Tavares Moreira
A recente convulsão
político-financeira da Grécia constituiu uma óptima oportunidade para
revisitarmos a imensa capacidade criativa bem como a incorrigibilidade dos
cultores do Papaçordismo nacional…
Desde aqueles que viram na
crise grega e no seu desfecho o fim da Europa ou do projecto europeu, aos que
advogam a necessidade de uma reforma profunda do Euro (sem qualquer
especificação, para se perceber melhor…), houve de tudo nestas semanas de
grande agitação.
Recordo-me ainda bem (já aqui
tenho referido) do modo essencialmente folclórico com que este Papaçordismo
interpretou a nossa adesão ao Euro: um grande feito
nacional – ter sido capazes, aparentemente sem esforço, de participar na
carruagem da frente do Euro – que se impunha festejar, festejar (leia-se gastar)…
… não havendo à época quase
ninguém que tivesse chamado a atenção para as exigências que a partilha de uma
moeda comum com países que tinham uma forte tradição de disciplina
financeira/monetária nos impunha, nomeadamente no plano orçamental.
Chegou-se ao ponto de um alto
responsável pela política económica se ter aventurado a proclamar publicamente,
em Fev/2010, a irrelevância do endividamento externo numa zona monetária como a
do Euro, contrariando, com toda a autoridade, os avisos tontos de alguns, bem
poucos por sinal, que já na altura chamavam a atenção para os riscos do
excessivo endividamento do Estado e dos privados.
Para este Papaçordismo
nacional, a disciplina que a zona Euro exigiu/impôs à Grécia é inaceitável: a
zona Euro deveria ter permitido que a Grécia continuasse a ser gerida à revelia
das regras financeiras que são a essência de uma união monetária credível, não
restando aos demais países outra solução que não fosse
curvar-se perante as fantasias e os caprichos dos novos dirigentes gregos,
dispensando-lhes todo o apoio financeiro, a fundo perdido se necessário…
… não fazer isso foi trair o
projecto europeu, reduzindo a cinzas os valores da solidariedade e da
cooperação, elementos básicos desse projecto!
Não há emenda possível para o
Papaçordismo nacional…daqui a 10 anos estaremos exactamente na mesma!
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