Valdemar Habitzreuter
E os nossos desejos? São bem-vindos ou mal-vindos? Benditos ou malditos?... Tudo que desejamos tem a ver com a ética, diz o filósofo Bertrand Russel. Quando dizemos que algo é bom em si é como se experimentássemos humm isto é doce. Mas, o que realmente queremos dizer é isso: desejo que todos desejem isso.
Mas, as expressões de desejos não são declarações cuja verdade ou
falsidade possam ser provadas. São apenas desejos que podem ser generalizados,
estendidos a todos - a toda humanidade enfim.
Portanto, que o nosso desejo seja o desejo de todos. Assim os desejos
podem ser considerados regras morais universais (a la Kant), sem o critério de
valoração dos próprios desejos.
O que interessa é que outros desejem o que nós desejamos. Mas, pelas
contradições, controvérsias e conflitos dos desejos humanos, deverá haver uma
tentativa de disciplinar e coordenar toda essa barafunda de desejos e poder
atingir a máxima satisfação possível.
Portanto, para estabelecer uma moral dos desejos dos homens, devemos
procurar alterá-los de modo a diminuir o número de ocasiões de conflito e,
assim, tornar compatível a realização dos respectivos desejos. Para tanto,
devemos incluir o amor guiado pelo conhecimento e, com isso, conquistar a
felicidade.
Não se trata de destruir as paixões, e sim reforçar algumas delas em prejuízo daquelas que dão origem à infelicidade, ao desequilíbrio, ao ódio e à dor. Nas paixões positivas, que nos enaltecem, não há nada que a razão deseje diminuir. O Homem racional, quando sente as emoções positivas do amor, não fará nada para diminuir sua intensidade, pois experimenta uma vida bem vivida que favorece sua felicidade e a dos outros.
A disciplina racional dos desejos, reforçando e ampliando uns e abolindo
outros, não tem caráter religioso ou transcendente, pois pela ética dos desejos
não há valores absolutos como pregam as religiões; por isso, não se pode falar
de culpa ou pecado. É uma a ética de formação de uma consciência moral mais
aberta e livre de dogmatismo.
O amor conjugado com o conhecimento (ciência) prescinde da moral
religiosa que, muitas vezes, se transforma em hipocrisia ou leva a
superstições...
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 5-2-2021
Colunas anteriores:O dever-ser da ética...
As ficções embelezam a vida...
A VIDA É DOR, diz o filósofo Schopenhauer. Vocês concordam?
Nossos projetos de vida...
O que podemos assimilar do romantismo filosófico?
Na quietude da quarentena… o pensar se impõe...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-