domingo, 3 de abril de 2022

[As danações de Carina] Pra não dizer que não falei do amor...

Carina Bratt 

‘Amar o amor, é como olhar para o mar infinito. A gente nunca vê onde ele termina’. 
Tatiana Gomes Neves (Tati)

O AMOR, AH, O AMOR! O que é o amor? Uma doença incurável, um incômodo irreparável, um analto, uma válvula de escape, uma porta que se abre às benesses de um coração apaixonado? A resposta tanto pode ser sim, como não. O amor, às vezes semeia ventos, noutros, tempestades intransponíveis. O amor cura feridas, acalma as desordens e os tumultos que nos perseguem no cotidiano. O amor nos faz perder completamente o tino, a cabeça, os pensamentos mais secretos, a praticidade daquilo que é ‘certo-e-errado’. Com isso, de repente, o errado passará a ser o certo e o certo, continuará inalterável.


O amor nos permite esquecer o agora, o já, o aqui e o depois. Nos incita a desprezar o futuro, a renegar o hoje, a ultrajar o ontem e a afrontar o que ainda nem sabemos, com certeza, se chegará a ser real em nossa vida. No amor não há prós e contras, nem sim nem não, nem agora ou talvez. No amor... no amor não há o elo de ligação, a aliança, ou o conchavo previamente ajustado que nos fará cruzar a ponte imensa sobre um rio de águas tempestuosas nos colocando longe dos perigos iminentes e mais cabeludos, lá do outro lado, se alguma coisa, durante a jornada da travessia em busca dele, por acaso sair errada. Por isso o amor é cego. Não usa óculos nem lentes de contato. 

No amor não há medo — como está posto em (l. João 4:18) — pelo contrário, ‘o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor’. O francês Honoré de Balzac, autor da famosa Comédia humana, ensinava que ‘o amor é um poema estritamente pessoal’. O poeta português, Luis de Camões, não ficou atrás, depois de dar vida e forma aos Lusíadas, descreveu essa paixão profunda, como ‘um fogo que arde sem se ver’. Vinícius de Moraes, por sua vez, eternizou esse afeto como ‘querer estar perto, se longe; e mais perto, se perto’. O amor, a bem da verdade, nos dá asas imensas para viagens longas em busca de sonhos nunca sonhados. 

O amor pode ser o pedaço da maçã que faltava, o alimento sublime que nos saciará a fome perversa, como também o chinelo perdido para o pé descalço. Nietzsche travestido na pele de Zaratustra, achava e morreu pensando dessa forma, qual seja, ‘sempre haverá um pouco de loucura no amor, porém, sempre existirá um pouco de razão na loucura’. Por falar em loucura, a loucura —, no entender do jornalista Aparecido Raimundo de Souza — ‘é o amor numa dose mais acentuada de afeto, assim como aquele ser apaixonado que ama de verdade, se tornará na casa inviolável, no lar indissolúvel, na fortaleza secreta onde esse sentimento se eternizará de forma imorredoura’. 

Mesmo trilho, a escritora Richelle Mead asseverou que ‘se você colocar na berlinda um ser humano que ama alguém de verdade, ele se abrirá como malha velha desnudando seu ‘eu’ interior em festa, como se um personagem não esperado jogasse de dentro dessa mala todas as roupas que nela estivessem prontas para saírem em uma viagem de férias’’. O amor é contagioso. O amar faz bem. O amor renova. Muda para melhor, a cara da gente. Transforma o sorriso. O saltitar eletrizante que dele emana, nos faz ver estrelas em pleno céu de meio dia. Nos leva a divinizar um sol mavioso à meia noite, ainda que num firmamento tenebroso. 

O amor, ah, o amor! Indubitavelmente ele acelera os batimentos cardíacos. Promove sorrisos efusivos em rostos sorumbáticos, capta serenidades nos gestos mais corriqueiros. O amor espanta os maus pensamentos. Sepulta os momentos abomináveis e repulsivos. O amor revigora nosso corpo por dentro e por fora. Fortifica os instantes de tristezas, robustece as horas consideradas perniciosas, nefastas e azarentas. Mesmo caminho de paisagens exuberantes, retempera, tonifica, conforta e, sobretudo, refaz as nossas mazelas transformando a nossa infelicidade perdida, numa nova Felicidade. Aquela que é plena e indestrutível. Para completar, o amor reverdece e remoça literalmente à E S P E R A N Ç A. 

Título e Texto: Carina Bratt. De Campinas, interior de São Paulo. 3-4-2022

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