domingo, 13 de março de 2022

[As danações de Carina] Quando a ‘Saudade’ deixa de ser ‘Saudade’ e se transforma em poesia...

Carina Bratt

RECEBI em meu e-mail, do amigo OLIVALDO JÚNIOR, poeta de Mogi Guaçu, São Paulo, algumas trovas sobre a ‘SAUDADE’. Achei interessante, não só pela virtuosidade com que descreve esse sentimento sempre vivo e presente dentro de nós, como também pela criatividade dos versos.

Tudo está perfeito: a metrificação, as palavras combinando entre si, a técnica e o talento, bem ainda a profundidade da inspiração. Poucas pessoas, poucos escritores — melhor dito — poucos poetas falam da ‘Saudade’ de uma maneira profundamente marcante e objetiva... ao mesmo tempo tão simples e clara. Olivaldo é um mestre nessa área. 


Calabouço da esperança 
me aprisiona o pensamento; 
da saudade, a confiança 
de que volta em outro vento.

Há mil jeitos de matar 
sem matar o corpo meu; 
o melhor é desdenhar 
da saudade, que sou eu.

Minha face, obscura, muda, 
muda o jeito quando pensa 
que a saudade só nos muda
se ‘Deus Pai’ é nossa crença...

Minha vida tem saudade 
de outra vida que morreu; 
morte certa, a de verdade 
que, mentira, nem nasceu

Numa lápide singela 
sem o lustro da maldade, 
a bondade, feito vela, 
luze a chama da saudade...

Numa trova pequenina, 
toda feita de emoção, 
a saudade é qual ruína 
que denota a solidão.

Um crisântemo, sem cor, 
me sugere um verso triste: 
da saudade, um trovador 
faz da lágrima um “alpiste”...


Pois é, meu caro Olivaldo. Continue nos abrilhantando a vida, as horas, os caminhos a serem seguidos com as suas trovas. Lembrando, todavia, que você, meu...

... amigo tem um jeito 
que me faz querer saber 
se, no fundo do seu peito, 
fez morada o amanhecer...


Título e Texto: Carina Bratt. Da Lagoa, no Rio de Janeiro, 13-3-2022

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