Cesar Maia
1. Em 2011, o populismo keynesiano adaptado aqui começava a diluir.
Daí para frente os fundamentos macroeconômicos foram derretendo até tornarem a
recessão "sustentável". Em 2015, a situação dramática pós-eleitoral
deu nitidez a tudo isso. As medidas de ajuste adotadas mostram-se insuficientes
para dar uma resposta em curto prazo.
2. As projeções de cenários apontam para o alongamento da recessão
até, pelo menos, 2017. Alguma luz no fim do túnel, talvez, em 2018, assim mesmo
como transição e se o dever de casa for feito adequadamente. A alternativa
seria a tradição latino-americana de tributar e crescer com a inflação. Mas a
mudança em 2018 seria inevitável.
3. Serão oito anos em 2018. Oito anos em que as perspectivas negativas
das pessoas, das famílias e das empresas, como reação ao clima de desconfiança
hoje e de imprevisibilidade amanhã, as fazem atuarem defensivamente. Vale
dizer, perde-se a ousadia.
4. Supondo um jovem terminando o ensino fundamental, isso significa
que dos quinze aos vinte e três anos esse pessimismo o estará contaminando. Nas empresas - além
do desemprego - aumenta a rotatividade de forma a trocar funcionários de maior
por menor salário, desestimulando todos.
5. Os governos municipais e estaduais, vivendo a mesma crise fiscal
do governo federal, apontam contra sua maior despesa, que são os servidores
públicos. Interrompem os concursos, aplicam reajustes menores que a inflação,
interrompem políticas de estímulo e cortam quando podem. Com isso, o setor
público perde dinamismo, criatividade e ousadia ou, em uma palavra,
produtividade, acentuando as curvas da crise.
6. Portanto, a crise que o Brasil atravessa precisa ser medida
muito além dos dados objetivos e mensuráveis, como inflação, juros, câmbio,
taxa de desemprego, taxa de crescimento, taxa de inadimplência, etc. O impacto
da crise é muito mais profundo, pois atinge a motivação e a formação dos jovens
e, dessa forma, o futuro.
7. Após a crise, lá por 2018 ou 2019, o desenvolvimento brasileiro
perderá impulso interno sustentável e terá que se valer de fatores humanos
externos, importando ainda mais tecnologia, bens de capital e obras, e novos
meios de desenvolvimento da educação, da saúde e da segurança.
8. Esse é o aspecto mais grave da atual crise.
Título e Texto: Cesar Maia, 28-7-2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-