segunda-feira, 13 de julho de 2015

A banalidade do bem: o “poser” na era das redes sociais

Rodrigo Constantino

Greg, o “poser” número um das redes sociais
Aconteceu novamente! Acho que tem algum editor da Folha que não vai muito com a cara de Gregorio Duvivier, e mostra para o filósofo Luiz Felipe Pondé seu texto antes de publicar a edição das segundas-feiras. Uma vez mais a coluna de Pondé é um soco na cara hipócrita de Duvivier, como se fosse uma resposta sob medida ao sensacionalismo barato do “humorista” da esquerda caviar. Vamos por partes.

Gregorio reclama daqueles que só reclamam e não fazem nada para ajudar a construir um mundo melhor. Até aí, tudo bem. Mas o que o rapaz do Porta dos Fundos entende como fazer algo por um mundo melhor? É aqui que a coisa começa a feder, e muito. Duvivier, em sua bolha, preso no mundinho dos ricos de esquerda, entende que fazer algo pelo mundo é colocar avatar colorido na rede social, acrescentar sobrenome de índio, virar vegetariano, etc.

Eis a imagem que o moço tem de “fazer algo por um mundo melhor”. E esses chatos que só reclamam, muito fariam se não atrapalhassem! Que mundo lindo teríamos se todos colocassem perfis com arco-íris no Facebook…

Mas Pondé, o estraga-prazeres, vem logo depois falando justamente sobre a “banalidade do bem”, esse fenômeno que pode ser traduzido como o “poser” da era das redes sociais, aquele que só pensa em posar de bom moço, de um nobre abnegado “consciente” que, uau!, demonstra todo seu apreço pelas “minorias” usando um avatar colorido ou acrescentando guarani kayowá ao nome no Face!

Quantas calorias o sujeito precisa gastar para isso? Duas? Três, no máximo? Enfim, o “esforço” é logo recompensado por um décimo de uma mandioca, essa incrível conquista nacional segundo a presidente Dilma. Esqueça aquele empreendedor que cria uma empresa nova do zero, em ambiente totalmente hostil como o Brasil, dominado pela mentalidade marxista. Esse é um ganancioso capitalista insensível. Esqueça o policial que ganha um salário ridículo e arrisca a vida para proteger a população, inclusive a esquerda caviar, contra bandidos, tratados como “vítimas sociais” por essa esquerda. Esse é um “fascista”. Quem realmente faz muito pela humanidade é o humorista que coloca um avatar colorido no Facebook!

Posso até imaginar Greg ligando para sua avó e perguntando: “Vovó, você viu como defendi o vegano como o ser mais nobre do planeta em minha coluna de hoje? Viu como seu netinho é o máximo?” Seria cômica, não fosse trágica a noção que o “poser” realmente tem do que significa fazer algo por um mundo melhor. Pondé disseca o fenômeno, deixando Greg e seus pares mais nus do que participante de Parada Gay:

Quero falar da banalidade do bem, a irmã caçula da banalidade do mal. Menos conhecida, ela desfila por nossas praças chiques em que caras limpas e bem vestidas caminham domingos e feriados, em busca de uma vida equilibrada. Seus filhos pequenos e seus cães brincam juntos, provando que “está surgindo uma nova geração com mais consciência”.

Voltando ao poeta russo Brodsky e ao texto dele citado anteriormente, uma das ideias mais elegantes que o autor nos apresenta nesse ensaio é que não devemos falar do “bem” diante de muitas pessoas porque os maus sentimentos são os mais comuns nas pessoas, e, por isso mesmo, quando você tem muitas pessoas reunidas, o provável é que maus sentimentos estejam por toda parte, e que você esteja falando com muitas pessoas más.

Sobre o “bem”, diz Brodsky, deve-se falar apenas em círculos muito íntimos. Logo, não existe a possibilidade de falarmos do “bem” nas redes sociais, se formos levar a sério (como eu levo) o que nos diz o poeta russo. Portanto, o “bem nas redes” é sempre banalidade do bem. E o que é a banalidade do bem, afinal?

Banalidade do bem é uma forma de fungo também, mas que causa um efeito um tanto eufórico em quem a prática, porque faz você se sentir bem “consigo mesmo”. Tipo ajudar crianças na África e postar fotos de você sorrindo ao lado da foto de uma delas. Ou assistir a rituais indígenas em algum centro cultural em São Paulo e postar fotos de você ao lado de um neoxamã. Ou postar foto de você com transexuais mostrando que você ama a diversidade. Ou postar frases do tipo “Odeie seu ódio!”. Ou imagens de sua filha reciclando lixo.

Veja que a banalidade do bem tem uma dependência direta de você “postar” que você é do bem. Se o habitat natural da banalidade do mal são a burocracia e a “gestão”, o habitat natural da banalidade do bem são as redes sociais.

Ouch! Se Greg e sua turma tivessem um pingo de vergonha na cara, parariam de fazer “poesia” nas redes sociais (ou na Folha), como se fossem as almas mais nobres e “conscientes” (argh!) do mundo só porque gritam aos quatro cantos do planeta como são nobres e “conscientes”. A espalhafatosa ação do “poser” trai sua verdadeira motivação, que já fora detectada no Eclesiastes: “Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade”. E como são vaidosos esses “bonzinhos” engajados do Facebook… 
Título, Imagem e Texto: Rodrigo Constantino, veja, 13-7-2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-