sexta-feira, 13 de julho de 2012

O risco de morrer na praia

Helena  Garrido
Estamos bastante melhor do que há um ano. Mas continuamos no fio da navalha e com sinais crescentes de que poderemos morrer na praia se a troika e as lideranças europeias não ajudarem.
O discurso de Paulo Portas no encerramento do debate do Estado da Nação foi o mais claro exemplo dos riscos que enfrentamos neste Verão de colapso da coesão social e política. O dramatismo que o ministro dos Negócios Estrangeiros colocou no seu discurso e o confronto que fez com a situação, muito pior, em que estávamos há um ano e a que poderemos estar, melhor, em 2013 falaram mais sobre a fragilidade da actual conjuntura portuguesa do que mil e uma imagens.
Estamos sem dúvida e factualmente melhor do que há um ano. Na frente externa, fomos para as férias do Verão de 2011 com a Zona Euro em risco de colapso. E com a imagem externa de Portugal nas ruas da amargura. Éramos o P dos GIPSI, o país que não ia cumprir o Memorando de Entendimento, que não iria ter exactamente os mesmos problemas que a Grécia.
As taxas de juro da dívida pública têm caído no mercado secundário, Portugal conseguiu já financiar-se a taxas de juro inferiores às que enfrentava antes da intervenção externa e a percepção de risco medida pelo CDS caiu. As privatizações estrearam-se com enorme sucesso financeiro, garantindo uma receita superior à que estava inscrita no Memorando de Entendimento. E estas privatizações somadas a uma acentuada redução do défice externo e a algum financiamento no mercado permitiram que se ultrapasse o problema da subavaliação do empréstimo externo.
Claro que nem tudo correu bem. Não estão de todo controladas as contas públicas, na sua versão ampla em que se inclui o Estado, mas também as empresas públicas e as parcerias público-privadas.
Sem dúvida que, tal como Paulo Portas afirma, estamos agora melhor do que há um ano. Mas se fizemos até agora o necessário, não conseguimos ainda realizar o suficiente para ter a liberdade de falhar objectivos.
Estamos na praia, mas ainda não chegámos à areia. E o que pode ser neste momento mais desesperante é assistirmos ao crescente risco de morrermos na praia, não por sermos empurrados pelos nossos parceiros, mas pelas nossas próprias mãos.
A greve dos médicos, ditada mais pela perda de poder de compra do que pela defesa da qualidade dos serviços, a prometida greve dos enfermeiros, os sucessivos apupos a vários elementos do governo revelam bem o risco de se quebrar a coesão social. Precisávamos de um sucesso que se sentisse nos bolsos, mas lamentavelmente nada no horizonte promete esse milagre.
É esta fragilidade social que já foi percebida pelo Governo e, esperemos, pelos parceiros europeus. Essa tem de ser a leitura da recomendação do Eurogrupo quando recomenda à troika que trabalhe com as autoridades portuguesas para "garantir que o processo de ajustamento se mantém na trajectória prevista".
Sim, estamos melhor do que no Verão passado. Mas este Verão vai ser também o sonho ou o pesadelo. O Governo e a troika vão ter de flexibilizar objectivos sem que ninguém repare ou considere que Portugal está a falhar. E sem que seja necessário nem mais tempo, nem mais dinheiro. Para evitar morrer na praia.
Título e Texto: Helena Garrido, Jornal de Negócios

Mas não vai ser nada fácil! Se dependesse da vermelhada (mistura de verme com canalhada) Portugal morreria na praia. O objetivo é desestabilizar este Governo e derrotar a... "direita! E ph... os portugueses!

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