sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

[Aparecido rasga o verbo] O Mártir do Gólgota

Aparecido Raimundo de Souza

FINAL DE ANO, COMEÇO DE OUTRO, nada melhor que falarmos um pouco de um Grande Homem, Jesus Cristo, uma vez que o Natal e o Ano Novo trazem profundas ligações com seu nascimento, morte e ressurreição. Todos as senhoras e os senhores devem saber que existe uma tradição no Antigo Testamento de narrar o surgimento de heróis bíblicos. Foi assim com Sansão, Samuel, Davi, Jacó, Isaac, os Doze Patriarcas e, principalmente, Moisés.

Estas narrativas costumam trazer alguns pontos comuns, como a anunciação do nascimento por algum sonho ou entidade mística, profecias sobre o futuro da criança e atos extraordinários desse personagem na juventude. O que, mesmo que não descartemos a possibilidade da existência de feitos inexplicáveis, ou acontecimentos sobrenaturais, somente isto não deixa de propagar uma enorme sombra de dúvidas sobre as Narrativas de infância que aparecem nos Evangelhos de Lucas e Mateus e mesmo nos Apócrifos.

O problema mais óbvio, neste caso é: se nenhum dos homens que atuaram nos primeiros anos da Igreja estava junto com José e Maria, desde a concepção de Jesus, quem teria narrado a sua infância aos Evangelistas? Sabemos de cor e salteado, que Maria ainda vivia enquanto se formava a Igreja Primitiva. Por isso, e por ser a figura ideal para contar histórias sobre o nascimento de Jesus, Maria foi eleita por alguns pesquisadores como a fonte das Narrativas da sua infância.

Todavia, devemos ter em mente, existir muita confusão nos dados, como no episódio da purificação dela, no Templo, após o nascimento de Jesus. A maioria dos doutores modernos que se dedicam a pesquisar sobre Ele, assume que as tradições que foram compiladas das Narrativas da Infância são diferentes daquelas que trazem, à luz, o ministério público do nosso mais ilustre personagem. O que isto quer dizer? Para as primeiras, não houve testemunhas oculares para corroborar, passo a passo da vida pública do Nazareno.

Por segundo, um sem-número de inexatidões históricas, discordâncias e divergências, contradições e incompatibilidades, lendas e profecias cercam o nascimento do Filho de Deus. As narrativas dos tempos do menino Jesus , segundo J. M. Coetzee, reúnem pouquíssimas informações e, muitas vezes, ‘são absurdamente incoerentes e desinteligentes’. Fustigam, como algo ao fogo, os pontos de harmonia e conciliação entre ambos que têm algum valor histórico. Sobre o ano do nascimento Dele, por exemplo, há consenso entre alguns historiadores, como A Busca do Jesus Histórico, de Albert Schweitzer e Quem é Jesus Cristo, de Greg Gilbert.

Os dois autores acima batem ferrenhamente na tecla de que ‘Ele não nasceu no ano Zero da Era Cristã, mas sim entre seis e oito a.C’. A confusão seria resultado de ‘um erro grosseiro de calendário romano. Naquele período, toda a Palestina se encontrava sob o jugo e domínio do Império Romano, os grandes dominadores do mundo de então’. Leonardo Boff sustenta em Jesus Cristo Libertador, que ‘Tibério César, então imperador, e Herodes, o Grande, governava a Judeia, onde se encontrava a cidade de Belém...’.

E emenda: ‘José e Maria, porém, viviam em Nazaré, na Galileia. Os evangelhos narram que, às vésperas do nascimento de Jesus, o governador da Síria, Sulpício Quirino, ordenou o recenseamento, que se levava à terno de quatorze em quatorze anos, na Palestina. Como José era natural de Belém, deveria viajar para lá e obedecer às ordens expressas do Império’. A partir deste ponto começam os atropelos e as barafundas, tipo, por que Roma não deixaria o censo a cargo de Herodes?

Se levarmos em consideração, a esta altura, o velho e carcomido Herodes, não ia além de um louco rebelde praticamente com os pés na cova. Por assim, é perfeitamente aceitável que a tarefa fosse passada à outro. Ou porque Herodes estava pra lá de Bagdá, ou no pior dos quadros, ensandecido e, em vias de ir pro beleléu... Ou por que, sem eira nem beira, se encontrava, de fato, transformado num esquisito e putrefato cadáver.

Surge, pois, aqui um outro questionamento: quem era o governador da Síria entre seis e oito a.C?. O livro The historical Jesus: A Comprehensive Guide de Annette Merz e Gerd TheiBem, esclarecem que o ‘governador da Síria se chamava Varo, e não Cirino, que, por sua vez, teria assumido somente em seis d.C, ou dez anos após o óbito de Herodes. Portanto, os dados evangélicos não são nada precisos. As informações podem ter sido mudadas ao longo do tempo, de propósito, por escritores cristãos, como  ser apenas e inocentemente equivocadas’.

Neste patamar, os renomados Gunther Bornkamm e Hamilton Castro da Silva professaram que ‘os evangelhos foram escritos segundo um estilo literário conhecido como (midrash), em que o escritor tenta aproximar seu protagonista de conhecidas e reconhecidas figuras históricas. E, de fato, o outro vai na aba:  “Apenas Lucas e Mateus, verdadeiramente, narram o nascimento’. Entre tapas e beijos, mordidas e assopros, poucos acreditam, que Jesus tenha mesmo nascido em Belém.

O mais provável é que quem escreveu os Evangelhos, tenha estabelecido, de fato, em seus textos, para tentar aproximar a figura de Jesus Cristo à do rei Davi, cuja casa, não outra, senão Belém. O que põe na berlinda, igualmente, a descendência real de Maria. O profeta Miquéias, em 400 a.C, afirmava que ‘o Messias, o filho de Davi, nascera em Belém, na Judeia’. O dia exato do nascimento de Jesus continua sendo, para o mundo inteiro, um mistério trancado a sete chaves, ou impossível de ser definido.

O que sabemos é que a Igreja, no ano de 525, estabeleceu, o dia 25 de dezembro como nascimento do Enviado. Com isso, a data mais importante do calendário cristão coincide com o período das festas pagãs de Roma (e de outras denominações das regiões da Europa). Entre os dias 21 e 25 de dezembro, acontece o solstício de inverno naquele continente, quando o sol se encontra no ponto mais distante do Hemisfério Norte e se inicia a sua reaproximação da Terra.

Segundo Justo Gonzalez em seu Quando Cristo vive em nós, ‘acontecia quando eles esperavam pelo ‘regresso do sol’, celebrando a chegada da ‘luz do mundo’. Nada mais adequado para a data profundamente significativa do cristianismo’’. Uma dúvida: se Jesus nasceu em uma manjedoura, no pátio de uma hospedaria em Belém, conforme podemos ler em Lucas, ou em uma gruta nas proximidades da cidade, como em uma choupana em Nazaré, é impossível precisar. Os amados leiitores concordam?!

A questão da concepção virginal é um outro hiato que aflige alguns historiadores. Outros, dependendo das suas orientações teológicas e filosóficas, ignoram a questão do nascimento de Jesus de uma Maria intocada. É certo que uma virgem engravidar é algo fora de série e todos nós, seres racionais sabemos que as pessoas acreditam que Jesus se fazia pleno de feitos inimagináveis. Se estes prodígios aconteceram ou não, é outra conversa.

Na verdade, nem é trabalho de escritores ou pesquisadores, descobrir se existem ou não milagres. Portanto, senhoras e senhores, o que temos de concreto e certo é que muito pouco se investigou sobre esta questão, porque no fundo, na prática, qualquer pesquisa seria infrutífera e decepcionante. O mais prático, seria descobrir se Maria havia sido infiel à José e engravidado de outro homem. Vale a pena ressaltarmos que a virgindade de Maria é encarada pela igreja Católica como um dogma.

Embora quase não se fale nisso, estudos recentes sugerem que Maria tenha sido infiel. Gostava de pular a cerca. Alguns pesquisadores sérios buscam explicações plausíveis para esta realidade. Tais afirmações, vieram oriundadas do relato de um autor pagão conhecido como Celso que, no século dois, disse ter ouvido de um tal judeu que Jesus, seria filho de um soldado chamado Panthera, com quem Maria colocara um belo par de chifres à cabeça do carpinteiro José.

Pelo sim, pelo não, abandonada pelo cornudo, ela dera luz sozinha e em segredo. Jesus, por conta, passou uma parte da sua vida no Egito, trabalhando como mágico e operário. Dizem foi um dos mais fabulosos ilusionistas  do planeta. Seus feitos mais espetaculosos, certamente o de andar por cima d’água e transformar água em vinho. Segundo Euclides Vilela, em seu livro O Código deu vinte, ‘depois de algum tempo vivendo como homem comum e ter se casado com Maria Madalena e concebido uma filha, resolveu reivindicar, para si, o título de Deus’.

Outros buscam sinais nos textos bíblicos, como Max Lucado e Jeremiah Burroughs (respectivamente nos livros Por isso o chamam Salvador e Cristo é tudo em todos), citando Marcos, ‘quando ele narra a volta de Jesus de Nazaré para pregar. A passagem ‘Não é este o carpinteiro, filho de Maria’ —, para alguns, é significativa. Sugere a ilegitimidade Dele. Mais comum e fácil seria dizer que aquele era o filho de José’. De uma forma ou de outra, a maioria dos escritores não encontra dados suficientes para afirmar que Jesus era filho ilegítimo de Maria.

Debates sobre esta questão só aparecem depois do século dois. Isso demonstra que dificilmente alguma polêmica existiu entre judeus e cristãos durante o ministério de Jesus, ou mesmo nos primeiros anos da igreja. É mais provável que tenha sido uma reação irônica aos textos evangélicos, quando estes começaram a se tornar populares. Pois bem! Terminando nosso texto, no livro Tiago, Irmão de Jesus, Pierre-Antoine Bernheim deixa claro, ou pelo menos tenta que, ‘pelos seus cálculos e de estudiosos, as probabilidades são de que entre oitenta mil habitantes da cidade daquela época, cerca de vinte poderiam apresentar as mesmas combinações de nomes e parentescos’.

E arremata: ‘Além disso, no tempo de Jesus da Palestina, as pessoas eram chamadas de irmãos até por pertencerem a um mesmo clã. Nas línguas semíticas, como o aramaico, hebraico, arcádio e egípcio, não havia termo exato para designar primos. Desta forma, Tiago e Jesus poderiam ser primos ou, ainda, irmãos por parte do pai. Para completar, o ponto fundamental da doutrina religiosa da Igreja Católica, acredita ela, que ‘Maria foi virgem sempre’’.

O que entendemos do texto de Bernheim se resume no seguinte: Tiago é considerado primo de Jesus, filho de uma irmã de Maria, a Maria de Cleofãs. Para ela, os protestantes Maria e José viviam como um casal normal para os padrões daquele época e poderiam ter tido mais filhos. Para eles, Tiago pode ter sido irmão de Jesus. Em resumo, nada disso em dias atuais, importa. O que faz toda a diferença, caríssimos amigos e leitores, é que JESUS CRISTO É O NOSSO SALVADOR INCONDICIONAL. O RESTO, É LITERATURA.

BOAS FESTAS E UM ÓTIMO 2021 COM MUITA LUZ E PAZ PARA TODOS OS MEUS LEITORES E AMIGOS.

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Vila Velha, Espírito Santo, 1-1-2021

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4 comentários:

  1. Sou ateu, mas não discuto sobre Jesus Cristo, se nasceu, se viveu ou se morreu.
    Lendo o Gênesis, que a Record faz uma megaprodução mentirosa, vemos na parte de genealogia que Jesus Cristo descende de cerca de 6000 a 7000 anos passados mais ou menos os anos judaicos.
    Jericó é uma cidade com mais de 10000 anos.
    Então já tínhamos civilizações muito antes de ADÃO E EVA.
    Lucas enfileira 56 nomes, retrocedendo até Adão, em vez de 42 em Mateus.
    Heli aparece como pai de José, em vez de Jacó (Como diz Mateus).
    Há 7 diferenças antepassados imediatos de Zorobabel (Lucas 3:26-27).
    Neri em vez de Jeconias, aparece como pai de Salatiel (Lucas 3:27).
    A descendência de Jesus passa por Natã (Lucas 3:31), em vez de faze-lo por Salomão, como diz Mateus.
    Lucas faz retroceder a genealogia até Adão, passando por Abraão, ao passo que Mateus retrocede apenas até Abraão.
    Assim todas as gerações desde Abraão até Davi são catorze gerações; também desde David até o exílio em Babilônia, catorze gerações; e desde o exílio em Babilônia até o Cristo, catorze gerações.
    O período pode ser menor já que naquela época era comum o LEVIRATO.
    A história verdadeira jamais será conhecida.
    De acordo com TALMUD, JESUS era filho de uma prostituta com um soldado romano, Yosef ben-Pandera.
    Acredito mais nas fábulas de ESOPO.
    Cidade mais antigas que Jesus:
    Jericó
    Damasco
    Biblos
    Allepo
    Ainda há várias contemporâneas.
    Adão e Eva é a historia de uma dinastia entre várias existentes na época.
    FÉ É UM ARGUMENTO QUE NÃO POSSO NEGAR PARA QUEM A TEM.
    SIMPLES:
    Eu não tenho.

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  2. Prefiro respeitar a fe, a crenca alheia, feliz 2021

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    1. JAMAIS DESRESPEITO A FÉ ALHEIA, SÓ MOSTRO FATOS PUBLICADOS QUE NÃO SÃO LIDOS POR HIPÓCRITAS.

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  3. Em relaçao a fé,eu só tenho uma queixa.
    Porque o divino , o todo poderoso -que tudo pode-não me deu uma?
    Eu queria tanto!
    Será que não mereço?
    O que fiz de errado, para merecer este castigo vindo de um ser tão magnanimo e pai de todos ,e não mereci ser perdoado ,e "premiado" com uma fé?
    Ou vai acima dos poderes do mesmo?

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