quinta-feira, 22 de julho de 2021

[Viagens & Destinos] Évora Monte


Como que suspenso na vasta planície, o Castelo de Évora Monte coroa o alto de uma colina, dominando a paisagem envolvente, como se de um guardião se tratasse…

Perca-se por Évora Monte, uma vila com mais de sete séculos de história, um vasto património arquitetônico, monumental e paisagístico e símbolo do poder e ostentação da Casa de Bragança em Portugal. A atestá-lo estão os laços (ou nós) que abraçam o monumento e que simbolizam o lema bragantino, “Depois de Vós, Nós”.

A hospitalidade do povo Evoramontense sempre soube fazer jus a esta máxima, pelo que à sua espera encontrará certamente um sorriso e a vontade de que a sua estadia ou passagem por Évora Monte seja memorável.

Dominando a planície alentejana, no alto de uma colina com 481 metros de altitude, surge o Castelo de Evoramonte, povoação que se distinguiu na História de Portugal contemporâneo por ali ter sido assinada a Convenção que, em 26 de maio de 1834, restabeleceu a Paz em Portugal, após vários anos de sangrenta guerra civil entre liberais e absolutistas.

Acerca da sua fundação pouco se sabe. Provavelmente terá sido conquistada aos Mouros por D. Afonso Henriques, em 1166, mas não existem fontes seguras que o possam confirmar.

A primeira menção a Evoramonte surge no ano de 1248, quando D. Afonso III lhe concedeu Carta de Foral, posteriormente corroborada e ampliada em 1271, com o intuito de povoar a vila.

Em 1306, tendo como objetivo proteger a vila e os seus habitantes, D. Dinis manda construir as muralhas medievais, que ainda hoje subsistem e mantêm as suas quatros portas em arco de ogiva, da época da fundação.

D. Nuno Álvares Pereira recebe a vila por doação em 1385 e cede-a, em 1461, ao seu neto D. Fernando, tornando-a propriedade do Ducado de Bragança.

A 15 de dezembro de 1516 D. Manuel I concede à vila a Carta de Foral da Leitura Nova, confirmando o Termo Evoramontense.

Em fevereiro de 1531 a vila foi sacudida por um violento sismo que destruiu quase por completo as suas estruturas medievais.

Para afirmar o poder da Casa de Bragança na época, D. Jaime I e D. Teodósio I mandam reforçar as muralhas com baluartes cilíndricos e erguer a imponente Torre/Paço Ducal, logo após o terramoto.

A Torre é um exemplar único da arquitetura militar de transição, do manuelino final, sem antecedentes nem precedentes em Portugal, e que serviu essencialmente como residência de caça dos Duques de Bragança. A sua posição dominante e cénica, no meio da planície, cumpre na integra o propósito da sua construção: afirmar a Casa de Bragança como a segunda mais poderosa do Reino e dando sentido à máxima “Depois de Vós, Nós”, ou seja, depois do Rei, a Casa de Bragança. Esta particularidade está fortemente presente na conceção do edifício, através dos Nós que envolvem o mesmo e que se tratam de um símbolo da heráldica Bragantina, adotado pelos arquitetos responsáveis pela sua autoria, os irmãos Francisco e Diogo de Arruda.

A Convenção de Evoramonte foi assinada na casa de Joaquim António Sarmago Presidente da Câmara na altura, tendo confirmado a vitória dos liberais, seguidores de D. Pedro IV, sob os absolutistas, seguidores de D. Miguel. Esta guerra entre irmãos terminaria, assim, numa modesta casa da Rua Direita desta vila, na qual se reuniram os Duques de Terceira e Saldanha, pelos liberais, e o General Joaquim Azevedo e Lemos, chefe absolutista, assinando a Convenção, que resultou no exílio de D. Miguel para Áustria e no triunfo do Liberalismo em Portugal.

Evoramonte foi sede de concelho até 1855, altura em que passou a integrar o Concelho de Estremoz, situação que ainda hoje se mantém.

Texto: Câmara Municipal de Estremoz

Nota linguística: O nome oficial da freguesia, como consta na nomenclatura da Câmara de Estremoz e do INE, é Évora Monte.

São, porém, também muito comuns as grafias Évora-Monte e Evoramonte, que podem ser usadas sem qualquer prejuízo.

Já a grafia Évoramonte é menos correta, pois aglutinando os dois termos que a compõem num só, pela elisão do hífen, embora o «E» inicial seja aberto, o acento agudo não deve ser usado, já que a palavra é paroxítona.

Fotos: JP, LT, CF, junho de 2021

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