quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Governo Federal – II


Peter Rosenfeld
Proponho-me a analisar alguns comportamentos ou iniciativas do Governo Federal que me estão decepcionando, como deve estar acontecendo com muitos brasileiros que gostariam que a administração fosse mais voltada para o bem do País e menos para o bem de alguns poucos apaniguados.
Não mais pode ser invocado que a Presidente Rousseff é inexperiente e ainda está em período de adaptação. Além de sua experiência anterior em governos municipais, estaduais e federal, está completando nove meses de governo daqui a poucos dias.
Então vamos lá:
1 - Nada fez para tentar excluir de nosso sistema certas enormes aberrações, que aparentemente só os que estão no governo querem e aplaudem, tais como as medidas provisórias, o foro privilegiado para u’a multidão de pessoas e as famosas imunidades parlamentares.
É claro que a mudança ou o término de alguns de tais instrumentos não dependem só da Presidência, mas esse órgão poderia – e deveria, propor sua extinção e se empenhar nisso, pois violam de maneira brutal todos os postulados de uma democracia legítima e verdadeira.
2 – DEMISSÕES DE MINISTROS - Estranhos e absolutamente falsos os pronunciamentos da Senhora Presidente sobre os Ministros que demitiu. Afinal de contas, foram demitidos por supostos procedimentos inadmissíveis como o é, entre outros, a corrupção. Ora, ao demitir os cinco primeiros, só não se pronunciou sobre o ex-Ministro da Defesa. Os outros quatro, demitidos por suposta corrupção, foram muito elogiados pela Senhora Rousseff.
Ora, se eram tão bons e sérios como disse a Senhora Presidente em seus discursos, não haveria razão para demiti-los! E foram quatro, não só um ou dois.
Igualmente decepcionante que a faxina tenha parado aí, quando se sabe que há alguns (e não são poucos) que têm pesado negativamente contra o governo. Para exemplificar, verdadeiramente danosos ao País têm sido os Srs. Haddad (Educação), Orlando Silva (Esportes), Carlos Lupi (Trabalho) entre outros.

E vem a pergunta: por que parou a faxina? Arrisco: porque o chefe da Senhora Presidente assim o determinou! O chefe da Sra. Rousseff? Mas como, se ela é a Presidente? Sim, esse chefe se chama Luiz Inácio da Silva, que adicionou a alcunha “Lula” a seu nome, e agora se chama (ele e toda sua família) Lula da Silva.
E é chefe que manda e quer ser obedecido. Inclusive, nenhum ministro é nomeado sem sua aprovação, o que é uma vergonha.
Agora, só posso arriscar um palpite na resposta à pergunta: qual a razão de o ex-Presidente ter mandado suspender a faxina? Muitos dos atuais ministros também o foram no governo anterior e ficaria mal para o Sr. da Silva se fossem demitidos!
3 – AMORES DA PRESIDÊNCIA – Estranhos e algo ridículos os recentes amores da Presidência pelo PMDB. Na Convenção Nacional desse partido, há pouco realizada em Brasília, ocorreu algo que me parece totalmente inusitado: a Senhora Presidente compareceu ao evento e discursou, cobrindo o partido aliado de elogios e declarando sua admiração pelo mesmo. Dava a impressão de que, ato contínuo, assinaria sua ficha de filiação...
Pela lembrança que eu tenho desse partido, não há nada que admirar nele, exceto, talvez, sua capacidade camaleônica de sempre se adaptar a tudo e a todos, mas continuamente estando, como se diz, “em cima da carne seca”. Estranho! Todas as figuras que fizeram muito mal ao País são filiadas ao PMDB. Para exemplificar: a família Sarney, que mantém o Maranhão abaixo de padrões africanos, dominada pelo patriarca José Sarney, o paraense Jader Barbalho, o alagoano Renan Calheiros, o carioca Sergio Cabral, o paranaense Roberto Requião, etc. É uma coleção infindável, todos grandes aproveitadores de seus estados, aos quais vem fazendo muito mal (e continuam fazendo). E a Senhora Presidente tece considerações absolutamente inverídicas e irreais sobre o partido, na convenção anual? Muito estranho. Deve estar desesperada com seu próprio partido, que lhe está fazendo muito mais mal do que seria tolerável (ao invés de apoiá-la sempre!).
4 – COMISSÃO DA VERDADE – Para nossa tristeza, e em nossa incluo todos aqueles que são verdadeiros democratas, acabou sendo aprovada pela Câmara a criação de uma Comissão da Verdade. Para apurar atos que supostamente violaram os direitos humanos de 1946 até 1988!
Sendo realista, e já escrevi sobre isso mais de uma vez, penso que nos dias de hoje os direitos humanos são agredidos todos os dias o dia inteiro: na saúde, que é uma vergonha em nosso País (exceto para autoridades, que são internadas em qualquer dia e a qualquer hora nos melhores hospitais do Brasil), em nossas rodovias, caindo aos pedaços em sua grande maioria, na educação, com escolas públicas igualmente caindo de podres e com professores não habilitados, citados só como exemplos, pelos parlamentares, que se auto-remuneram com valores nababescos e gozam de todas as regalias imagináveis, por tantas e tantas autoridades, em todos os níveis, que “metem a mão” de forma descarada em dinheiros que não lhes pertencem, etc., etc.
Mas não é isso que a comissão da pseudo-verdade vai apurar. Quer caçar os que, no cumprimento de seu dever, caçaram e, em alguns poucos casos, supostamente torturaram bandidos que estavam assaltando propriedades alheias, inclusive públicas, para se locupletar, visando a, no final, submeter o País a um regime comunista, nos moldes das piores ditaduras que o mundo conheceu.
O que os defensores dessa “verdade” visam, realmente, é o período depois de 1964. Não têm coragem de dizê-lo, e por isso mascaram falando em 1946, quando o Brasil recém havia saído de um longo período ditatorial. E nos anos subseqüentes, até 1964, o Brasil era um País democrático, tendo os cidadãos absoluta liberdade. Graças a essa liberdade, surgiram as situações que plenamente justificaram o movimento que nos libertou da ameaça comunista.
Há dias li em algum jornal que a comissão seria composta de notáveis, entre outros o ex-Presidente FHC. Estou curioso.
Vejamos quem são esses “notáveis” e como agirão.
O Brasil não merece mais esse desaforo!
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre (RS), 26 de setembro de 2011
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