Carina Bratt
Como eu disse em nossa conversa
de domingo passado (03.05), hoje falaria das técnicas clássicas de fertilização
in vitro e outros assuntos
relacionados, como das drogas fertilizantes, da obtenção do óvulo, da
fertilização em si entre outros assuntos interessantes relacionados ao tema. Vamos começar pela técnica da fertilização in vitro. Como não sou especialista no assunto e nem
médica, todavia, como mulher viso apenas informar às minhas amigas leitoras,
claro, lembrando, sempre respaldada em opiniões de pessoas gabaritadas e que
entendem e vivem esse cotidiano diariamente. Vamos lá então?
Para início de conversa, toda
mulher que pretende usar esse tipo de fertilização (in vitro) devemos dizer que primeiro é feita uma avaliação da
mulher e se ela for considerada pronta para uma fertilização, o homem é
examinado e seu esperma analisado. Se a qualidade do sêmen for inadequada, os
especialistas sugerem um tratamento. Em seguida o esperma é submetido ao assim
chamado método de penetração do óvulo do hamster, que determina a sua capacidade
de fertilizar óvulos. Se houver problemas, será preciso usar sêmen de um
doador. Se o casal for julgado adequado para a fertilização in vitro, os passos a serem seguidos
serão os descritos adiante.
Fase 1: drogas fertilizantes – O sucesso crescente da fertilização in vitro é atribuído ao uso moderno das
drogas fertilizantes, com a produção de óvulos em maior número e de qualidade
melhor. Segundo o doutor Newton Eduardo Busso, ginecologista, mestre e doutor
em medicina, “cada centro usa diversas dessas drogas. Muitas clínicas
descobriram que a combinação de Clomid com Pergonal ou FSH puro produz os
óvulos mais bem-sucedidos. O desenvolvimento dos folículos com óvulos é
monitorado através dos níveis de estradiol (estrogênio do sangue) e da
determinação por ultrassom do crescimento folicular. Quando esses testes
indicam que os óvulos estão maduros, dá-se uma injeção de hormônio HCG
(gonadotrofina coriônica humana). Isso resulta na maturação final do óvulo”.
Os doutores Arnaldo Schizzi
Cambiaghi e Rogério B. F. Leão, em seu livro Fertilização em casos difíceis
falam da Fase 2: a obtenção do óvulo
- “A laparoscopia é marcada para cerca
de 36 horas após a injeção de HCG, pois constatou-se que exatamente nesse
momento os óvulos estão em condições excelentes. Sob a visão direta da laparoscopia,
introduz-se uma pequena agulha nos folículos maduros e colhem-se os óvulos com
uma leve sucção. Uma vez coletados, os óvulos são colocados num recipiente de
vidro – daí o termo in vitro que contém um meio de cultura semelhante ao da cavidade uterina. Os óvulos recuperam-se em 85% a
95% dos casos. O uso de droga fertilizantes resulta na recuperação de vários
óvulos, dando uma melhor chance de concepção para a mulher”.
Vamos ver agora, caras amigas,
a Fase 3: a fertilização do óvulo. Em nosso socorro, Nakamura –
Trounson – Albano – Wood em Fertilização in vitro e Microcirurgia Tubária, pela
Roca Editora. “Uma vez obtidos, os óvulos maduros devem ser fertilizados.
Depois de cinco ou seis horas, acrescenta-se o esperma do marido ao recipiente
com os óvulos, junto com certos produtos químicos que permitem a capacitação, a
habilidade dos espermatozoides de fertilizar os óvulos. Colocam-se os óvulos e
o esperma numa incubadora à temperatura do corpo, na expectativa de que ocorram
a fertilização e a divisão celular. Tudo
deve ser mantido o mais livre possível de contaminação. Se o exame microscópico
confirmar que os óvulos foram fertilizados, eles devem estar prontos para
reimplante cerca de 48 horas depois de terem sido coletados”.
Na mesma direção, ainda
falando sobre essas fases, para a 4ª o
reimplante do óvulo no útero, buscamos o posicionamento dos doutores João
Pedro Junqueira Caetano, Ricardo Marinho e Leonardo Meyer de Moraes, em seu
livro Infertilidade e Concepção Assistida.
Ditos doutores esclarecem que “O momento do reimplante dos óvulos deve
ser exatamente preciso. Dois dias após a fertilização, introduz-se o zigoto na
cavidade uterina com uma sonda fina que passa pelo canal cervical. Se o zigoto
estiver no estágio certo de desenvolvimento para implantação e o útero da mãe,
no estágio adequado para recepção, o óvulo fertilizado se fixará na parede
uterina e começará o desenvolvimento normal. A maioria das mulheres recebe
injeções ou supositórios de progesterona durante duas semanas após o reimplante
para aumentar as chances de êxito. Também se administram antibióticos entre o
momento da laparoscopia e a colocação do embrião. A probabilidade de sucesso
varia de clínica para clínica, mas nas melhores, raramente ultrapassa os 30%. O
abortamento é mais frequente na fertilização in vitro que na gravidez normal”.
Vamos ver agora a técnica transvaginal de fertilização in vitro. – Essa técnica
ficou mais comum na Suécia, Inglaterra, Austrália e Estados Unidos. No Brasil a
coisa está chegando aos poucos. Nela, o uso de drogas fertilizantes e o
acompanhamento do desenvolvimento folicular são semelhantes à primeira técnica
de fertilização in vitro. (Rever a ‘fase 1’, conforme esclarecimento do
doutor Newton Eduardo Busso). Só que aqui, não se usa a laparoscopia. Vejam,
caras amigas, o que diz o doutor Giuliano Bedoschi ginecologista e obstetra, da
(Clínica de Reprodução Humana Mater Prime em seus vários textos disponíveis na
Internet). “Recolhem-se os óvulos com uma agulha introduzida no folículo
através da vagina ou da bexiga, sob orientação ultrassônica. Uma sonda
ultrassônica recentemente desenvolvida pode ser introduzida através da vagina
até junto dos folículos que contém os óvulos maduros. Introduz-se então, pela
sonda, uma pequena agulha no ovário. Os óvulos são delicadamente aspirados e
colocados no recipiente de vidro”. Atenção:
aqui se repete, sem tirar nem pôr, as fases
3 e 4 acima. Praticamente nada muda.
“A fertilização in vitro
transvaginal foi bem recebida, pois é mais simples, menos dolorosa e dispensa a
laparoscopia, tornando a operação mais prática e menos cara.
Para concluir, o método GIFT, que citamos no primeiro
texto, estão lembradas? – a transferência intrafalopiana de gametas foi
desenvolvida pelo doutor Ricardo Asch, na época, trabalhando no Centro Médico
da Universidade da Califórnia, em Irvine, quando o especialista pesquisava no
Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, em San Antonio. Essa
técnica, desde então, é hoje amplamente usada em muitos centros; é considerada,
inclusive, superior à fertilização in
vitro e à transferência de
embrião.
Bem, amigas, era o que eu
queria trazer. Espero que, de alguma forma, com as pesquisas que realizei,
pequenas coisas que pareciam bichos de sete cabeças, como podem perceber, a
coisa, na realidade, não é lá tão feia assim. Fiquem em paz e com Deus.
TIRA DÚVIDAS:
Hamster: -
pequeno mamífero roedor, muito usado em laboratórios.
Folículos: -
óvulo em crescimento dentro de uma espécie de casulo.
Zigoto: -
célula resultante da união do gameta masculino ao feminino
Intrafalopiana:
- transferência intratubária de gametas se as trompas de Falópio estiverem funcionando
sem problemas.
Gametas: -
células que darão origem a um embrião.
Título e Texto: Carina Bratt, de Vila Velha, no
Espírito Santo. 10-05-2020
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