quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Uma das maiores editoras do mundo baniu os porcos para não ofender muçulmanos e judeus

Nem porcos, nem salsichas. O animal e as palavras que dele derivam foram proibidos pela Oxford University Press. Mas nem os judeus nem os muçulmanos, supostamente abrangidos pela medida, a entendem.

O "Spider Pig", dos Simpsons, também não pode aparecer nas publicações. ©Matt Groening / The Simpsons


Sara Otto Coelho

A Oxford University Press, uma das maiores editoras do mundo, começou a avisar os autores de livros escolares para banirem a palavra “porco” ou qualquer referência ao animal, como por exemplo salsichas. O objetivo é não ofender judeus e muçulmanos, já que para ambas as religiões o porco é considerado um animal impuro.

A revelação foi feita pelo jornalista Jim Naughtie na BBC, durante uma discussão sobre a liberdade de expressão, na sequência do ataque ao Charlie Hebdo, em Paris. Casado com a escritora Eleanor Updale, Jim Naughtie contou que a Oxford University Press enviou uma carta aos autores de livros infantis com algumas diretrizes, entre as quais a proibição de usar a palavra “porcos”, ou outras referências que façam alusão ao animal.

“Bem, se uma editora respeitável ligada a uma instituição académica [Universidade de Oxford] está a dizer que temos de escrever um livro sem que possamos mencionar porcos porque algumas pessoas podem ofender-se, é simplesmente ridículo. É uma piada”, disse Jim Naughtie.

O deputado muçulmano do Partido Trabalhista do Reino Unido, Khalid Mahmood, mostrou-se contra a orientação. “Discordo em absoluto. É um perfeito disparate. E quando as pessoas vão longe demais, toda a discussão cai em descrédito”, disse ao Daily Mail. O líder do Conselho de Liderança Judaica também reagiu: “As leis judaicas proíbem comer porco, não a menção da palavra, ou o animal do qual deriva”, disse um porta-voz.

A Oxford University Press reagiu através de um curto comunicado. “Os nossos materiais são vendidos em quase 200 países e, como tal, sem comprometer de forma alguma o nosso compromisso, encorajamos alguns autores de materiais educativos a considerar de forma respeitosa as diferenças culturais e as sensibilidades”. E acrescentam: “As orientações para os nossos materiais educativos diferem entre regiões geográficas e não cobrem as nossas publicações académicas”.

Se a medida se mantiver, as crianças que lerem os livros da editora britânica vão ficar sem saber quem é a “Miss Piggy” ou “Os Três Porquinhos”, nem vão saber o que são salsichas ou costeletas. 
Título e Texto: Sara Otto Coelho, Observador, 14-1-2015

2 comentários:

  1. Já dizia Churchill: “Um apaziguador é aquele que alimenta um crocodilo, esperando que ele o coma por ultimo."

    ResponderExcluir
  2. Emídio Aragão Teixeira15 de janeiro de 2015 às 12:28

    A Europa não aprendeu nada!
    Já não lhe chegam as vezes em que fez o papel de apaziguador complacente, para depois vir a ser salva por russos, americanos, australianos, canadianos, indianos e tantos outros povos que por aqui vieram morrer aos milhares por culpa dos “bonzinhos”.
    Irra!
    Numa civilização em agonia, a Europa veste-se de cavaleiro com o funil a servir-lhe de ridiculo capacete, pintado com manifestações hipocritas.
    Ao menos chamem o Bush para capa do Charlie!

    ResponderExcluir

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-