Francisco Vianna
DETROIT — A poderosa UAW –United Auto Workers e a montadora General Motors disseram na noite de ontem que
tinham tentado chegar a um acordo sobre um novo contrato trabalhista.
É o primeiro novo pacto
laboral, o primeiro a ser negociado por um fabricante de automóveis em Detroit
desde que a GM e a Chrysler receberam empréstimos de socorro do governo e se
livraram da falência em 2009. O acordo vai ajudar os 48.500 empregados
sindicalizados da GM a participarem na recuperação da empresa e deve dar-lhes
mais segurança no emprego, uma das duas prioridades da UAW, embora a natureza
frágil da recuperação da economia possa continuar a injetar um pouco de
incerteza no panorama da empresa e do sindicato.
A GM disse que o acordo
cobrirá quatro anos. O sindicato se recusou a dar detalhes, mas disse que o
acordo incluiu uma participação melhorada nos lucros e "melhorias
significativas com relação aos benefícios de assistência médica e
hospitalar". Espera-se também que o acordo inclua os chamados ‘bônus de
assinatura’ no valor de, pelo menos, vários milhares de dólares. E a UAW estava
a buscar um aumento salarial para os trabalhadores em início de carreira –
recém-admitidos – que ganham cerca da metade do que ganham os outros
trabalhadores.
O sindicato disse num
comunicado que combateu com sucesso as propostas da GM para enfraquecer os
benefícios de aposentadoria e obteve grandes concessões para benefícios de
saúde. "Em ambos, aposentadoria/pensões e assistência médica e hospitalar,
a UAW conseguiu convencer a GM que poderá ter um sucesso muito maior caso os
seus trabalhadores não tenham cortados os valores das pensões e aposentadoria,
e, principalmente os planos de saúde", disse o porta-voz da UAW.
As negociações com a Chrysler
e Ford Motor estão tendo continuidade. O presidente do sindicato, Bob King,
disse que o acordo com a GM deve "fazer com que os trabalhadores filiados
à UAW, que foram demitidos, voltem ao trabalho" e fazer com que empregos
da montadora em outros países retornem para os Estados Unidos. "A UAW
abordou essas negociações com novas estratégias, lutou e conseguiu alguns dos
seus principais objetivos para os seus associados, incluindo investimentos
significativos em máquinas e produtos para as fábricas nos EUA", disse ele
no comunicado.
Os negociadores se reuniram
durante 14 horas na sexta-feira, dois dias depois de concordar em prorrogar o
contrato antigo quando não foram capazes de chegar a um acordo. O acordo foi
anunciado logo após 11:00hs da noite de sexta-feira. "Usamos uma abordagem
de resolução de problemas criativa para chegar a um acordo que atendeu as
necessidades dos funcionários e os empregos da nossa indústria no longo prazo
com sucesso", disse Cathy Clegg, vice-presidente de relações de trabalho
da GM, em outro comunicado. "Nós trabalhamos duro para obter um contrato
que reconhece as realidades do mercado de hoje, permitindo que a GM continue a
investir no setor manufatureiro dos EUA e a proporcionar bons empregos para milhares
de americanos".
Os líderes da UAW das fábricas
em todo o país devem se reunir na terça-feira em Detroit para votar a
ratificação do acordo. A votação da ratificação por hierarquia de classificação
funcional está prevista para ocorrer de sete a 10 dias, disse a GM.
Embora o sindicato não tenha
confirmado quaisquer alterações nos salários, o seu principal negociador com a
GM, Joe Ashton, disse no comunicado: "O salário e os benefícios, que nós
negociamos nesta tentativa de acordo, refletem o fato de que os membros da UAW
foram o fator que ajudou a empresa a dar a volta por cima".
Os funcionários da GM tinham
dito antes do início das negociações que queriam amarrar a maioria dos
trabalhadores num sistema de pagamento por produtividade, qualidade e lucros.
Eles receberam a título de participação nos lucros em média 4.400 dólares este
ano como resultado de uma folha de pagamento de 4,7 bilhões dólares em 2010.
"Há algo aqui entre linhas que nos diz que este é um acordo que vai
funcionar e produzir uma GM mais bem-sucedida e com seus empregados mais
estáveis e compartilhando desse sucesso", disse Harley Shaiken, professor
de relações de trabalho da Universidade da Califórnia, em Berkeley. "O
acordo vai definir a competitividade em Detroit".
Em sua tradição de
negociação-padrão, espera-se que o sindicato procure termos semelhantes com a
Chrysler e a Ford. Mas é provável que tenha mais dificuldade em fazê-lo do que
no passado, dadas as condições distintas das três empresas. O sindicato espera
manter o foco em conseguir um acordo com a Chrysler antes de discutir com a
Ford.
Diferentemente do Brasil,
essas negociações são levadas adiante sem qualquer interferência do governo
americano ou de governos estaduais ou locais. Este fato não cria falsas
expectativas nem elevam enormemente os preços dos automóveis, como ocorre aqui,
onde chegam a custar quase 40% a mais dos preços de mercado, em função da carga
tributária. O consumidor brasileiro paga, aqui no Brasil, quase o dobro por
carros de qualidade muito inferior, graças ao socialismo tupiniquim.
Fonte: The New York Times,
Tradução e Grifo: Francisco Vianna
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