Presa há dois anos, uma
paquistanesa cristã foi condenada à morte por ter sede. Muçulmanos dizem que
contaminou o poço de onde bebeu
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Asia Bibi, foto: DR |
Vera Moura
Devem estar mais de 45 graus
ao meio-dia. As mulheres, alagadas em suor, estão de cócoras, a apanhar mirtilos.
A tarefa é árdua – é preciso abrir caminho com os braços esticados entre as
silvas e puxar os pequenos frutos vermelhos sem os esmagar. Encher um alguidar
demora uma eternidade mas para Asia Bibi e as restantes 15 paquistanesas que
naquele domingo de 14 de junho de 2009 saíram de casa muito cedo para ir
apanhar bagas, vale bem o sacrifício: as 250 rupias (menos de dois euros) que
recebem no final do dia são suficientes para comprar dois quilos de farinha e
fazer chapatis durante uma semana.
Asia, camponesa da aldeia de
Ittan Wali e mãe de cinco filhos, recebia uma bacia maior do que a das outras
mulheres: no Paquistão é uma prática corrente os cristãos ganharem menos do que
os muçulmanos pelo mesmo trabalho. Não reclamou. À hora do almoço, estava tão
cansada que se dirigiu ao poço. Tirou um balde cheio de água, onde mergulhou o
copo que estava pousado na borda. Bebeu goles grandes. Sentiu-se melhor. Bebeu
mais um pouco, voltou a encher o copo e ofereceu-o a uma mulher que estava ao
seu lado. Foi neste instante que a sua vida se transformou completamente.
Aasiya Noreen Bibi foi
condenada à morte há dois anos. Está presa desde então, sem saber quando será
cumprida a sentença. Não roubou nem matou ninguém. Mas, para a justiça do seu
país, fez muito pior: é uma blasfema. O seu erro? Ter bebido água de um poço
que pertencia a muçulmanas. Água bebida por uma cristã é considerada impura.
Anne-Isabelle Tollet,
jornalista do canal televisivo France 24, escreveu a história de Asia Bibi num
livro lançado esta semana pela Alêtheia em Portugal. Nele, a paquistanesa
cristã conta na primeira pessoa a tortura de que tem sido vítima na prisão; as
visitas esporádicas do marido e do advogado; e a forma como as pessoas que
ousaram defendê-la – o governador Salman Taseer e o ministro para as minorias
Shah-baz Bhatti – foram brutalmente assassinadas.
Asia também descreve os raros
momentos de esperança: como quando soube que o Papa Bento XVI pediu
publicamente a sua libertação ou quando Hillary Clinton (que ela não fazia
ideia de quem era) soube do seu causo. Até agora, não consegui mais do que
adiar o enforcamento.
Texto: Vera Moura, revista “Sábado”,
edição nº 384, de 8 a 14 de setembro de 2011
Há três petições correndo o
mundo em favor da católica Asia Bibi, condenada à morte no Paquistão por “blasfêmia”
contra o islã.
Clicando aqui,
você tem acesso a uma petição dirigida a Hillary Clinton, secretária de Estados
dos EUA, e ao embaixador do Paquistão no país. Neste link, há outra para a Susan Rice, representante
americana na ONU. E há uma para
o povo e os líderes paquistaneses.
Seguem os três endereços por
extenso para facilitar a divulgação.
http://www.petitiononline.com/Asiabibi/petition.html
http://www.christianfreedom.org/news/petion-to-free-asia-bibi/
http://www.petitionbuzz.com/petitions/asiabibi
http://www.christianfreedom.org/news/petion-to-free-asia-bibi/
http://www.petitionbuzz.com/petitions/asiabibi
E no Facebook: Support Asia Bibi
Digitação e edição: JP
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