Aparecido Raimundo de Souza
ESSAS REDES DE BEIRA DE ESTRADAS, com nomes pomposos em excessivos letreiros chamativos, onde os ônibus
interestaduais param para que as pessoas desçam, estiquem um pouco as pernas e
canelas e de roldão comam ou bebam alguma coisa, utilizam um sistema único de
ficha eletrônica (SUFE), onde, na entrada uma simpática mocinha com um sorriso
de um olho a outro ouvido oferece a cada um dos passageiros uma comanda com a
qual, as pessoas correm toda a extensão do estabelecimento desembocando, ao
final, numa espécie de funil que, por sua vez, como uma foz de rio, deságua nos
caixas onde são somados os gastos das despesas efetuadas. Até aí a coisa é
normal.
Esses empresários têm mais é que facilitar a vida de quem viaja e utiliza
esses serviços rodoviários, todavia, por detrás disso encontramos, pasmem,
encontramos verdadeiras arapucas disfarçadas, onde os embusteiros ou os
“ladrões de bolsos” (de nossos bolsos) agem em surdina, cobrando por um simples
cafezinho três reais e cinquenta e por um pão com manteiga seis reais. Na
verdade, um ataque violento nas carteiras desses infelizes que se vêem com
vontade despistar as lombrigas, ao entrarem nesses cognominados “pontos de
apoio” são pegos de surpresa, pelos larápios que roubam que metem as mãos sem
usarem a força de uma arma de fogo.
Esses espertalhões se assemelham tão ou mais a bandidos, piores, à nossa
visão, aos demais facínoras que matam e estupram nas grandes cidades. Dias
atrás, presenciamos uma cena bárbara, insolente e atrevida, bastante desagradável,
por sinal. Um casalzinho de idosos passou por um afronto inconcebível à saída
de um desses pardieiros. Eles entraram, receberam a tal peça de metal, mas, por
descuido, o sessentão a esqueceu em algum lugar. Aproveitando-se disso, um
malandro anônimo, certamente se beneficiou, comendo e bebendo, tendo o cuidado,
claro, de esconder a sua própria de consumação e, na hora de passar pelo caixa,
apresentou a que estava em branco, ou justamente a dos idosos que se encontrava
sem nada marcado, o que o levou a deixar o local, acreditamos, sem desembolsar
um tostão.
Conclusão: os anciões foram obrigados a arcar com cento e cinquenta reais
pelo bendito acrílico, olvidado sabe-se lá em que lugar. A senhorinha voltou
para o ônibus chorando, levada pelo braço de um segurança, e seu companheiro,
cabisbaixo e humilhado. Fora avisado, ou melhor, ameaçado: se não pagasse pela
“perda ou pelo suposto esquecimento” acabaria na delegacia de polícia mais
próxima. Para quem não sabe, vamos reproduzir o que vem escrito nesses cartões
da fabulosa era moderna. “UTILIZEM ESTA FICHA PARA SEUS PEDIDOS EM CADA SETOR.
APÓS FINALIZAR SUAS COMPRAS ENTREGUE-A AO CAIXA PARA A SOMA TOTAL DE SUAS
DESPESAS. MESMO QUE NÃO A TENHA UTILIZADO, DEVOLVA-A NA SAIDA. EM CASO DE
EXTRAVIO OU DANOS SERÁ COBRADA UMA TAXA FIXADA NO CAIXA”.
Empresários desses segmentos desonestos, até pouco tempo declaravam o
valor, outros evidentemente para evitarem problemas com as autoridades
responsáveis apenas mencionavam a “taxa” que seria saldada quando pela passagem
no caixa, porém, não especificavam o valor. Meia dúzia de perguntas não quer
calar:
2. Se existe
alguma “coisa” realmente a ser suportada pelo consumidor, não deveria existir
um aviso do tamanho de um bonde, para que o usuário, desde o instante em que
recebesse o tal utensílio de acrílico para a marcação dos seus dispêndios
tivesse ciência de que se perdesse o trocinho lhe seria cobrado um valor
adicional a título de sanção pela perda do respectivo objeto?
3. Em linha
paralela: cadê o Código de Defesa do Consumidor?
4. Onde está
o PROCON? Ou melhor, perguntado: senhoras e senhores, para que serve a merda
nojenta do PROCON?
5. “EM CASO
DE EXTRAVIO OU DANOS SERÁ COBRADA UMA TAXA FIXADA NO CAIXA”.
6. Em que
artigo esse absurdo pode ser encontrado dentro do Código de Defesa do
Consumidor?
Vamos nós mesmos, se nos permitem os leitores, às respostas, já que não
temos nenhum cidadão de peito, de brio e vergonha na fuça - que se candidate a
vir a público e mostrar que não tem medo de represálias - e, no mesmo norte,
exigir que se cumpra a lei. Aliás, nessa altura do campeonato, lei de filhos da
puta, feito por filhos da puta. A “quota”, segundo o Código de Defesa do
Consumidor é ilegal. É ilegal, mas engorda. E a quem amamenta, ou a quem avulta
os bolsos? Aos empresários, logicamente. Deveria haver – se genuína fosse –, ao
menos um aviso ao trouxa do usuário, em caso de perda ou esquecimento.
Todavia, para algumas pessoas, o Código de Defesa do Consumidor (ou
Código de Defesa dos Corruptos), nada mais é que um feixe de normas insculpidas
para beneficiar, favorecer, propiciar a ricos e poderosos. Duvidamos que esses
senhores oportunistas venham a sofrer algum tipo de penalidade. Entre mortos e
feridos, igual São Tomé, meus amados leitores, só acreditamos naquilo que
vemos.
Quanto ao PROCON – esse órgão cabide de empregos e mordomias para meia
dúzia de picaretas foi criado para beneficiar os manda chuvas. Nasceu para
tornar legal o ilegal, ou seja, resumindo a ópera, o PROCON tem como finalidade
varrer para baixo dos tapetes as sujeiras, as imundícies e as porcarias de seus
asseclas, sectários e apaniguados.
Não vemos, não vislumbramos, nem entendemos de outro modo o descaso, a
falta de respeito e a hombridade ao imbecilizado, tapado e tremendo Zé Mané conhecido
carinhosamente entre nós, como “CONSUMIDOR”. Um país onde para tudo se paga
impostos, com os mais variados nomes (emolumentos, custas, despesas, tributos
compensações, encargos e tarifas, entre outros), cenas como a que presenciamos
do casal de velhinhos, não deixarão de acontecer por ai afora, indefinidamente,
sem que ninguém faça nada ou tome alguma providência útil e definitiva.
Por derradeiro, caríssimos leitores: onde estão os nossos queridos e
amados políticos (políticos e safados, usque embusteiros e ludibriadores do
povo) que não propõem uma lei mais severa para punir com rigor, esses
trapaceiros que agem pelos quatro cantos do país a seu bel prazer e as margens
da “justisssa morosa, lenta, lerda, tartaruga e, sobretudo, cegueta?”
O quadro sistêmico que vemos brazzzil de norte a sul, de leste a oeste,
etc. etc., nos leva a deduzir com imenso pesar: somos um enorme e infindável
bando de marionetes. Os grandalhões, os empresários, meus caros e amados, de
fato nos manipulam como querem e desejam. E o fazem vinte e quatro horas por
dia. O resto... O resto que se f...!
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, do Rio
de Janeiro. 8-11-2019
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