terça-feira, 3 de novembro de 2020

[Diário de uma caminhada] «Governo Sombra»: três histéricos barricados contra Ventura. Desapareçam!


Gabriel Mithá Ribeiro 

Não vejo o Governo Sombra, da SIC-Notícias, e apenas por distração passo os olhos pelo que os debatedores do programa escrevem na imprensa. Por recomendação e dever de ofício, vi a parte do programa emitido a 31 de outubro de 2020 na qual Pedro Mexia, Ricardo Araújo Pereira e João Miguel Tavares destrataram André Ventura e o CHEGA. 

A recomendação que recebi tinha anexa a citação de um artigo de João Miguel Tavares, no jornal Público, com a mesma data: 

«Aquilo que penso de André Ventura está dito e redito: é um oportunista que acredita em muito pouca coisa para além do seu próprio sucesso político. O Chega é um projeto unipessoal sem qualquer consistência ideológica (tendo em conta a área de onde vem, talvez seja melhor assim), que vai para onde o vento sopra em cada momento, misturando acusações acertadas quanto à decadência da Terceira República e ao anquilosamento do sistema político, com gritaria idiota sobre emigrantes, ciganos, pedófilos e criminosos, desmentida pelos números e pelo bom senso. (…) Sim, André Ventura é bastante deplorável (…).»  

Como é que três sujeitos discutem e julgam quem quer que seja em espaços institucionais onde a democracia supostamente se exerce sem ter em conta as razões dos visados? Qualquer pessoa com o mínimo sentido de justiça sabe que corre em rédea solta na nossa imprensa um atropelo moral abjeto, a quebra sistemática da mais elementar regra de civismo, escorraçar do acesso à opinião pública sensibilidades sociais legitimamente instituídas para destratá-las sem contraditório, atitude ufanamente exposta à opinião pública na comunicação social. 

Ainda hei de perceber o que é isso de critério jornalístico, uma vez que nada legitima a parte do programa do Governo Sombra a que assisti. 

Como um dos participantes do trio de debatedores, por cima, é comunista com o qual os outros dois há muito convivem sem o distanciamento higiénico que impõem a André Ventura, tudo mais abjeto, se é que é possível. No tempo de Shakespeare, uma morte era motivo para uma alma autodestruir-se atormentada. No templo dos comunistas, cada morte cimenta convicções. Cem milhões de cadáveres fazem da cabeça de Ricardo Araújo Pereira acumulado de betão ornamentado por piadolas que entretêm os outros dois parolos, mais o moderador, que nesse ambiente julgam possuir legitimidade para opinarem sobre André Ventura e o CHEGA. Na selva mental ditatorial em que vegetam sim, numa democracia jamais. 

Os três sujeitos, e a casta à qual pertencem, vão descobrir que os tempos da direita mansa acabaram. A guerra psicológica ou guerra cultural deixou de ser o massacre dos portugueses comuns. A guerra agora tem dois lados, uma vez que a dignidade da sensibilidade quotidiana passou a ter quem a defenda, André Ventura e o CHEGA. A mira do último está objetivamente apontada à casta reduzidíssima que tomou conta da comunicação social para parecerem muitos, quando se reduzem a uma dezena de sujeitos ou pouco mais. Para mim, e suponho que para outros, insultarem André Ventura e o CHEGA é como insultarem a minha família, religião, identidade, por aí adiante. Não vou continuar a fingir que isso não acontece todos os dias em Portugal, e de forma boçal. 

Pedro Mexia, Ricardo Araújo Pereira e João Miguel Tavares, como outros, encharcaram-se de relativismo mental (moral e intelectual) para se autopermitirem tudo e mais alguma coisa na praça pública, como se a dignidade, a honra, o sofrimento das pessoas identificadas com o CHEGA não existissem. Ao contrário do que querem fazer crer, o CHEGA não é um partido político de perfis falsos das redes sociais, não é um partido de meia dúzia de pessoas, nem acantonado num ponto do país ou num só tipo social. O CHEGA congrega a dignidade do renovado ideal nacional português, por extensão europeu, como nenhuma outra força política hoje é capaz, e irá consolidar essa sua identidade institucional enraizando-a profundamente na vida social habitual contra quem quer que seja. E ninguém se filia ou aproxima de um partido político emergente, e na dimensão que está em curso, sem empatia com o seu líder (João Miguel Tavares bem se pode enrolar em autojustificações patéticas), com os ideais latentes e manifestos que o mesmo transporta, com a dignidade da instituição partidária que fez nascer. Querem continuar a insultar-nos? 

Contra os sujeitos mimados desse tipo não deve haver a mínima condescendência moral, intelectual, cívica, social, política, pública. Trata-se de uma casta que possui tanto de gente má, ignorante letrada, gratuitamente provocadora, responsável por uma sociedade empobrecida. A intelectualidade decente que, felizmente, ainda resiste em Portugal anda há décadas arredada do espaço público por causa da Lei de Gresham: a má moeda tende a expulsar do mercado a moeda boa. O assalto obsessivo de Pedro Mexia, Ricardo Araújo Pereira e João Miguel Tavares, e da respetiva casta, à comunicação social destruiu o civismo, e a sua pluralidade, entre nós. 

Só cabeças inteligentes e justas reagem com tranquilidade à novidade e à mudança social, como a que está em curso em Portugal, posto que esse tipo de pessoas primeiro esforça-se por compreender o que está em mudança e as suas razões, e só muito depois emite juízos de valor sobre o fenómeno e os seus agentes instigadores, isto é, só muito depois julga. Proceder de modo contrário, julgar antes de compreender, com a desculpa do problema ser o líder ou detalhes do respetivo partido captados por gente coscuvilheira, é próprio de ignorantes, dogmáticos, charlatões, falsários, cabeças de betão. O trio do Governo Sombra não passa disso. 

Anoto que a inteligência humana possui a particularidade fundamental da intuição. O sujeito incapaz de reconhecer que o real humano está para além do óbvio; o sujeito obcecado em sequestrar o real para esgotá-lo no seu próprio discurso; o sujeito que acha que falando, escrevendo e expondo-se todos os dias e semanas, ao longo de anos e anos, a realidade vai ser por ele sequestrada, vai manter-se ou mudar apenas como ele determina; o sujeito que nunca concedeu a si mesmo uma pausa de introspeção, de distanciamento do espaço público, um tempo de solidão para deixar existir o que é distinto dele – esse sujeito, metido à besta em analista social ou político, acaba dominado por um narcisismo de tal modo histérico que lhe parece que o mundo vai acabar quando descobre que a força da realidade não cabe no seu ego, no seu radical narcisismo patológico. 

São sujeitos que danificaram seriamente a sua intuição, a parte fundamental da inteligência humana capaz de chegar ao lado misterioso, insondável, sempre incomensurável, a dimensão da existência que faz dos humanos verdadeiramente humanos. 

Como é que a nossa sociedade pode continuar a entregar a orientação do pensamento social a narcisos histéricos que passam anos e anos fechados em estúdios de televisão e redações, sem realizarem um trabalho de campo consistente junto das pessoas comuns, sem dedicarem tempos prolongados à introspeção e à arrumação de ideias verdadeiramente ajustadas ao mundo vivido? De tando navegarem na onda do dia-a-dia confundindo-a com o âmago da condição humana, de tanto se imporem agressivamente ao sentido da vida social, o jornalismo e a comunicação social destruíram-se a si mesmos. Hoje resumem-se a uma mistura entre alienação, histerismo, narcisismo, patetismo, boçalismo. 

Quando comparada com a de Pedro Mexia, Ricardo Araújo Pereira ou João Miguel Tavares, a intuição de André Ventura é a única intacta, isto é, é a única cabeça inteligente nesse conjunto. Sem uma intuição apurada no contato com a vida vivida, tal como se manifesta no quotidiano das pessoas comuns, torna-se bem mais difícil, ou mesmo impossível, o sujeito distinguir o essencial do acessório. Os incapazes de tal distinção não podem ser incluídos no rol de pessoas inteligentes. O mais iletrado dos nossos concidadãos é hoje bem mais sábio do que qualquer dos sujeitos do Governo Sombra. 

Cérebros expostos por tempos longos a cargas intensas destruidoras da intuição, fortemente concentradas na redoma asséptica de estúdios e redações, resvalam para interpretações mirabolantes sobre as sociedades, as suas democracias, o mundo. Se o mal fosse só da sua casta, o assunto só aos próprios diria respeito. O problema é que se trata de sujeitos cujo enorme poder de condicionamento da vida social se transformou em sinónimo de ataque à sanidade mental coletiva. Pedro Mexia, Ricardo Araújo Pereira e João Miguel Tavares, e o seu Governo Sombra, são veneno social puro e duro. O tempo irá comprovar o lixo mental que fizeram alastrar socialmente com as suas existências. 

Era útil para a dignidade dos portugueses comuns que tais sujeitos, por si mesmos, desaparecessem dos espaços institucionais de produção de opinião publicada, que fossem trabalhar em qualquer coisa de útil longe do espaço público como fazem quase todos os outros; caso contrário, seria útil que se fizessem acompanhar de atestados de sanidade mental como se faz nas instituições em que uns, como os educadores e professores, têm influência na formação e destino dos outros, crianças e alunos, pelo menos para precaver a pedofilia. As nossas sociedades não podem continuar mentalmente subjugadas por tais sujeitos. É tudo demasiado sórdido, boçal. 

Programas de gente má e ignorante, textos de gente má e ignorante, sobretudo quando bem-falantes e bem-escreventes e com impacto público, são altamente nocivos e contagiosos. Esses sujeitos representam a vírus da doença mental coletiva que desespera por uma profunda renovação civilizacional. Temos de nos proteger deles como nos protegemos da pandemia chinesa, pelo distanciamento mental e social. 

Informação não é conhecimento, assim como conhecimento não é sabedoria, mas não têm de ser inimigos. É por culpa de aberrações como o trio referido, e da casta aparentada que controla a comunicação social, que nunca um extremo (informação) e outro (sabedoria) estiveram tão desavindos na vida social; nunca a distância entre a casta-falante-e-escrevente-na-imprensa e as sensibilidades quotidianas foi tão pronunciada; nunca as elites bem-falantes e bem-escreventes-na-imprensa foram tão persistentemente responsáveis pelo fracasso coletivo, pela destruição de instituições, pelo falhanço cívico e económico. André Ventura e o CHEGA vieram justamente impor a indispensável terapia coletiva contra tais sujeitos que, felizmente, indiciam viver acossados. 

É por causa de Pedro Mexia, Ricardo Araújo Pereira e João Miguel Tavares, mais a respetiva casta, que hoje olho para os estúdios de rádio e de televisão e para as redações dos jornais como o senso comum olhava para o Hospital Júlio de Matos, o manicómio. Não perco, no entanto, a esperança de uns raros órgãos de comunicação social se curarem renovando rostos e ideias. 

Título e Texto: Gabriel Mithá Ribeiro, 3-11-2020 

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O ensino, por Roger Scruton 

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