Rodrigo Constantino
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Greg, o “poser” número um das
redes sociais
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Aconteceu novamente! Acho que
tem algum editor da Folha que não vai muito com a cara de Gregorio Duvivier, e
mostra para o filósofo Luiz Felipe Pondé seu texto antes de publicar a edição
das segundas-feiras. Uma vez mais a coluna de Pondé é um soco na cara hipócrita de
Duvivier, como se fosse uma resposta sob medida ao sensacionalismo barato do
“humorista” da esquerda caviar. Vamos por partes.
Gregorio reclama daqueles que
só reclamam e não fazem nada para ajudar a construir um mundo melhor. Até aí,
tudo bem. Mas o que o rapaz do Porta dos Fundos entende como fazer algo por um
mundo melhor? É aqui que a coisa começa a feder, e muito. Duvivier, em sua
bolha, preso no mundinho dos ricos de esquerda, entende que fazer algo pelo
mundo é colocar avatar colorido na rede social, acrescentar sobrenome de índio,
virar vegetariano, etc.
Eis a imagem que o moço tem de
“fazer algo por um mundo melhor”. E esses chatos que só reclamam, muito fariam
se não atrapalhassem! Que mundo lindo teríamos se todos colocassem
perfis com arco-íris no Facebook…
Mas Pondé, o estraga-prazeres,
vem logo depois falando justamente sobre a “banalidade do bem”, esse fenômeno
que pode ser traduzido como o “poser” da era das redes sociais, aquele que só
pensa em posar de bom moço, de um nobre abnegado “consciente”
que, uau!, demonstra todo seu apreço pelas “minorias” usando um avatar colorido
ou acrescentando guarani kayowá ao nome no Face!
Quantas calorias o sujeito
precisa gastar para isso? Duas? Três, no máximo? Enfim, o “esforço” é logo
recompensado por um décimo de uma mandioca, essa incrível conquista nacional
segundo a presidente Dilma. Esqueça aquele empreendedor que cria uma empresa
nova do zero, em ambiente totalmente hostil como o Brasil, dominado pela
mentalidade marxista. Esse é um ganancioso capitalista insensível. Esqueça o
policial que ganha um salário ridículo e arrisca a vida para proteger a
população, inclusive a esquerda caviar, contra bandidos, tratados como “vítimas
sociais” por essa esquerda. Esse é um “fascista”. Quem realmente faz muito pela
humanidade é o humorista que coloca um avatar colorido no Facebook!
Posso até imaginar Greg
ligando para sua avó e perguntando: “Vovó, você viu como defendi o vegano como
o ser mais nobre do planeta em minha coluna de hoje? Viu como seu netinho é o
máximo?” Seria cômica, não fosse trágica a noção que o “poser” realmente tem do
que significa fazer algo por um mundo melhor. Pondé disseca o fenômeno,
deixando Greg e seus pares mais nus do que participante de Parada Gay:
Quero falar da banalidade
do bem, a irmã caçula da banalidade do mal. Menos conhecida, ela desfila por
nossas praças chiques em que caras limpas e bem vestidas caminham domingos e
feriados, em busca de uma vida equilibrada. Seus filhos pequenos e seus cães
brincam juntos, provando que “está surgindo uma nova geração com mais
consciência”.
Voltando ao poeta russo Brodsky
e ao texto dele citado anteriormente, uma das ideias mais elegantes que o autor
nos apresenta nesse ensaio é que não devemos falar do “bem” diante de muitas
pessoas porque os maus sentimentos são os mais comuns nas pessoas, e, por isso
mesmo, quando você tem muitas pessoas reunidas, o provável é que maus
sentimentos estejam por toda parte, e que você esteja falando com muitas
pessoas más.
Sobre o “bem”, diz Brodsky,
deve-se falar apenas em círculos muito íntimos. Logo, não existe a
possibilidade de falarmos do “bem” nas redes sociais, se formos levar a sério
(como eu levo) o que nos diz o poeta russo. Portanto, o “bem nas redes” é
sempre banalidade do bem. E o que é a banalidade do bem, afinal?
Banalidade do bem é uma
forma de fungo também, mas que causa um efeito um tanto eufórico em quem a
prática, porque faz você se sentir bem “consigo mesmo”. Tipo ajudar crianças na
África e postar fotos de você sorrindo ao lado da foto de uma delas. Ou assistir
a rituais indígenas em algum centro cultural em São Paulo e postar fotos de
você ao lado de um neoxamã. Ou postar foto de você com transexuais mostrando
que você ama a diversidade. Ou postar frases do tipo “Odeie seu ódio!”. Ou
imagens de sua filha reciclando lixo.
Veja que a banalidade do
bem tem uma dependência direta de você “postar” que você é do bem. Se o habitat
natural da banalidade do mal são a burocracia e a “gestão”, o habitat natural
da banalidade do bem são as redes sociais.
Ouch! Se Greg e sua turma
tivessem um pingo de vergonha na cara, parariam de fazer “poesia” nas redes
sociais (ou na Folha), como se fossem as almas mais nobres e “conscientes”
(argh!) do mundo só porque gritam aos quatro cantos do planeta
como são nobres e “conscientes”. A espalhafatosa ação do “poser” trai sua
verdadeira motivação, que já fora detectada no Eclesiastes:
“Vaidade de vaidades, diz o
pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade”. E como são
vaidosos esses “bonzinhos” engajados do Facebook…
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