Luciano Henrique
Ontem, Rodrigo Constantino fez
uma análise brilhante das eleições recentes na Argentina. O caso é que no
primeiro turno, o candidato apoiado por Cristina Kirchner [foto] ficou quase 10 pontos à frente do segundo colocado
(faltou pouco para ele vencer no primeiro turno). Antes de falar da Argentina,
Constantino lembra do caso brasileiro:
O PT já era. Do ponto de vista
moral, é isso mesmo. Vemos ratos abandonando a canoa furada na maior cara de
pau, como se não tivessem defendido o lulopetismo até ontem. Sentem os ventos
de mudança e se adaptam. Mas isso não quer dizer que o PT acabou politicamente,
muito menos que o governo está com seus dias contados. Reconhecer a diferença
entre as duas coisas é fundamental para a sobrevivência de nossa democracia.
É isso!
Temos que deixar claro que o
clima de “já ganhou” deve ser deixado para trás. Sabemos que os líderes
petistas possuem um senso moral digno de assustar o Cão. Porém, ao mesmo tempo,
possuem uma capacidade de compreensão dos eventos políticos que raros
direitistas conseguem sequer assimilar. Às vezes dá a impressão que o PT possui
um aparelho no estilo daquele usado pelos personagens do filme MIB (Men in
Black), mas que ao invés de apagar a mente, faz com que seu alvo passe a pensar
e agir como uma criancinha. O fenômeno se presencia quando vemos o PT
dizer coisas como “Aécio é agressivo por usar o termo leviana” ou “há
pauta-bomba do Congresso”, sem serem contestados ao ponto da humilhação épica.
A partir do dia em que
fizermos a escolha de compreender os arquitetos do PT como exemplos de mentes
psicopáticas, iremos não apenas adentrar a um mero embate político, mas a uma
luta contra a psicopatia política. A partir daí, cada instância de cinismo
alucinado custará caro aos petistas. Mas enquanto não fizermos a opção por este
entendimento da realidade, ainda deixamos na mão dos petistas um poder
assustador. Ter o poder de agir como um psicopata diante de pessoas que não
conseguem entender o processamento de eventos resultantes de tal tipo de gente,
em qualquer embate político, é um diferencial aterrador. Podemos até supor que
os arquitetos petistas conseguiram tal nível de conhecimento a partir
de consultorias vindas de outros líderes que já avançaram totalitarismos
em maior escala no Foro de São Paulo, como Venezuela e Argentina.
Constantino lembra que “mesmo
com toda a crise econômica e moral, esses governos autoritários bolivarianos
conseguiram se manter no poder”. Eu já complementaria com a seguinte
observação: ter o poder de agir como um psicopata político, diante de uma
oposição (seja de direita ou não) que escolheu por não entender este tipo de
mente, é realmente um diferencial. Exatamente por isso temos que nos manter
atentos.
Ele nos lembra:
O Brasil não é a Argentina,
nem mesmo a Venezuela. Mas a Argentina tampouco era a Argentina! Era um país
com imprensa livre, com ampla classe média, e deu no que deu. Após mais de uma
década de casal K no poder, as instituições foram para o espaço e os eleitores
perderam as esperanças.
É por isso que o PT luta tanto
para controlar a mídia com projetos de lei. Porque isso é garantia de
permanência no poder, mesmo com o país devastado. O detalhe é que hoje o PT
controla parcialmente a mídia, com o uso de verbas estatais em ritmo
torrencial, e principalmente com uma blogosfera estatal, bancada com R$ 10
milhões de reais por ano do mesmo tipo de verbas estatais. E tudo isso
raramente questionado por direitistas, que fazem hangouts e palestras que duram
horas e, mesmo assim, dificilmente reservam minutos para tratar de
projetos de lei para acabar com esse absurdo. A luta pelo controle da mídia é
valorizada pela extrema-esquerda na mesma medida em que é desprezada pela
direita atual. Escolhas deste tipo ajudam a dar a segunda classe de poder
indisputado do PT: uma vantagem no controle das narrativas.
Resumindo, a direita fez duas
escolhas perigosíssimas, dentre outras:
(1) não assimilar a luta
contra os petistas como se fosse a luta contra psicopatas políticos,
(2) ignorar completamente a
luta pela liberdade de imprensa, na mesma proporção em que os bolivarianos
querem controlá-la. Constantino prossegue com o alerta:
O PT ainda não
foi jogado para escanteio. Sim, o governo Dilma tem a maior rejeição da
história. Mas ela ainda está lá. O PT ainda controla milhares de cargos e
bilhões de gastos públicos. Ainda tem a máquina estatal para usar e abusar. E
enquanto o inimigo do Brasil tiver tantas armas, a guerra não terá terminado.
Cochilou, o cachimbo cai. Tudo que o adversário mais deseja é ser tido como
morto.
Por essas e outras razões vejo
qualquer saída que preserve Dilma na presidência e o PT no governo como
inadequada. É negligenciar o poder dos safados com todo esse arsenal à
disposição. O alerta que vem da Argentina é bastante claro: nem mesmo a mais
grave crise econômica é garantia de derrota política do governo. É preciso
evitar o clima de que o PT já era. Ele está morto moralmente falando. Mas
continua vivo… e no poder!
O PT tem um poder terrível em
suas mãos, que, bizarramente, optamos por não tentar tirar. Estas escolhas têm
colocado bolas de ferros em nossos pés, tornando complicado um jogo que poderia
ser muito mais fácil. Por isso, concordo com a sugestão de Constantino.
Diante de tanta capacidade de reação petista, o melhor a fazer é motivar o
maior número de pessoas para as manifestações do 16/8.
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