Carina Bratt
As pessoas não estão nem aí
para a pandemia. Penso que a maioria não acredita na sua indesejável morbidez.
Por que estou dizendo isto? Pelo simples fato daquilo que vejo nestas viagens
que faço por vários Estados, Brasil afora. Acreditem, amigas, são multidões a
se perder de vista, completamente descuidadas das recomendações básicas
relacionadas à Covid-19.
Aqui em São Luiz, só para
ilustrar o que estou dizendo, as máscaras são objetos de pouco valor. Os ônibus
circulam lotados, com passageiros acotovelados num ajuntamento desordenado. Os
motoristas de táxis e de aplicativos resolveram transferir os invólucros de
proteção de seus rostos para resguardarem (algumas coisas tidas como muito
importantes) os respectivos pescoços, sem mencionar que a maioria dos carros
andam com os vidros fechados e os aparelhos de ar-condicionado ligados.
Logo que cheguei no Marechal Cunha Machado, vários condutores vieram ao meu encontro oferecendo corridas, segundo eles, a preços módicos. Todos, sem exceção, desfavorecidos dos embuços tamponais, como se aqui no Maranhão o mal do vírus chinês tivesse passado ao largo do perímetro urbano e, logicamente, das Praias de São Marcos e do Amor.
Para vocês terem uma ideia,
uma corrida do Internacional até o Hotel Soft Win, na Ponta do farol ou ao Stop
Way, ambos a menos de cinco quilômetros do centro, tendo como pano de fundo o
aeroporto, a galera (tanto da UBER quanto do 99), assim que avista os
passageiros saindo pelas portas dos desembarques, partem para cima. Vêm com
tudo, querendo arrancar nosso dinheiro a qualquer custo.
Para evitar certos tipos de contratempos, eu e Aparecido temos, por norma, antes de sairmos da nossa cidade de origem, contactarmos motoristas previamente indicados pelo hotel onde vamos nos acomodar (isto, bem entendido, a nível de Brasil), até porque a editora e a revista para as quais ele trabalha e escreve, tem convênio de estada em todas as capitais e os preços das corridas, como ainda das diárias de permanências são bem abaixo do que pagaríamos, por exemplo, se fôssemos pernoitar num outro luxuoso, como o Premier, o Luzeiros ou o Blue Tree Towers (claro, me referindo a cidade de São Luiz, aqui no Maranhão).
São Luiz é o berço de grandes
personalidades conhecidas internacionalmente. Eis algumas aqui da terra do
ilustre poeta e escritor José Ribamar Ferreira, ou ‘Ferreira Gullar’. Além dele
temos Coelho Neto, Aluísio Azevedo, Gonçalves Dias, Graça Aranha, Viriato
Correia e Josué Montello. Também nasceram aqui, Catulo da Paixão Cearense, o
cantor Cláudio Fontana, a Alcione, o Zeca Baleiro, e o Nonato Buzar, entre
outros.
Aqui em São Luiz, Aparecido veio entrevistar (enquanto fazia um ensaio fotográfico para uma publicação internacional), a capixaba Graciele Lacerda. Para quem não sabe, Graciele Lacerda é a atual ‘noiva’ do sertanejo Zezé Di Camargo. A ‘famosa’ chegou ao local da entrevista com mais de quarenta minutos de atraso, usando um shortinho jeans preto bastante curtinho.
Se olhada com mais acuidade,
para as curvas perfeitas da musa, daria para qualquer fotógrafo metido a
paparazzo de plantão, enxergar nos olhos dela, o brilhantismo inoxidável da
nova cobertura duplex adquirida pelos pombinhos, de frente para o mar
afrodisíaco de Itapema, ou mais precisamente no edifício Abu Dhabi, em Santa
Catarina.
Apesar do sorriso encantador,
e de se gabar de ter duas faculdades -, jornalismo e educação física -, as
respostas às perguntas formuladas pelos ‘colegas’ que participavam do evento me
pareceram truncadas, vazias e sem sentido lógico.
Eu diria, ainda, sem um
objetivo definido. A beldade fez questão de mencionar que possui um número
bastante elevado de seguidores e as suas falas, nas entrevistas, vídeos e nas
lifes ou lives (lifes e lives são a mesma porcaria, significam’ Vidas’, em
inglês), tem deixado os fãs boquiabertos e impressionados.
Teve um caso, no Rio de
Janeiro, semana passada, de um fã apaixonado por ela, que engoliu a dentadura,
quando a viu, de fio dental, desfilando pelo calçadão da Avenida Atlântica, na
praia de Copacabana. Ok. Pelo sim, pelo não, este volume de internautas,
segundo ela, é consequência do trabalho que faz.
O que é mesmo que ela faz?!
Ah, é ‘influencer’, ou aportuguesadamente’ traduzido para os Manés, filhos da
terra, ‘influenciadora’. Particularmente, como mera secretária, observadora e
‘escrevinhadora’, tenho em conta que a moça só fez algum sucesso quando foi
dançarina da Banda capixaba, Dallas Company, nos idos de 2013.
De resto, amigas, a criatura é
vazia de ideias e conversas. Cá entre nós, pé de ouvido, está fazendo fama e
fortuna à custa de um astro da música popular brasileira, o Zezé. De roldão,
acredito que este número bastante expressivo de imbecilizados que veem nela uma
deusa intergaláctica (ou intergaláctica), dos tempos modernos, se dê, ao fato,
da contribuição robotizada dos malucos que comem, dormem e respiram vinte e
quatro horas, as podridões das redes sociais.
Temos, de norte a sul deste
país de tresloucado, meninas, verdadeiras flores em botão, prontas para serem
colhidas, jovens formadas em jornalismo, em filosofia, em medicina, em educação
física... Digo até, mais bem apessoadas que ela, Graciele e, no entanto, não
conseguem sequer chegar às escadas que acessam às portas de ao menos,
‘aparecerem’ um tantinho assim na mídia.
Por que será, caríssimas amigas e leitoras? Se souberem, por favor, me respondam. Enquanto vocês não se manifestam, vamos terminar nosso bate papo de hoje, falando de coisas bonitas, de coisas que fazem bem a vida e a alma. Trouxe para as nossas despedidas, a poesia encantadora e cativante de Gonçalves Dias, ‘Canção do Exílio’, na voz inconfundível do inimitável Cid Moreira:
Pelo menos, esqueceremos, por
alguns momentos, que seja, as inconsequências do Coronavírus.
Título e Texto: Carina Bratt, de São Luiz, no Maranhão, 13-12-2020
Anteriores:Duelos reversos
Encantos de sonhos não enterrados
Ainda agora, à espera de um BIS
O que sabemos sobre o nosso Hino Nacional?! - Parte três - Final
O que sabemos sobre o nosso Hino Nacional?! – Parte dois
O que sabemos sobre o nosso Hino Nacional?!
Vamos largar da Nomofobia sem ficarmos ‘largadas e peladas?’
A Nomofobia
Parabéns querida, mas uma vez você arrasou com uma crônica, tão esclarecedora, realmente as pessoas não estão entendendo e nem aceitando a nova situação mundial, que essa pandemia veio para tirar muitas pessoas, que conhecemos, amamos e mesmo assim não está muito claro pra muitos. Josiane N Silva
ResponderExcluir????
Excluir