Dois dias antes de Portugal
dar um passo de gigante no regresso aos mercados internacionais, João Ferreira
do Amaral, um economista próximo da área socialista, deu uma entrevista ao Expresso,
no qual continuou a defender que Portugal nunca deveria ter entrado no Euro, e
a solução para os nossos problemas é, agora, sair da moeda única europeia.
Argumenta que “ um país fraco
não pode ter uma moeda forte”. Não lhe passa pela cabeça que o país não é fraco
por causa da moeda, mas sim pelo desperdício acumulado de quinze anos, nos
quais Portugal recebeu a maior apoio financeiro alguma vez recebido nos últimos
dois séculos, da Europa e em Euros, a maior parte a fundo perdido, e em vez de
o transformar em crescimento e emprego, como o fizeram a maior dos países que
receberam idênticos Quadros de Apoio, colocou-o quase todo em cimento armado e
a engordar o Estado a caminho do socialismo, com uma gestão de tal forma
incompetente que, em vez de enriquecer o país, criaram uma “bolha” interna de
crédito fácil, geraram défices orçamentais anuais permanentes e aumentaram o
rácio da dívida portuguesa para números estratosféricos.
Mas pela boca morre o peixe !
Via João Navarro deAndrade, no "Delito de Opinião", tive acesso ao conteúdo da
entrevista que o dito economista deu a Clara Ferreira Alves. Leiamos um excerto.
“A receita para tão suave
milagre anda JFA a bradá-la há anos neste deserto: sair do €. Limpo, cirúrgico
e indolor, ou pelo menos sem austeridade exageradas como a que hoje penamos –
certo?
Vai daí e Clara, senhora de
grande astúcia, pergunta pelas consequências de tão elegante e airosa magicação
segregada pelo auspicioso cérbero de JFA:
“Como seria pagar a
dívida externa nesse cenário de saída ordeira?
Seria o cenário
argentino. Teríamos dois anos infernais e depois resolvia-se. O pior seriam os
dois anos, do ponto de vista democrático. A violência, a bandidagem… a dívida
externa, a pública só me preocupa na media em que é externa, é brutal.”
“Mas as prestações
sociais teriam sempre de aumentar, o que aumenta o risco de hiperinflação.
E aí, o que me preocupa
mais são os medicamentos, que são quase todos importados. Teria de ser feito um
programa especial para isso. A despesa também não seria por aí além.”
Ou ainda:
“As pessoas fazem
perguntas concretas sobre a vida delas. Se tiverem uma dívida ao banco de uma
casa, como é que essa dívida vai ser paga? Em euros? Em escudos?
Acho que o Estado se
deve substituir ao devedor na proporção que resulta da desvalorização cambial.
Pode fazer um empréstimo junto do banco de Portugal. A outra hipótese é a
bonificação da taxa de juro. Ou se reduz o capital ou se reduz a taxa de juro.”
»
Ou seja, o douto senhor, que
teoriza sobre a saída do euro, diz-nos que o “day after” é um caos tão
indiscritível que não é mensurável. Ou seja, propõe sair de uma situação onde
há falta de crescimento e desemprego para uma nova situação onde haverá muito
mais desemprego e uma acentuada regressão económica.
Na qual a ordem pública terá
de ser controlada. E os contestatários, a vadiagem, bem amordaçados…
E depois uma ditadurazinha,
não é?
Título e Texto: Maurício
Barra, Forte Apache,
09-05-2013
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