segunda-feira, 2 de novembro de 2020

[Diário de uma caminhada] O ensino, por Roger Scruton

«Um estudo sobre crianças de escola levado a cabo nos anos 80 revelou que as escolhas de carreira prioritárias eram as do ensino, da finança e da medicina. As crianças da altura, assim parece, tinham por objetivo serem socialmente úteis e socialmente respeitadas. Um estudo semelhante encomendado pelo canal Watch da estação televisiva Sky, em 2009, indicou estrela desportiva, estrela ‘pop’ e ator como as três carreiras prioritárias: carreiras que chegam por um golpe de sorte imprevisível e que projetam os holofotes sobre aquele que as procura sem que seja necessariamente útil ou respeitado aos olhos dos outros. (…) 

A desqualificação da sociedade surgiu em parte porque o sistema educativo se alterou para responder à oferta, e não à procura do seu produto. O aumento de licenciaturas da treta e da competência saloia foi ampliado pela disponibilidade de financiamento estatal a quem consegue reivindicar uma renda no processo educativo. As vítimas são os estudantes, levados a pensar que uma licenciatura em Comunicação Social é o caminho para conseguir trabalho na comunicação social ou uma licenciatura em Ciências para a Paz é o caminho para emendar o mundo. A necessidade de um sistema mais livre de ensino superior é grande em todo o mundo ocidental, um sistema que ofereça, aos estudantes, qualificações que venham a ser-lhes úteis e em que os professores tenham de provar a sua competência. (…) 

[Instituições] fora do controlo do Estado e exclusivamente dependentes do financiamento de quem esteja disposto a comprar o produto. Este movimento de rutura de um monopólio estatal particularmente tenaz encontrará evidentemente resistência.» 

Roger Scruton (2018/2014), Como ser um conservador, trad. Maria João Madeira, Lisboa, Guerra & Paz, pp.195-197.

Título e Texto: Gabriel Mithá Ribeiro, 2-11-2020 

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