segunda-feira, 27 de julho de 2015

Nostradamus

José Manuel

Michel de Nostredame ou Miquèl de Nostradama, apotecário e médico da Renascença que praticava a alquimia (como muitos dos médicos do século XVI). Ficou famoso por sua suposta capacidade de vidência. Sua obra mais famosa, "As Profecias", é composta de versos agrupados em quatro linhas (quadras), organizados em blocos de cem (centúrias); algumas pessoas acreditam que estes versos contêm previsões codificadas do futuro.
Sofria de epilepsia psíquica, de gota e de insuficiência cardíaca. Morreu em 2 de julho de 1566 em Salon-de-Provence, vítima de um edema cárdio-pulmonar.

É assim então que conhecemos aquele que mais tarde viria a se auto declarar Nostradamus, utilizando o latim, quando iniciou a sua obra profética em 1550.
Não precisamos recuar tanto tempo assim, e para ficar mais fácil de entender as profecias no nosso quintal, retrocedamos apenas até aos anos 60 do século vinte, quando um General da contra-revolução de 1964, Olímpio Mourão Filho no início dos anos 70 escreveu o seguinte:

“Ponha-se na presidência qualquer medíocre, louco ou semi-analfabeto, e vinte e quatro horas depois a horda de aduladores estará à sua volta, brandindo o elogio como arma, convencendo-o que é um gênio político e um grande homem, e de que tudo que faz está certo. Em pouco tempo transforma-se um ignorante em um sábio, um louco em um gênio equilibrado, um primário em um estadista. E um homem nessa posição empunhando as rédeas de um poder praticamente sem limites, embriagado pela bajulação, transforma-se num monstro perigoso.”

O general Mourão Filho faleceu em 1972, portanto não chegou a conhecer quem nos atormenta desde 1º de janeiro de 2003.
Um outro general, que conheceu  "O Cara" muito bem e também altamente profeta, o general Ernesto Geisel, foi também direto e só não entendeu quem não quis:

"Se é vontade do povo brasileiro, eu promoverei a abertura política no Brasil. Mas chegará um tempo que o povo sentirá saudades da ditadura militar.
Pois muitos desses que lideram o fim da ditadura, não estão visando o bem do povo, mas sim os seus próprios interesses.”

Ernesto Geisel governou o país de 1974 a 1979.

Foi também presidente da Petrobras e da Norquisa, empresa ligada à petroquímica. Portanto, além de profeta ele sabia muito bem o que estava dizendo, e o que poderia vir a ocorrer no futuro, exatamente no conglomerado petroquímico em que foi presidente.

Na realidade, em verdade, todos nós do Aerus somos um pouco profetas e não precisaríamos recorrer a Nostradamus, nem tampouco aos generais, para sacar desde o início, a fria, o poço social em que o país estava mergulhando ao colocar no poder tamanha aberração política, e que está culminando agora com esta recessão ímpar e tamanha vergonha pelo qual o país está passando com uma corrupção descomunal, talvez nunca vista na história do planeta.

Na sexta-feira, 24 de julho de 2015, duas coisas muito interessantes aconteceram.

A primeira, logo de manhã, tivemos o coroamento de uma luta de nove anos, em que os governos desses ignorantes transformados em sábios, desses loucos transformados em gênios equilibrados, desses primários transformados em estadistas, derreteram uma das maiores empresas de aviação do mundo e brasileira de nascença, a Varig.

Mais do que simples nexo causal de delito programado, causaram um caos social com consequências sobejamente conhecidas de todos. Ao alvorecer do dia desta finalmente sexta-feira branca, quando vimos de novo as nossas contas bancárias receberem o salário depositado, tivemos a sensação de que não foi em vão a nossa luta.
Ainda que seja apenas o de março, está lá, e os outros virão a seguir.

A segunda, à noite, ter tido o prazer de ler nos principais jornais, que o frágil e corrupto castelo de cartas a que ficamos atrelados durante doze anos, começa a ruir fragorosamente com uns entregando os outros, num cenário de derretimento moral e de vergonha apocalítica.

Aqui sim, Nostradamus se faz presente em uma das suas mais conhecidas profecias.
Aos 20 anos de idade, na primavera de 1523, o jovem Nostradamus escreveu:

"Próximo ao fim, clarões iluminarão o céu do Czar e o mais alto renunciará. O ditador padece enquanto o rei dos Santos derruba a sua última lágrima (Nostradamus IV,25,11)" 

Aqui, fica claramente visível a descrição do que precederá o apocalipse de uma casta, apodrecida pela filoxera moral.  
Título e Texto: José Manuel - e assim, temos finalmente a certeza de que os homens são criadores do seu próprio inferno, 27-7-2015

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