Mahmoud Abbas da ANP quer
forçar o veto americano à admissão do pseudo-estado palestino na ONU
Francisco Vianna
No conflito do Oriente Médio,
a estratégia da ‘Autoridade Nacional Palestina’ – que ainda está longe se
constituir num estado soberano – é justamente a de provocar o veto dos EUA,
para indispô-los com os demais membros do Conselho de Segurança, que, em sua
maioria, aprovaria o ingresso da Palestina como um “estado membro” da
organização.
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Em Ramallah, um banner de
Arafat e Abbas
anuncia a intenção da ANP. Foto: AFP
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Uma delegação da ANP
(Autoridade Nacional Palestina) está em Nova Iorque, tendo Mouhamad Abbas à
frente, em plena campanha diplomática de convencimento dos membros do Conselho
de Segurança e da Assembléia Geral da ONU no sentido de admitirem um estado
chamado Palestina, que ainda não tem existência real tanto política como
econômica, como um estado-membro da organização mundial. E o faz sabendo que a
sua entrada será vetada pelos EUA o que, se por um lado aumentaria a antipatia
do mundo socialista para com o governo de Barak Obama, por outro lado,
melhoraria a imagem doméstica do presidente americano, cuja popularidade já se
encontra abaixo dos 40% de aceitação popular.
Se, no sábado próximo, pelo
menos nove dos quinze membros do Conselho de Segurança votar a favor da
admissão do “Estado Palestino” como membro pleno, o fato forçará o veto
norteamericano, como já anunciou há dias o governo democrata de Barak Obama.
Mesmo que o Conselho de
Segurança da ONU, em sua maioria vote pela admissão da Palestina e mesmo ainda
que os EUA desistam de vetar, esses fatos não tornarão a Palestina ainda um
estado soberano, mas permitirá a Israel que o trate como tal, principalmente,
ao declarar contra ela uma nova guerra. A estratégia israelense com relação aos
palestinos tem sido de ‘contenção’ e de não-agressão ao povo, limitando suas
ações militares à caça de terroristas e de militantes anti-israelenses que não
cessam de agredir o estado judeu. Caso a ONU, com uma possível desistência de
Washington em vetar, eleve a Palestina a um status de ‘estado soberano’ e
membro do seu quadro, estará dado um passo definitivo para habilitar Israel a
uma guerra de anexação da Palestina, que poderá ter consequências trágicas em
termos de sacrifício humano.
Nessa hora, os países que usam
os palestinos como ‘bucha de canhão’ contra Israel – principalmente Egito, Irã
e Síria – certamente não entrarão numa guerra contra os judeus, pois sabem
muito bem o que têm a perder, com ou sem o apoio direto dos EUA no teatro de operações.
No fundo, a ANP não deseja tal
status (de estado palestino soberano) e conta com o veto americano, mas a
jogada traz embutida a teatralidade de promover o antiamericanismo global, que
rende votos e prestígio à esquerda junto à fração menos esclarecida e
politizada do eleitorado.
Os seis países do Conselho que
já anunciaram sua intenção de votar a favor do absurdo palestino – Rússia,
China, África do Sul, Líbano, Índia e Brasil – na verdade, querem mais é ver o
circo pegar fogo e também contam com o veto de Obama, como uma vitória
‘estratégica’ no fomento ao antiamericanismo global. Os EUA e seus aliados
tentam, por sua vez, mostrar aos demais o perigo iminente de se satisfazer a
pretensão da ANP para a paz no Oriente Médio e por extensão à paz mundial.
Já por algumas vezes, os
líderes israelenses têm dito que “preferiam que os palestinos fossem capazes de
realmente se organizar num estado soberano, pois em assim sendo, lidariam com
seus problemas mútuos de estado para estado, para a paz ou para a guerra, ao
invés de terem os judeus que lidar com a difícil missão de neutralizar grupos
terroristas militantes que agridem as populações civis israelenses e usam
escudos humanos de suas próprias mulheres e crianças para adicionar uma
pretensa crueldade por parte dos judeus à sua luta.
A democrata Hillary Clinton,
secretária de estado do governo de Obama, segue resoluta afirmando que “a única
maneira para se alcançar alguma solução no sentido de se criar um estado
palestino viável e efetivo é a mesa de negociações com os judeus", mas
para isso é necessário, antes de tudo que a ANP aceite o estado de Israel como
legítimo nas fronteiras atuais. Não há outra solução possível fora disso.
Hoje Obama se reúne com Abbas
e as cartas serão postas na mesa. Washington sabe com que intenção a ANP
insiste neste falso caminho e Obama lhe deverá dizer que vetará uma possível
eleição de sua admissão, até por uma questão de segurança e estabilidade na
região, que atravessa uma série de movimentos populares anti-ditatoriais, como
os que ocorrem no Egito, na Líbia e na Síria.
Israel está aparentemente
quieto em relação a tudo, mas não menos preparado para tudo também. O primeiro-ministro
Benjamin Netanyahu, diz que não há sequer a possibilidade de um "acordo
bilateral com a ANP”, que depende, em grande parte do dinheiro enviado
mensalmente pelos EUA, pela EU e – pasme – pelo próprio Israel para que
continue a sua farsa de funcionar como se fosse um estado palestino. Mesmo
porque ‘acordos’ anteriores não impediram que os foguetes de fabricação caseira
– única indústria dos palestinos – continuassem a atingir as cidades
israelenses mais próximas da fronteira com a faixa de Gaza. O dinheiro que
Israel manda à ANP é da ordem de 90 milhões de dólares mensais, provenientes de
acordos que prevêem o reembolso por Israel de taxas aduaneiras e do IVA
(imposto sobre valor agregado) sobre os bens importados pelos palestinos que
transitam pelos portos e aeroportos israelenses, que são essenciais para o
pagamento dos salários de cerca de 150.000 funcionários da ANP.
Agora esses recursos estão sob
ameaça de cessarem caso Tel Aviv denuncie todos esses acordos com os
palestinos, cuja reciprocidade por parte da ANP nunca existiu.
Por sua vez, Moshe Yaalon,
ministro de Assuntos Estratégicos, já ameaçou autorizar e intensificar a
construção de milhares de residências nos assentamentos da Cisjordânia e no
leste de Jerusalém, cidade que os judeus não abrem mão de pertencer a Israel e
que os palestinos querem como capital de um futuro hipotético estado palestino.
Há uma pressão muito grande
dentro de Israel para que o estado judeu anexe imediatamente as áreas onde
existem tais assentamentos e onde vivem a maioria dos trezentos mil judeus que
vivem na margem ocidental do rio Jordão que divide o país da Jordânia.
Título e Texto: Francisco
Vianna, 22-09-2011, enviado pelo autor por e-mail.
Mas é isso mesmo! Com o perdão da indelicadeza, só não percebe isso quem não quer...
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