Você que passou a vida quase
toda dentro de aviões, me diga o que é melhor, pilotar um Boeing super moderno,
um Airbus todo comandado por computadores, ou um Cessna 182 pelos interiores do
Brasil?
Cara, eu voei em muitas
geringonças voadoras, mas sempre senti a adrenalina correr nas veias quendo
voava num monomotor como este Cessna 182 pousando em São Félix do Araguaia:
Aqui o piloto não tem apoio de terra, não tem radar, não tem ILS, nem um rádio farol para lhe orientar, só o plano de voo, os mapas e a bússola. E voa o tempo todo, em longas distâncias, pelo instinto e pela experiência. Diferentemente dos pilotos dos jatos modernos, que contam com uma incrível parafernália eletrônica de orientação de voo (menos no Brasil, cujo controle de voo é precário), esses pilotos que cruzam os céus brasileiros em pequenos aparelhos e com os quais já voei bastante, são os verdadeiros pilotos.
Veja este outro pouso perfeito
de um Cessna 182 numa pista de cascalho também no Mato Grosso. Isto é que é
piloto:
Esses caras geralmente são jovens e estão começando, sonhando em um dia pilotar um Boeing ou um Airbus. Só que quando chegam no Boeing ou no Airbus, sentem saudades.
Voei alguns anos com um piloto que eu levei para o Bradesco, o Amando, que um dia me disse:
- Não me acostumaria em pilotar um jato, pois eu voo por prazer. E pilotar um jato não dá prazer algum.
Estava coberto de razão.
Voamos juntos durante quatro anos num carioquinha canela dura e depois num
Sêneca II, bimotor excelente da Embraer. Me ensinou muitos macetes, como ler os
instrumentos, fazer um pouso e uma decolagem, que fiz clandestinamente. Era
sempre um prazer voar com esse cara.
O Sêneca II na verdade era um
Piper fabricado sob licença pela Embraer. Uma fera que eu chamava de águia.
Seguro, voa como uma águia. Eu voava com o Amando na cadeira do copiloto e
muitas vezes ele me entregava os comandos. Não há como descrever o prazer de se
sentir dominando uma máquina como esta. Veja a decolagem de um deles:
Well, amanhã vou para Alice
Springs voando num Piper Comanche que já tem mais de quarenta anos de idade com
o meu amigo Jeff no comando e eu lhe auxiliando. São duas horas de voo sobre o
deserto australiano, duas horas de puro prazer! Veja como é:
Good bye!
Título, Links e Texto: Otacílio Guimarães, 17-05-2013
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Sensacional, me fez lembrar os anos 40 do seculo passado quando no Aeroporto São João - Porto Alegre-RS a pista era de chão batido com britas. A casa de meus pais se situava na Rua Dona Sebastiana N° 71, cabeceira de pista e em todas as decolagem levantava uma poeira vermelha que deixava os moradores do local de cabelos sujos e arrepiados. A Rua Sertório acabava na Rua Augusto Severo onde creio eu ainda existe o Prédio da Fundação Rubem Berta. A outra cabeceira tinha no fundo o "Morro de Chapéu" onde bateu o avião que transportava Salgado Filho e outras personalidades vindo todos os Passageiros e Tripulantes falecerem. Alguns anos depois foi construída a Nova Pista e Hangares da VARIG e o Aeroporto Salgado Filho. Bem eu na época era guri de 10 anos, mas cresci,casei,morei na Avenida Brino,fui trabalhar na Varig SSB/POA (Superintendência dos Serviços de Bordo), onde comecei uma brilhante carreira graças a confiança e apoio dos meus saudosos Chefes e de muitos que Graças a DEUS continuam nos acompanhando neste mundo de viventes, dentre tandos o Sergio Prates na época ainda um rapazola pouco mais velho do que eu.
ResponderExcluirAmo falar dos velhos tempos, pois, recordar é viver.
Obrigado por me proporcionarem tamanha satisfação. ESTRELA BRASILEIRA...
VARIG, VARIG, VARIG...
Nelson Schuler