Helena Garrido
Estamos bastante melhor do que há um ano. Mas continuamos no fio da
navalha e com sinais crescentes de que poderemos morrer na praia se a troika e
as lideranças europeias não ajudarem.
O discurso de Paulo Portas no
encerramento do debate do Estado da Nação foi o mais claro exemplo dos riscos
que enfrentamos neste Verão de colapso da coesão social e política. O
dramatismo que o ministro dos Negócios Estrangeiros colocou no seu discurso e o
confronto que fez com a situação, muito pior, em que estávamos há um ano e a
que poderemos estar, melhor, em 2013 falaram mais sobre a fragilidade da actual
conjuntura portuguesa do que mil e uma imagens.
Estamos sem dúvida e
factualmente melhor do que há um ano. Na frente externa, fomos para as férias
do Verão de 2011 com a Zona Euro em risco de colapso. E com a imagem externa de
Portugal nas ruas da amargura. Éramos o P dos GIPSI, o país que não ia cumprir
o Memorando de Entendimento, que não iria ter exactamente os mesmos problemas
que a Grécia.
As taxas de juro da dívida
pública têm caído no mercado secundário, Portugal conseguiu já financiar-se a
taxas de juro inferiores às que enfrentava antes da intervenção externa e a
percepção de risco medida pelo CDS caiu. As privatizações estrearam-se com
enorme sucesso financeiro, garantindo uma receita superior à que estava
inscrita no Memorando de Entendimento. E estas privatizações somadas a uma
acentuada redução do défice externo e a algum financiamento no mercado
permitiram que se ultrapasse o problema da subavaliação do empréstimo externo.
Claro que nem tudo correu bem.
Não estão de todo controladas as contas públicas, na sua versão ampla em que se
inclui o Estado, mas também as empresas públicas e as parcerias
público-privadas.
Sem dúvida que, tal como Paulo
Portas afirma, estamos agora melhor do que há um ano. Mas se fizemos até agora
o necessário, não conseguimos ainda realizar o suficiente para ter a liberdade
de falhar objectivos.

A greve dos médicos, ditada
mais pela perda de poder de compra do que pela defesa da qualidade dos
serviços, a prometida greve dos enfermeiros, os sucessivos apupos a vários
elementos do governo revelam bem o risco de se quebrar a coesão social.
Precisávamos de um sucesso que se sentisse nos bolsos, mas lamentavelmente nada
no horizonte promete esse milagre.
É esta fragilidade social que
já foi percebida pelo Governo e, esperemos, pelos parceiros europeus. Essa tem
de ser a leitura da recomendação do Eurogrupo quando recomenda à troika que
trabalhe com as autoridades portuguesas para "garantir que o processo de
ajustamento se mantém na trajectória prevista".
Sim, estamos melhor do que no
Verão passado. Mas este Verão vai ser também o sonho ou o pesadelo. O Governo e
a troika vão ter de flexibilizar objectivos sem que ninguém repare ou considere
que Portugal está a falhar. E sem que seja necessário nem mais tempo, nem mais
dinheiro. Para evitar morrer na praia.
Título e Texto: Helena
Garrido, Jornal de Negócios
Mas não vai ser nada fácil! Se dependesse da vermelhada (mistura de verme com canalhada) Portugal morreria na praia. O objetivo é desestabilizar este Governo e derrotar a... "direita! E ph... os portugueses!
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