sexta-feira, 3 de junho de 2022

Maverick é a esperança ocidental

Eis o que o telespectador vai encontrar ali: heroísmo, bravura, sacrifício, espírito de equipe, meritocracia, busca por excelência, redenção, senso de dever, patriotismo, amor, família, amizade

Rodrigo Constantino

O cinema respira. Enquanto a audiência do Oscar despenca a cada ano, por excesso de “lacração”, de vez em quando surge um filme que corre “por fora”, bate recorde de bilheteria e alimenta nossa fé não só nessa arte, como na civilização. É o caso de Top Gun: Maverick, que já é o filme de maior sucesso do Tom Cruise na largada. E não é para menos.

O filme é um retorno aos anos 1980, quando foi rodado o primeiro Top Gun, uma década de esperança que terminou com a queda do Muro de Berlim. Não há qualquer intuito de “lacrar” ali. Apenas uma história emocionante, efeitos especiais de tirar o fôlego e ótimo entretenimento por algumas horas. Não por acaso a crítica desprezou. Teve um que chegou a falar em “machismo tóxico” e anatomia fálica dos jatos.

Mas eis o que o telespectador vai encontrar ali: heroísmo, coragem, bravura, sacrifício, espírito de equipe, meritocracia, busca por excelência, redenção, senso de dever, patriotismo, amor, família, amizade. A missão é quase impossível, mas ela precisa ser feita, pela nação, por eles, pela liberdade. O capitão altamente condecorado, mas que permaneceu capitão para sempre, é uma espécie em extinção, talvez. Mas ele mesmo rebate: “Não hoje”. E enquanto homens de verdade puderem existir, é isso que importa, pois haverá uma luz no fim do túnel.

Em The War on the West, Douglas Murray fala da guerra cultural em curso contra todos os valores que definiram a sociedade ocidental. Ele explica: “Nos últimos anos, ficou claro que há uma guerra em andamento: uma guerra contra o Ocidente. Isso não é como as guerras anteriores, onde os exércitos se chocam e os vencedores são declarados. É uma guerra cultural, e está sendo travada impiedosamente contra todas as raízes da tradição ocidental e contra tudo de bom que a tradição ocidental produziu”.

Todos nós podemos perceber isso no dia a dia, mesmo sem se aprofundar no tema. As pessoas começaram a falar de “igualdade”, mas não pareciam se importar com direitos iguais. Elas falavam de “antirracismo”, mas soavam profundamente racistas e segregacionistas. Elas falavam de “justiça”, mas pareciam significar “vingança”.

E esses radicais disfarçados de moderados possuem um só objetivo: detonar o legado ocidental. Um dos instrumentos preferidos para isso, além de cuspir em tudo que vem do Ocidente enquanto ignora os defeitos de outras civilizações, é mudar a demografia dos países, escancarando suas fronteiras e alegando que é preciso absorver o mundo todo em nome dos “crimes” passados. Essa turma age na base do sentimento de culpa incutido nas pessoas.

Apenas os países ocidentais, espalhados por três continentes, foram constantemente informados de que, para ter alguma legitimidade — para serem considerados decentes —, deveriam alterar rápida e fundamentalmente sua composição demográfica. Os argumentos estavam sendo feitos não por amor aos países em questão, mas por um ódio mal disfarçado por eles. O Ocidente é o problema, e sua destruição seria a solução.

Por isso esses radicais nada falam dos abusos contra as liberdades básicas na China ou no Oriente Médio, sobre a total ausência de direitos das minorias nesses países, à exceção de Israel, uma democracia parlamentar nos moldes ocidentais, e ironicamente o país mais atacado pelos “progressistas” na região. Eles partem da premissa de que há um apreço global por tais valores, ignorando que foi apenas no Ocidente que eles surgiram de verdade. Eles cospem nas bases morais e religiosas que tornaram possível o surgimento desses valores. E, mesmo quando não é possível negar a ausência deles em outras civilizações, os radicais dão um jeito de culpar… o Ocidente por isso!

As novas gerações aprendem essa visão ignorante da história. Elas recebem uma história das falhas do Ocidente sem gastar um tempo correspondente em suas glórias

O racismo terrível existe atualmente em toda a África, expresso por africanos negros contra outros africanos negros. O Oriente Médio e o subcontinente indiano estão repletos de racismo. Viaje para qualquer lugar do Oriente Médio — até mesmo para os Estados “progressistas” do Golfo — e você verá um moderno sistema de castas em ação. Na Índia até hoje existem os “intocáveis”. Mas misteriosamente é o Ocidente a civilização condenada por ser “estruturalmente racista”. Enquanto o Ocidente é agredido por tudo o que fez de errado, agora não recebe nenhum crédito por ter feito algo certo.

Para Murray, passamos de apreciar e avaliar o que há de bom na cultura ocidental para dizer que cada parte dela deve ser desmantelada, que está tudo errado. Somos hoje incapazes de reconhecer o diferencial positivo do Ocidente. Em poucas décadas, a tradição ocidental passou de celebrada a constrangedora e anacrônica e, finalmente, a algo vergonhoso. Passou de uma história destinada a inspirar as pessoas e alimentá-las em suas vidas para uma história destinada a envergonhar as pessoas.

A crítica histórica e o repensar nunca são uma má ideia. No entanto, a busca por problemas visíveis e tangíveis não deve se tornar uma busca por problemas invisíveis e intangíveis, argumenta Murray. Especialmente se for realizada por pessoas desonestas com as respostas mais extremas. Se permitirmos que críticos maliciosos deturpem e sequestrem nosso passado, então o futuro que eles planejam com base nisso não será harmonioso. Será um inferno.

A cultura que deu ao mundo avanços incríveis na ciência, na medicina e um mercado livre que tirou bilhões de pessoas ao redor do mundo da pobreza e ofereceu o maior florescimento de pensamento em qualquer lugar do mundo é interrogada através de lentes da mais profunda hostilidade e simplicidade. E o duplo padrão salta aos olhos: as demais culturas não podem ser julgadas pela mesma régua, pois isso seria “etnocentrismo”.

As novas gerações aprendem essa visão ignorante da história. Eles recebem uma história das falhas do Ocidente sem gastar nada como um tempo correspondente em suas glórias. E elas existem! E são muitas! Parece que estamos matando a galinha dos ovos de ouro, constata Murray. E é nesse contexto que devemos celebrar o sucesso de Top Gun: Maverick, além de ser bom entretenimento. O filme resgata esses valores que os “lacradores” querem enterrar. Todos saem com orgulho dos heróis, emocionados pelo sacrifício, pela camaradagem, pela bravura e pelo senso de dever daqueles patriotas. Por isso o filme incomodou tanto a elite “progressista”. E por isso também foi esse estrondoso sucesso de bilheteria. O Ocidente respira.

Título e Texto: Rodrigo Constantino, Revista Oeste, nº 15, 3-6-2022

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