Aparecido Raimundo de Souza
Estas
narrativas costumam trazer alguns pontos comuns, como a anunciação do
nascimento por algum sonho ou entidade mística, profecias sobre o futuro da
criança e atos extraordinários desse personagem na juventude. O que, mesmo que
não descartemos a possibilidade da existência de feitos inexplicáveis, ou
acontecimentos sobrenaturais, somente isto não deixa de propagar uma enorme
sombra de dúvidas sobre as Narrativas de infância que aparecem nos Evangelhos
de Lucas e Mateus e mesmo nos Apócrifos.
O problema
mais óbvio, neste caso é: se nenhum dos homens que atuaram nos primeiros anos
da Igreja estava junto com José e Maria, desde a concepção de Jesus, quem teria
narrado a sua infância aos Evangelistas? Sabemos de cor e salteado, que Maria
ainda vivia enquanto se formava a Igreja Primitiva. Por isso, e por ser a
figura ideal para contar histórias sobre o nascimento de Jesus, Maria foi
eleita por alguns pesquisadores como a fonte das Narrativas da sua infância.
Todavia,
devemos ter em mente, existir muita confusão nos dados, como no episódio da
purificação dela, no Templo, após o nascimento de Jesus. A maioria dos doutores
modernos que se dedicam a pesquisar sobre Ele, assume que as tradições que
foram compiladas das Narrativas da Infância são diferentes daquelas que trazem,
à luz, o ministério público do nosso mais ilustre personagem. O que isto quer
dizer? Para as primeiras, não houve testemunhas oculares para corroborar, passo
a passo da vida pública do Nazareno.
Por
segundo, um sem-número de inexatidões históricas, discordâncias e divergências,
contradições e incompatibilidades, lendas e profecias cercam o nascimento do
Filho de Deus. As narrativas dos tempos do menino Jesus —, segundo J. M. Coetzee, reúnem
pouquíssimas informações e, muitas vezes, ‘são absurdamente incoerentes e
desinteligentes’. Fustigam, como algo ao fogo, os pontos de harmonia e
conciliação entre ambos que têm algum valor histórico. Sobre o ano do
nascimento Dele, por exemplo, há consenso entre alguns historiadores, como A
Busca do Jesus Histórico, de Albert Schweitzer e Quem é Jesus Cristo, de
Greg Gilbert.
Os dois autores acima batem ferrenhamente na tecla de que ‘Ele não nasceu no ano Zero da Era Cristã, mas sim entre seis e oito a.C’. A confusão seria resultado de ‘um erro grosseiro de calendário romano. Naquele período, toda a Palestina se encontrava sob o jugo e domínio do Império Romano, os grandes dominadores do mundo de então’. Leonardo Boff sustenta em Jesus Cristo Libertador, que ‘Tibério César, então imperador, e Herodes, o Grande, governava a Judeia, onde se encontrava a cidade de Belém...’.
E emenda:
‘José e Maria, porém, viviam em Nazaré, na Galileia. Os evangelhos narram que,
às vésperas do nascimento de Jesus, o governador da Síria, Sulpício Quirino,
ordenou o recenseamento, que se levava à terno de quatorze em quatorze anos, na
Palestina. Como José era natural de Belém, deveria viajar para lá e obedecer às
ordens expressas do Império’. A partir deste ponto começam os atropelos e as
barafundas, tipo, por que Roma não deixaria o censo a cargo de Herodes?
Se
levarmos em consideração, a esta altura, o velho e carcomido Herodes, não ia
além de um louco rebelde praticamente com os pés na cova. Por assim, é
perfeitamente aceitável que a tarefa fosse passada à outro. Ou porque Herodes
estava pra lá de Bagdá, ou no pior dos quadros, ensandecido e, em vias de ir
pro beleléu... Ou por que, sem eira nem beira, se encontrava, de fato,
transformado num esquisito e putrefato cadáver.
Surge,
pois, aqui um outro questionamento: quem era o governador da Síria entre seis e
oito a.C?. O livro The historical Jesus: A Comprehensive Guide de Annette Merz
e Gerd TheiBem, esclarecem que o ‘governador da Síria se chamava Varo, e não
Cirino, que, por sua vez, teria assumido somente em seis d.C, ou dez anos após
o óbito de Herodes. Portanto, os dados evangélicos não são nada precisos. As
informações podem ter sido mudadas ao longo do tempo, de propósito, por
escritores cristãos, como ser apenas e
inocentemente equivocadas’.
Neste
patamar, os renomados Gunther Bornkamm e Hamilton Castro da Silva professaram
que ‘os evangelhos foram escritos segundo um estilo literário conhecido como
(midrash), em que o escritor tenta aproximar seu protagonista de conhecidas e
reconhecidas figuras históricas. E, de fato, o outro vai na aba: “Apenas Lucas e Mateus, verdadeiramente,
narram o nascimento’. Entre tapas e beijos, mordidas e assopros, poucos
acreditam, que Jesus tenha mesmo nascido em Belém.
O mais
provável é que quem escreveu os Evangelhos, tenha estabelecido, de fato, em
seus textos, para tentar aproximar a figura de Jesus Cristo à do rei Davi, cuja
casa, não outra, senão Belém. O que põe na berlinda, igualmente, a descendência
real de Maria. O profeta Miquéias, em 400 a.C, afirmava que ‘o Messias, o filho
de Davi, nascera em Belém, na Judeia’. O dia exato do nascimento de Jesus
continua sendo, para o mundo inteiro, um mistério trancado a sete chaves, ou
impossível de ser definido.
O que
sabemos é que a Igreja, no ano de 525, estabeleceu, o dia 25 de dezembro como
nascimento do Enviado. Com isso, a data mais importante do calendário cristão
coincide com o período das festas pagãs de Roma (e de outras denominações das
regiões da Europa). Entre os dias 21 e 25 de dezembro, acontece o solstício de
inverno naquele continente, quando o sol se encontra no ponto mais distante do
Hemisfério Norte e se inicia a sua reaproximação da Terra.
Segundo
Justo Gonzalez em seu Quando Cristo vive em nós, ‘acontecia quando eles
esperavam pelo ‘regresso do sol’, celebrando a chegada da ‘luz do mundo’. Nada
mais adequado para a data profundamente significativa do cristianismo’’. Uma
dúvida: se Jesus nasceu em uma manjedoura, no pátio de uma hospedaria em Belém,
conforme podemos ler em Lucas, ou em uma gruta nas proximidades da cidade, como
em uma choupana em Nazaré, é impossível precisar. Os amados leiitores
concordam?!
A questão
da concepção virginal é um outro hiato que aflige alguns historiadores. Outros,
dependendo das suas orientações teológicas e filosóficas, ignoram a questão do
nascimento de Jesus de uma Maria intocada. É certo que uma virgem engravidar é
algo fora de série e todos nós, seres racionais sabemos que as pessoas
acreditam que Jesus se fazia pleno de feitos inimagináveis. Se estes prodígios
aconteceram ou não, é outra conversa.
Na
verdade, nem é trabalho de escritores ou pesquisadores, descobrir se existem ou
não milagres. Portanto, senhoras e senhores, o que temos de concreto e certo é
que muito pouco se investigou sobre esta questão, porque no fundo, na prática,
qualquer pesquisa seria infrutífera e decepcionante. O mais prático, seria
descobrir se Maria havia sido infiel à José e engravidado de outro homem. Vale
a pena ressaltarmos que a virgindade de Maria é encarada pela igreja Católica
como um dogma.
Embora
quase não se fale nisso, estudos recentes sugerem que Maria tenha sido infiel.
Gostava de pular a cerca. Alguns pesquisadores sérios buscam explicações
plausíveis para esta realidade. Tais afirmações, vieram oriundadas do relato de
um autor pagão conhecido como Celso que, no século dois, disse ter ouvido de um
tal judeu que Jesus, seria filho de um soldado chamado Panthera, com quem Maria
colocara um belo par de chifres à cabeça do carpinteiro José.
Pelo sim,
pelo não, abandonada pelo cornudo, ela dera luz sozinha e em segredo. Jesus,
por conta, passou uma parte da sua vida no Egito, trabalhando como mágico e
operário. Dizem foi um dos mais fabulosos ilusionistas do planeta. Seus feitos mais espetaculosos,
certamente o de andar por cima d’água e transformar água em vinho. Segundo
Euclides Vilela, em seu livro O Código deu vinte, ‘depois de algum tempo
vivendo como homem comum e ter se casado com Maria Madalena e concebido uma
filha, resolveu reivindicar, para si, o título de Deus’.
Outros
buscam sinais nos textos bíblicos, como Max Lucado e Jeremiah Burroughs
(respectivamente nos livros Por isso o chamam Salvador e Cristo é tudo em
todos), citando Marcos, ‘quando ele narra a volta de Jesus de Nazaré para
pregar. A passagem ‘Não é este o carpinteiro, filho de Maria’ —, para alguns, é
significativa. Sugere a ilegitimidade Dele. Mais comum e fácil seria dizer que
aquele era o filho de José’. De uma forma ou de outra, a maioria dos escritores
não encontra dados suficientes para afirmar que Jesus era filho ilegítimo de
Maria.
Debates
sobre esta questão só aparecem depois do século dois. Isso demonstra que
dificilmente alguma polêmica existiu entre judeus e cristãos durante o
ministério de Jesus, ou mesmo nos primeiros anos da igreja. É mais provável que
tenha sido uma reação irônica aos textos evangélicos, quando estes começaram a
se tornar populares. Pois bem! Terminando nosso texto, no livro Tiago, Irmão de
Jesus, Pierre-Antoine Bernheim deixa claro, ou pelo menos tenta que, ‘pelos
seus cálculos e de estudiosos, as probabilidades são de que entre oitenta mil habitantes
da cidade daquela época, cerca de vinte poderiam apresentar as mesmas
combinações de nomes e parentescos’.
E
arremata: ‘Além disso, no tempo de Jesus da Palestina, as pessoas eram chamadas
de irmãos até por pertencerem a um mesmo clã. Nas línguas semíticas, como o
aramaico, hebraico, arcádio e egípcio, não havia termo exato para designar
primos. Desta forma, Tiago e Jesus poderiam ser primos ou, ainda, irmãos por
parte do pai. Para completar, o ponto fundamental da doutrina religiosa da
Igreja Católica, acredita ela, que ‘Maria foi virgem sempre’’.
O que
entendemos do texto de Bernheim se resume no seguinte: Tiago é considerado
primo de Jesus, filho de uma irmã de Maria, a Maria de Cleofãs. Para ela, os
protestantes Maria e José viviam como um casal normal para os padrões daquele
época e poderiam ter tido mais filhos. Para eles, Tiago pode ter sido irmão de
Jesus. Em resumo, nada disso em dias atuais, importa. O que faz toda a
diferença, caríssimos amigos e leitores, é que JESUS CRISTO É O NOSSO SALVADOR
INCONDICIONAL. O RESTO, É LITERATURA.
BOAS
FESTAS E UM ÓTIMO 2021 COM MUITA LUZ E PAZ PARA TODOS OS MEUS LEITORES E
AMIGOS.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Vila Velha, Espírito Santo, 1-1-2021
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A garota do trem
Sou ateu, mas não discuto sobre Jesus Cristo, se nasceu, se viveu ou se morreu.
ResponderExcluirLendo o Gênesis, que a Record faz uma megaprodução mentirosa, vemos na parte de genealogia que Jesus Cristo descende de cerca de 6000 a 7000 anos passados mais ou menos os anos judaicos.
Jericó é uma cidade com mais de 10000 anos.
Então já tínhamos civilizações muito antes de ADÃO E EVA.
Lucas enfileira 56 nomes, retrocedendo até Adão, em vez de 42 em Mateus.
Heli aparece como pai de José, em vez de Jacó (Como diz Mateus).
Há 7 diferenças antepassados imediatos de Zorobabel (Lucas 3:26-27).
Neri em vez de Jeconias, aparece como pai de Salatiel (Lucas 3:27).
A descendência de Jesus passa por Natã (Lucas 3:31), em vez de faze-lo por Salomão, como diz Mateus.
Lucas faz retroceder a genealogia até Adão, passando por Abraão, ao passo que Mateus retrocede apenas até Abraão.
Assim todas as gerações desde Abraão até Davi são catorze gerações; também desde David até o exílio em Babilônia, catorze gerações; e desde o exílio em Babilônia até o Cristo, catorze gerações.
O período pode ser menor já que naquela época era comum o LEVIRATO.
A história verdadeira jamais será conhecida.
De acordo com TALMUD, JESUS era filho de uma prostituta com um soldado romano, Yosef ben-Pandera.
Acredito mais nas fábulas de ESOPO.
Cidade mais antigas que Jesus:
Jericó
Damasco
Biblos
Allepo
Ainda há várias contemporâneas.
Adão e Eva é a historia de uma dinastia entre várias existentes na época.
FÉ É UM ARGUMENTO QUE NÃO POSSO NEGAR PARA QUEM A TEM.
SIMPLES:
Eu não tenho.
Prefiro respeitar a fe, a crenca alheia, feliz 2021
ResponderExcluirJAMAIS DESRESPEITO A FÉ ALHEIA, SÓ MOSTRO FATOS PUBLICADOS QUE NÃO SÃO LIDOS POR HIPÓCRITAS.
ExcluirEm relaçao a fé,eu só tenho uma queixa.
ResponderExcluirPorque o divino , o todo poderoso -que tudo pode-não me deu uma?
Eu queria tanto!
Será que não mereço?
O que fiz de errado, para merecer este castigo vindo de um ser tão magnanimo e pai de todos ,e não mereci ser perdoado ,e "premiado" com uma fé?
Ou vai acima dos poderes do mesmo?