muito poéticas com o idioma (não, não vou falar do acento em “destróem” nem da regência do verbo “lembrar” - vou guardar minha cota de opressão linguística para algo que valha mais a pena).

Elizabeth II está há 66 anos no poder. Já enterrou 6 papas, despachou com 14 primeiros-ministros, aguentou 11 presidentes americanos e deve ter ficado sabendo da existência de mais de 30 bolivianos. É um ícone isento, pairando acima de coxinhas e mortadelas, trabalhistas e conservadores. E nem assim, com seis vezes mais tempo de estrada que a senhora Thatcher, se pode dizer que a rainha tenha se perpetuado no poder por 66 anos. Seu cargo é vitalício – como o dos papas, dos imortais da ABL e do Galvão Bueno.

Perpetuar por 11 ou 14 anos é muito pouco, Talíria. Imagine se os jazigos perpétuos do São João Batista durassem só isso... Para a obra de Shakespeare, de Platão, de Da Vinci, talvez se possa usar o verbo, no sentido de tornar-se duradouro. Você levou muito ao pé da letra aquilo que o Vinícius escreveu sobre “ser eterno enquanto dure”.

Seu julgamento político a partir do tempo de permanência no poder me lembra sabe quem? O próprio! Zero3 comparou o dólar a R$ 4,00 aqui e a 60 pesos na Argentina e concluiu que nossa moeda valia 15 vezes mais que a dos hermanos. Gênio, não? Seu paralelo é nessa mesma linha.

Imagino que você também ache que os judeus vivam no futuro, porque estão no ano 5.779. E que os muçulmanos não tenham saído da Idade Média, por estarem ainda em 1441. Que os Estados Unidos sejam o país mais quente do mundo, porque lá chega a fazer 100 graus no verão.

Você parece acreditar mesmo que Evo – e Chávez, Maduro, Ortega, Somoza, Batista, Trujillo, Papa Doc, Baby Doc – todos foram combatidos porque melhoraram a vida do povo. E que democracias como a britânica e a alemã destroem (sem acento) direitos e perseguem as organizações populares.

Ainda bem que entrou para o PSOL e abandonou o magistério. Porque você delira, Talíria. E delírio em sala de aula pode causar um estrago que você não imagina.

Um beijo no coração - e bora estudar História!
Título e Texto: Eduardo Affonso, Facebook, 12-11-2019

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Um comentário:

  1. Brasil, acabou a dúvida. Estamos polarizados. Não há mais política de centro, pseudo-direita, neo-esquerda... nenhuma dessas idiotices criadas para camuflar a personalidade dos integrantes desses movimentos. Estamos divididos entre o certo e o errado. Só isso. Simples e direto. De um lado do “muro”, pessoas de bem tentando fazer o que é correto, moral e benéfico. Do outro lado estão os corruptos, os imorais, os amorais (sem noção do que é moral), os bandidos... Enfim, de um lado é Bolsonaro e do outro o Lula. Vamos parar de linguagem indireta. Bolsonaro está no poder e faz um EXCELENTE governo. É transparente e está alcançando resultados inimagináveis à época de sua eleição. Em contrapartida, soltaram o Lula, um dos maiores corruptos da história da humanidade, para tentar atrapalhar e reinstaurar tudo de pior que há na política. Agora cabe a você escolher. E pare com essa besteira de “ah, o Amoedo é mais preparado...”; “ah, o Alckmin tem mais trâmite político...”; Tudo isso é besteira. Se qualquer um desses dois tivessem sido eleitos, seríamos a nova argentina: 4 anos de tentativas de acordo políticos e falas indiretas, culminando na volta do caos na eleição seguinte. Portanto, lhes peço encarecidamente: DECIDAM DE QUE LADO VOCÊS ESTÃO. AGORA! ESSE É O MOMENTO! OU VOCÊ APOIA O BEM OU APOIA O MAL. NÃO TEM 3ª OPÇÃO. FAÇA O CORRETO. PARE DE BRIGA E IMPLICAÇÕES QUE, NA PRÁTICA, NÃO MUDAM NADA. SIGA O GOVERNO ATRAVÉS DAS REDES SOCIAIS E ACOMPANHE O EXCELENTE TRABALHO QUE ESTÁ SENDO FEITO. O PRESIDENTE BOLSONARO PRECISA DO SEU APOIO. PRECISA SABER QUE A IMENSA MAIORIA ESTÁ COM ELE. LULA É A DOENÇA E BOLSONARO É O REMÉDIO. E REMÉDIO NÃO TEM QUE TER GOSTO BOM, TEM QUE FUNCIONAR. E O GOVERNO TEM FUNCIONADO. FAÇAMOS NOSSA PARTE!
    Mário Hecksher
    mario.hecksher@hotmail.com

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