Atraso na divulgação de informações contribuiu para acentuar incertezas em torno do produto chinês
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João Doria, Governador de São Paulo, foto: Divulgação/Governo de S. Paulo |
Para relembrar o leitor dos
últimos acontecimentos envolvendo o imunizante chinês, na
quarta-feira, 7, o governo de São Paulo e o Instituto Butantan divulgaram dados
parciais sobre o estudo de fase 3 da CoronaVac: 78% de prevenção de
casos leves (que necessitam de algum auxílio médico), mas a eficácia, que
engloba também aqueles que não precisaram de assistência, mas que foram
infectados, não foi divulgada.
A falta de transparência na publicação completa dos dados chamou a atenção de especialistas, que questionaram os números apresentados. Quando a Anvisa cobrou mais dados do Butantan para analisar o pedido de uso emergencial da vacina feito no último dia 8, foi acusada de fazer uso político da agência reguladora, já que a vacina chinesa é grande aposta de Doria contra o presidente Jair Bolsonaro.
A notícia de hoje de que a eficácia
geral da CoronaVac ficou em 50,38% repercutiu mal. Após três adiamentos para
divulgação dos dados, a impressão que dá é que o governo do Estado já sabia da
baixa eficácia da vacina e estava represando informações, ou pior, tentando
esconder dados. “Uma vacina que não funciona não é culpa nem de quem a
desenvolveu nem de quem fez os testes. É uma realidade científica que não vai
ser mudada por qualquer discurso político”, escreveu o biólogo Fernando Reinach
em sua coluna para o jornal O Estado de S.Paulo.
Durante a coletiva, especialistas defenderam os resultados de eficácia da CoronaVac, mas o estrago já estava feito. Não adianta buscar explicações científicas quando foi instalada uma verdadeira crise de confiança — o atraso na ampla divulgação de informações e as falhas da equipe de comunicação do governo estadual contribuíram para acentuar incertezas em torno do produto chinês. Na ânsia de assumir a paternidade da primeira vacina a ser aplicada no Brasil, Doria atropelou o rigor científico que tanto propaga, para se afundar em controvérsias que confundiram especialistas e a população. Para piorar, ainda conseguiu abalar a credibilidade do Butantan, uma instituição com 119 anos de tradição em pesquisas científicas e biológicas. O problema não é em si a eficácia de 50,38%, fato que pode ser discutido entre especialistas, mas a volta toda que foi feita para divulgar esse resultado.
Título e Texto: revista Oeste, 12-1-2021, 18h01
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Pelo slide onde mostram o número de voluntários em cada grupo e o número dos que se infectaram em cada grupo, a eficácia é de 49,69%. Não sei de onde inventaram esse número de 50,38% que todos estão publicando.
ResponderExcluirCONFORME BEM SE ENTENDE NO GRÁFICO POSTADO ACIMA:
ResponderExcluirE os 50,38% Esse número é calculado com os 252 casos de pessoas que adoeceram dos dois grupos (o placebo e o vacinado), com qualquer gravidade da doença, na qual a proteção foi de 50,38%. "É um cálculo estatístico no qual se concluiu que temos uma proteção de 50%, ou seja, temos 50,38% menos risco de adoecer e, mesmo que adoeçamos, temos 100% de eficácia para não adoecer gravemente, não precisar internar, não precisar de uma UTI e também não vai morrer".... - Veja mais em https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/01/12/5038-78-100-o-que-significa-cada-percentual-da-coronavac.htm?cmpid=copiaecola