O "Politico" faz
manchete com a análise das razões por que não acredita que as eleições resultem
num "Tsipras 2.0". Partidos do centro aguentam-se porque "as
coisas estão, lentamente, a melhorar".
Foto: AFP/Getty Images |
Edgar Caetano
Portugal caminha para as
eleições de outubro “sem quaisquer sinais de ascensão dos partidos radicais de
esquerda como o Syriza e o Podemos” e, apesar dos vários escândalos que
abalaram o país nos últimos anos e do ajustamento exigido pelo programa da troika,
“o establishment político continua inabalável”. Na opinião do Politico, que já se afirmou como uma das principais
publicações em Bruxelas, Portugal é, portanto, o
“anti-Grécia”.
“Apesar de anos marcados por
dificuldades económicas e queixumes ruidosos contra a austeridade, Portugal
caminha para as eleições com um dos sistemas políticos menos radicalizados de
toda a zona euro”, escreve Paul Ames, jornalista do Politico em reportagem em
Lisboa.
O jornalista relata que
não faltam cartazes espalhados pela cidade a exigir a saída do euro e a lutar
contra as privatizações. Mas, em termos eleitorais, isso não terá expressão. “O
velho Partido Comunista terá, segundo as sondagens, cerca de 10% dos votos, o
mesmo da última eleição”, diz o Politico. E “os aspirantes a Syriza, o Bloco de
Esquerda, estão a ter dificuldades em manter os mesmos 5% que conseguiram há
quatro anos”, enquanto “os partidos de extrema-direita nem sequer aparecem no
radar da política portuguesa”.
“Nem a vaga de escândalos de
corrupção – que mandaram [José] Sócrates para a cadeia acusado de fraude,
que levaram ao colapso do maior banco privado e que colocaram na prisão altos
responsáveis dos serviços de imigrações – conseguiu abalar o establishment político.
E porque sobreviveu a política
moderada? “Em parte, porque as coisas estão, lentamente, a melhorar”. “O
turismo está a disparar, a exportação de vinho e calçado está a subir e o mundo
das startups portuguesas está a dar que falar
internacionalmente”, escreve o Politico.
O jornalista descreve, a
partir das conversas que teve em Lisboa, o risco de uma abstenção elevada e a
dificuldade que haverá em formar um governo maioritário. Mas, apesar de António
“Costa ter levado o Partido Socialista para a esquerda, mesmo que ele leve os
socialistas à vitória é provável que Portugal se alinhe com França e Itália nas
cimeiras europeias, não devendo provocar uma confrontação ao estilo grego”.
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