segunda-feira, 26 de julho de 2021

Miseráveis, mas bem-educados

Veneramos simpaticamente os ladrões e incompetentes que nos desgovernam…

Pedro Caetano

Os Portugueses são economicamente miseráveis, mas gostam de ser muito bem-educados para quem os faz miseráveis. A maior parte dos povos do mundo tratam mal e mandam verbalmente a sítios poucos recomendáveis qualquer ladrão que os roube, ou incompetente que desperdice o seu dinheiro. Assim, nesses países há vergonha e fim de carreira política e pública para quem roube ou desperdice enormemente o erário público. 

No entanto, isso não acontece em Portugal. Os Portugueses, relembremos, são quem inventou um slogan único no mundo para, bem-educados, desculparem políticos que os roubam: o famoso “rouba mas faz”, que começou com Isaltino de Morais em Oeiras mas agora é aplicado a quase todo o regime dos políticos e seus protegidos de honra em Lisboa. 

Muitos dos nossos compatriotas não percebem que nos outros países os políticos e quem eles nomeiam ou apoiam para instituições públicas ou emblemáticas nacionais, se são bem pagos, têm é de fazer e não precisam nem devem roubar para fazer.

Uma multidão de Portugueses não percebe também que muitos dos nossos políticos e figuras públicas a eles associadas, do futebol à banca, além de potencialmente roubarem ainda por cima fazem muito poucochinho. Tão poucochinho que estamos economicamente estagnados há mais de vinte anos e cada vez mais em últimos da Europa.

Igualmente, o Benfica há quase sessenta anos que não é campeão europeu nem obtém nenhum outro título europeu. Nem já no futebol, apesar de termos excelentes jogadores, somos primeiros, de tal forma a cultura de lideranças sem ética nem mérito singrou na política e nas comissões de honra dos políticos a apodrecerem Portugal por todo o lado.

Notamos a forma educadíssima como as nossas televisões deram enorme tempo de antena ao advogado empinocado de Luís Filipe Vieira para este atacar interminavelmente heróis nacionais como Carlos Alexandre e Rosário Teixeira. Muitas prima-donas da nossa imprensa e do regime também lamentam que estes valentes procurador e juiz tenham sido tão mal-educados para com Vieira, com “métodos desagradáveis”.

Notamos sobretudo que  Michael O’Leary, o CEO da Ryanair, que tem propriedade e paga impostos em Portugal, deu uma conferência de imprensa onde chamou  Pinóquio e desenhou o famoso nariz de mentiroso na cara do ministro das infraestruturas Pedro Nuno Santos. Esta “falta de educação” vinda de um herói de sucesso da aviação internacional horrorizou vários jornalistas das rádios, televisões e jornais da nossa praça, que não negaram que o CEO da Ryanair tinha razão.

No entanto recomendaram que não ouvíssemos o muito que este CEO  tinha para nos ensinar sobre aviação e fazer dinheiro, pois “tinha sido muito mal-educado” para com o ministro que nada percebe de aviação e faz desaparecer milhares de milhões de euros dos nossos impostos. O’Leary é irlandês, logo não percebe que os portugueses prefiram ser pobres e ver os seus impostos a serem esbanjados, mas extremamente bem-educados para quem os rouba e/ou desbarata os seus impostos e dinheiros.

Na televisão tratam sempre muito educadamente e dão grande destaque e entrevistas polidas aos políticos, aos honrados pelos políticos e seus advogados.

Enquanto outros povos correm com os ladrões, os portugueses estendem-lhes tapetes vermelhos! Derretem-se em salamaleques e tiques de educação do século passado para com os políticos e seus amigos, apesar de estes lhes levarem o dinheiro e quotas todas a troco de nada e com nenhum resultado.

Em vez de preferirem quem lhes apresente resultados e faça o país progredir finalmente na Europa, os portugueses preferem incompetentes sem ética nas lideranças do governo e das instituições portuguesas, cuja incompetência e falta de ética faça emigrar os seus filhos e netos.
Acabamos e matamos lentamente Portugal, mas ao menos somos educados e veneramos simpaticamente os ladrões e incompetentes que nos desgovernam sem reclamarmos nem insultarmos!

Ora, Michael O’Leary tem todo o direito de ser mal-educado, e nós também. Qualquer pessoa e país saudável o seria. Afinal, temos sobre nós uma das maiores cargas fiscais da Europa, não só medida em impostos diretos sobre o rendimento, mas em impostos como aqueles que resultam em pagarmos a energia mais cara da Europa por poder de paridade de compra.

E o que obtemos em troca de pagar tantos impostos? Não temos autoestradas gratuitas como a maioria dos outros europeus. Para irmos a cidades do interior, como Portalegre, por exemplo, temos que pagar dezenas de euros em portagens.

Em contraste, o autor destas linhas ainda agora foi de Ahios Nikplaus a Hereklion, na ilha grega de Creta, de autoestrada, sem pagar um único cêntimo.

O ano passado também deu a volta ao Peloponeso, a maior península grega, de autoestrada sem pagar um único cêntimo. Todos sabemos que o mesmo se passa em Espanha e pela Europa quase toda.

Também não temos acesso ao serviço nacional de saúde fácil e generalizado como os outros europeus têm. Quarenta por cento dos residentes portugueses pagam até centenas de euros mensais para terem seguro de saúde privado para poderem ter acesso eficiente aos médicos.

Este autor vive em Inglaterra e tem sempre acesso fácil e rápido ao serviço nacional de saúde britânico, tal como a grande maioria dos outros residentes britânicos tem, por isso apenas 10% pagam seguro de saúde privado.

Em Portugal são 400% mais de cidadãos forçados a pagarem seguro de saúde apesar de pagarem mais impostos do que os britânicos.

Então para onde vai o dinheiro dos nossos impostos se não vai para pagar as infraestruturas básicas e saúde que os outros povos europeus têm de graça através dos impostos?

Segundo o CEO da Ryanair, os nossos impostos vão para o nosso governo para, por exemplo, o ministro das infraestruturas, Pedro Nuno Santos, “atirar para a retrete abaixo”. Isto porque o governo gasta em companhias cada vez mais irrelevantes para Portugal, como a TAP.

A TAP só voa para setenta aeroportos do mundo, enquanto a Ryanair voa de Portugal para 140 aeroportos, fazendo crescer o nosso turismo e economia, cada vez mais, no Porto, no Algarve, nas Ilhas e em Lisboa.

No entanto, segundo os jornalistas do nosso apodrecido regime, nem este eficientíssimo amigo da economia portuguesa pode ser mal-educado para com o ministro inimigo da nossa economia e das nossas infraestruturas.

Com muita educação e, sobretudo, muito tempo de antena na televisão para qualquer ladrão, vivemos assim num pântano cada vez mais podre e pobre desde que Guterres fugiu horrorizado e repugnado, deixando o país nas mãos de Sócrates e Costa à frente do PS, e Pedro Nuno Santos à frente da JS.

Se tivéssemos de apostar, apostaríamos que depois de Sócrates e depois do seu número 2, Costa, teremos o seu número 3, Pedro Nuno, também à frente de Portugal.

Sempre com muita educação, muita subserviência, muito medo, nenhuma questão dura e mal-educada na altura do esbanjamento de impostos (só depois dos factos). Continuaremos assim miseráveis, mas bem-educados.

Esta boa educação patológica e masoquista, única no mundo para com ladrões, sádicos políticos e seus amigos em comissões de honra por todo o lado, parece ser a estranha morte de uma nação.

Somos dominados por um grande conjunto de burros sempre à volta da nora da pobreza e a levarem chicotadas cada vez mais fortes de quem vive à custa dos impostos deles, sem nenhuma coragem, nem energia, para se rebelarem e se verem livres da albarda de serem o povo mais pobre e mais emigrado de toda a União Europeia.

Título e Texto: Pedro Caetano, o Diabo, nº 2324, 16-7-2021
Digitação: JP, 25-7-2021

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