Allan Turnowski diz que traficantes do Comando Vermelho tentaram intimidar a polícia uma semana antes da operação no Jacarezinho
Em entrevista ao Jornal O DIA, o secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Allan Turnowski [foto], comentou, entre outros temas, as reações a operação policial realizada no Jacarezinho, que deixou 28 mortos, incluindo um policial civil. A ação completa um mês, neste domingo (6/6).
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Foto: Divulgação |
O chefe da Polícia também
destacou o trabalho que a corporação tem feito contra a ação de milicianos e
que existe um discurso alinhado entre o Comando Vermelho, tida como a maior
facção criminosa do Rio, e setores da sociedade para gerar resistência à
atuação das polícias contra traficantes.
“O que gente vive hoje é
uma batalha entre o Estado do Rio e uma facção criminosa. Na verdade, essa
facção é politizada, é articulada. E é muito claro você ver essa
diferença: a gente tem uma força-tarefa contra milícia, instituída pelo
governador Cláudio Castro, que já causou o prejuízo de mais de R$1,5 bilhão aos
milicianos. Mais de 700 milicianos presos. E, tivemos 12 mortos em uma única
ação; cinco outros, em outra ação. Quando houve a morte desses criminosos
milicianos, em nenhum momento teve crítica. Em nenhum momento explodiu nas
redes sociais essa articulação. Pelo contrário, fomos até elogiados. Hoje,
essas 17 mortes estão arquivadas“, disse o secretário, que, em outro trecho
da entrevista fala sobre a articulação entre os criminosos e especialistas em
segurança pública
“Há um discurso politizado
de determinados especialistas em Segurança pública que bate exatamente com o
mesmo discurso, que vem de dentro da cadeia, de lideranças do Comando Vermelho.
Que é: ‘vocês não combatem milícia, só vão em nossas áreas, então a gente não
vai aceitar mais operação na área do Comando Vermelho’. Tem um recado que veio
uma semana antes da operação [do Jacarezinho], de dentro da cadeia”.
Turnowski revelou o teor das mensagens enviadas pelos traficantes à Polícia Civil.
“‘Nós não vamos aceitar
mais operações em nossas áreas’; eu tenho os dados de inteligência com essa
mensagem. Ou seja, fica claro que o recado dos traficantes é para que eles não
se rendam. O que a polícia sente hoje é que há uma articulação desses
traficantes [com setores da sociedade], como se fosse uma defesa dessa facção
criminosa para que eles não fujam [do confronto]. Pois quanto maior a confusão,
melhor para o negócio deles. ‘Se vocês matarem um inocente a gente coloca em
xeque a operação e eles não voltam mais’. Essa é a mensagem deles. E, você vai
para o discurso politizado, nas redes sociais, que é o mesmo da facção: a
polícia não combate milícia. É algo que não passa de um discurso para a defesa
de um território que é comandado pela maior facção criminosa do Rio. Sempre que
a gente age nesses territórios, é feito um discurso por organizações, muitas
delas com participação de parentes de criminosos, que dão entrevistas”.
Perguntado se estava se
referindo a Rumba Gabriel, que é liderança no Jacarezinho e irmão da Sandra
Sapatão, apontada como chefe do tráfico na favela, o chefe da Polícia Civil, o
secretário disse:
“No caso dele, acho parcial
a imprensa ouvir como especialista e representante da comunidade alguém que tem
na família uma liderança do tráfico. É, no mínimo, parcial”.
Turnowski citou outros
argumentos de especialistas, que, seundo ele, não corresponderiam à realidade
“Nós temos 1.413
comunidades, que representam 15% do território do Rio. Somente nesses 15% temos
crime organizado, sendo esse crime dividido em 20% de milícia e 80% do tráfico.
Os outros 85% do Rio não sofrem influência do tráfico ou da milícia em relação
ao voto, por exemplo. Quem mora em Botafogo, na Rua Sorocaba, não sofre
influência do tráfico do Dona Marta sobre quem vai votar. Mas, para muitos
especialistas, a milícia tomou conta do Rio de Janeiro”.
Turnowski também comentou o
pedido de investigação da cúpula da Polícia Civil pela ação no Jacarezinho,
feito pela organização internacional de direitos humanos Human Rights
Watch.
“É um desrespeito com as
instituições legalmente constituídas no estado brasileiro, com a legislação.
Pedem para ser retirado do Ministério Público e da polícia para ser feito uma
perícia independente. É isso que eu digo que é a defesa inconsequente de
traficantes de
drogas e não de moradores”.
No fim da entrevista, Allan
Turnowski garante a população pode confiar na Polícia Civil.
“Tenho certeza que a
população confia na Polícia Civil. A população de bem, que está do lado do bem.
Porque é isso: uma luta do bem contra o mal”.
Título e Texto: Redação
Diário do Rio, 6-6-2021
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