Peter Rosenfeld
Proponho-me a analisar alguns
comportamentos ou iniciativas do Governo Federal que me estão decepcionando,
como deve estar acontecendo com muitos brasileiros que gostariam que a
administração fosse mais voltada para o bem do País e menos para o bem de
alguns poucos apaniguados.
Não mais pode ser invocado que
a Presidente Rousseff é inexperiente e ainda está em período de adaptação. Além
de sua experiência anterior em governos municipais, estaduais e federal, está
completando nove meses de governo daqui a poucos dias.
Então vamos lá:
1 - Nada fez para tentar excluir
de nosso sistema certas enormes aberrações, que aparentemente só os que estão
no governo querem e aplaudem, tais como as medidas provisórias, o foro
privilegiado para u’a multidão de pessoas e as famosas imunidades
parlamentares.
É claro que a mudança ou o
término de alguns de tais instrumentos não dependem só da Presidência, mas esse
órgão poderia – e deveria, propor sua extinção e se empenhar nisso, pois violam
de maneira brutal todos os postulados de uma democracia legítima e verdadeira.
2 – DEMISSÕES DE MINISTROS -
Estranhos e absolutamente falsos os pronunciamentos da Senhora Presidente sobre
os Ministros que demitiu. Afinal de contas, foram demitidos por supostos
procedimentos inadmissíveis como o é, entre outros, a corrupção. Ora, ao
demitir os cinco primeiros, só não se pronunciou sobre o ex-Ministro da Defesa.
Os outros quatro, demitidos por suposta corrupção, foram muito elogiados pela
Senhora Rousseff.
Ora, se eram tão bons e sérios
como disse a Senhora Presidente em seus discursos, não haveria razão para demiti-los!
E foram quatro, não só um ou dois.
Igualmente decepcionante que a
faxina tenha parado aí, quando se sabe que há alguns (e não são poucos) que têm
pesado negativamente contra o governo. Para exemplificar, verdadeiramente
danosos ao País têm sido os Srs. Haddad (Educação), Orlando Silva (Esportes),
Carlos Lupi (Trabalho) entre outros.
E vem a pergunta: por que
parou a faxina? Arrisco: porque o chefe da Senhora Presidente assim o determinou!
O chefe da Sra. Rousseff? Mas como, se ela é a Presidente? Sim, esse chefe se
chama Luiz Inácio da Silva, que adicionou a alcunha “Lula” a seu nome, e agora
se chama (ele e toda sua família) Lula da Silva.
E é chefe que manda e quer ser
obedecido. Inclusive, nenhum ministro é nomeado sem sua aprovação, o que é uma
vergonha.
Agora, só posso arriscar um
palpite na resposta à pergunta: qual a razão de o ex-Presidente ter mandado
suspender a faxina? Muitos dos atuais ministros também o foram no governo
anterior e ficaria mal para o Sr. da Silva se fossem demitidos!
3 – AMORES DA PRESIDÊNCIA –
Estranhos e algo ridículos os recentes amores da Presidência pelo PMDB. Na
Convenção Nacional desse partido, há pouco realizada em Brasília, ocorreu algo
que me parece totalmente inusitado: a Senhora Presidente compareceu ao evento e
discursou, cobrindo o partido aliado de elogios e declarando sua admiração pelo
mesmo. Dava a impressão de que, ato contínuo, assinaria sua ficha de
filiação...
Pela lembrança que eu tenho
desse partido, não há nada que admirar nele, exceto, talvez, sua capacidade
camaleônica de sempre se adaptar a tudo e a todos, mas continuamente estando,
como se diz, “em cima da carne seca”. Estranho! Todas as figuras que fizeram
muito mal ao País são filiadas ao PMDB. Para exemplificar: a família Sarney,
que mantém o Maranhão abaixo de padrões africanos, dominada pelo patriarca José
Sarney, o paraense Jader Barbalho, o alagoano Renan Calheiros, o carioca Sergio
Cabral, o paranaense Roberto Requião, etc. É uma coleção infindável, todos
grandes aproveitadores de seus estados, aos quais vem fazendo muito mal (e
continuam fazendo). E a Senhora Presidente tece considerações absolutamente
inverídicas e irreais sobre o partido, na convenção anual? Muito estranho. Deve
estar desesperada com seu próprio partido, que lhe está fazendo muito mais mal
do que seria tolerável (ao invés de apoiá-la sempre!).
4 – COMISSÃO DA VERDADE – Para
nossa tristeza, e em nossa incluo todos aqueles que são verdadeiros democratas,
acabou sendo aprovada pela Câmara a criação de uma Comissão da Verdade. Para
apurar atos que supostamente violaram os direitos humanos de 1946 até 1988!
Sendo realista, e já escrevi
sobre isso mais de uma vez, penso que nos dias de hoje os direitos humanos são
agredidos todos os dias o dia inteiro: na saúde, que é uma vergonha em nosso
País (exceto para autoridades, que são internadas em qualquer dia e a qualquer
hora nos melhores hospitais do Brasil), em nossas rodovias, caindo aos pedaços
em sua grande maioria, na educação, com escolas públicas igualmente caindo de
podres e com professores não habilitados, citados só como exemplos, pelos
parlamentares, que se auto-remuneram com valores nababescos e gozam de todas as
regalias imagináveis, por tantas e tantas autoridades, em todos os níveis, que
“metem a mão” de forma descarada em dinheiros que não lhes pertencem, etc.,
etc.
Mas não é isso que a comissão
da pseudo-verdade vai apurar. Quer caçar os que, no cumprimento de seu dever,
caçaram e, em alguns poucos casos, supostamente torturaram bandidos que estavam
assaltando propriedades alheias, inclusive públicas, para se locupletar,
visando a, no final, submeter o País a um regime comunista, nos moldes das
piores ditaduras que o mundo conheceu.
O que os defensores dessa
“verdade” visam, realmente, é o período depois de 1964. Não têm coragem de
dizê-lo, e por isso mascaram falando em 1946, quando o Brasil recém havia saído
de um longo período ditatorial. E nos anos subseqüentes, até 1964, o Brasil era
um País democrático, tendo os cidadãos absoluta liberdade. Graças a essa
liberdade, surgiram as situações que plenamente justificaram o movimento que
nos libertou da ameaça comunista.
Há dias li em algum jornal que
a comissão seria composta de notáveis, entre outros o ex-Presidente FHC. Estou
curioso.
Vejamos quem são esses
“notáveis” e como agirão.
O Brasil não merece mais esse desaforo!
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre
(RS), 26 de setembro de 2011
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