Andrew Lobaczewski
Chamamos de egotismo a atitude, subconscientemente condicionada como uma regra, pela qual atribuímos valor excessivo aos nossos reflexos instintivos, às nossas imaginações e hábitos adquiridos desde muito cedo, e à nossa visão de mundo individual.
O egotismo atrasa a evolução
normal da personalidade, porque estimula a dominação da vida subconsciente e
torna difícil aceitar os estados desintegrativos que podem ser muito
proveitosos para o crescimento e desenvolvimento. Esse egotismo e a rejeição da
desintegração, por outro lado, favorecem o aparecimento de reações
para-apropriadas como descrito acima.
Um egotista mede as demais
pessoas pelos seus próprios parâmetros, tratando seus conceitos e modos
de experiência como critério objetivo. Ele gostaria de forçar as outras
pessoas a sentir e pensar exatamente do mesmo jeito que ele.
As nações egotistas têm um
objetivo subconsciente de ensinar ou forçar as demais nações a pensar dentro de
suas próprias categorias, o que faz com que sejam incapazes de entender as
outras pessoas e nações, ou de se tornarem familiares com os valores de suas
culturas.
A educação apropriada e a
autoeducação, desta forma, sempre ajudam a “de-egotizar” uma pessoa jovem ou
adulta e, com isso, abrem a porta para que a mente e o caráter se desenvolvam.
Os psicólogos práticos, apesar disso, acreditam comumente que uma certa medida
de egotismo é útil como um fator de estabilização da personalidade,
prevenindo-a de desintegrações neuróticas demasiadamente simplistas e, com
isso, tornando possível superar as dificuldades da vida.
Apesar disso, existem pessoas fora do comum, cujas personalidades são muito bem integradas, mesmo sendo quase totalmente desprovidas de egotismo; isso as permite entender os outros muito facilmente.
O tipo de egotismo excessivo
que atrasa o desenvolvimento dos valores humanos e leva a um julgamento
equivocado, e a aterrorizar os outros, merece muito bem o título de “rei das
falhas humanas”.
Dificuldades, disputas,
problemas sérios e reações neuróticas brotam em todos que estejam ao redor de
tal egotista, tais como cogumelos após a chuva. As nações egotistas começam a
gastar dinheiro e esforços para atingir seus objetivos derivados de seu
raciocínio errôneo e de suas reações exageradamente emocionais. Sua inabilidade
em reconhecer os valores e as diferenças de outras nações, derivadas de outras
tradições culturais, levam ao conflito e à guerra.
Nós podemos diferenciar dois
tipos de egotismo: o primário e o secundário. O primeiro vem de um processo
mais natural, a saber, o egotismo natural da criança e os erros em sua criação,
que tendem a perpetuar esse egotismo infantil.
O segundo ocorre quando uma
personalidade que superou seu egotismo infantil regressa a esse estado sob
pressão, o que leva a uma atitude artificial caracterizada por uma grande
agressão e nocividade social.
O egotismo excessivo é uma
propriedade constante da personalidade histérica, não importando se sua
histeria é primária ou secundária. É por isso que o aumento no egotismo das
nações deve ser atribuído, antes de mais nada, ao ciclo de histeria descrito
acima.
Se analisarmos o
desenvolvimento das personalidades excessivamente egotistas, nós sempre
encontraremos algumas causas não-patológicas, tais como ter crescido em um
ambiente com uma rotina exagerada e apertada ou ter sido criada por pessoas
menos inteligentes que a criança.
Contudo, a principal razão
para o desenvolvimento de uma personalidade exageradamente egotista em uma
pessoa normal é a contaminação, através da indução psicológica, por pessoas
excessivamente egotistas ou histéricas que, por si mesmas, desenvolveram esta
característica sob a influência de várias causas patológicas.
Muitas das anomalias genéticas
descritas anteriormente causam o desenvolvimento de personalidades
patologicamente egotistas, dentre outras coisas.
Muitas pessoas com várias
anomalias hereditárias e defeitos adquiridos desenvolvem um egotismo
patológico. Para tais pessoas, forçar outros ao seu redor, grupos sociais
completos e, se possível, nações inteiras a sentir e pensar como elas mesmas,
torna-se uma necessidade interna, um conceito dominante.
Um jogo, que uma pessoa normal
não levaria a sério, pode tornar-se um objetivo de vida para eles, objeto de
esforço, sacrifícios, e estratégia psicológica perspicaz.
O Egotismo patológico
deriva da repressão, do campo de consciência de uma pessoa, de quaisquer
associações autocríticas censuráveis que se refiram à normalidade ou à natureza
própria dessa pessoa. Questões dramáticas como “quem é anormal aqui? eu ou esse
mundo de pessoas que sentem e pensam de forma diferente?” são respondidas
desfavorecendo o mundo. Tal egotismo é sempre ligado a uma atitude dissimulada,
com uma máscara de Cleckley sobre alguma qualidade patológica que está sendo
escondida da consciência, tanto a sua própria como a das outras pessoas.
A maior intensidade de tal
egotismo pode ser encontrada na caracteropatia pré-frontal descrita
acima.
A importância da contribuição
desse tipo de egotismo para a gênese do mal, assim, dificilmente necessita
elaboração. Trata-se de uma influência social, principalmente, egotizando ou
traumatizando os outros que, por sua vez, causam dificuldades posteriores.
O egotismo patológico é um
componente constante de estados variados nos quais alguém que parece ser normal
(embora, de fato, não seja tanto assim) é direcionado por motivações ou que
batalha por objetivos que uma pessoa normal consideraria irreais ou improváveis.
A pessoa mediana pode
perguntar: “o que ele espera ganhar com isso?”. A opinião do ambiente, contudo,
frequentemente interpreta tal situação em concordância com o “senso comum” e é,
então, propensa a aceitar uma versão “mais provável” da situação e dos eventos.
Tal interpretação sempre resulta em tragédia humana.
Portanto, nós devemos sempre lembrar que o princípio da lei cui prodest torna-se ilusório todas as vezes que um fator patológico entra em cena.
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