segunda-feira, 28 de junho de 2021

A ciência médica mostra que quem ajoelha antes de jogos não morre de covid

Vitor Cunha

Vi jogadores ajoelhados antes do jogo começar. Não sabendo exatamente por que, pensei que fosse uma recomendação da OMS para combater a pandemia. Usei de lógica aliada ao vasto conhecimento científico de vacinas experimentais de mRNA (parece que não, já se usam há quase dois meses): é que se lavar as mãos combate o vírus, ajoelhar também deve combater. É um vírus fraquinho, que morre à primeira passagem com Palmolive. Bem, mal não faz. Se um pano na boca evita pandemias com fatalidades mais ao menos ao nível de atropelamentos por elefantes, ajoelhar pode mostrar ao vírus que estamos dispostos a dar-lhe uma valente marrada caso se aproxime. Tudo isto fazia grande sentido num contexto de ciência médica: uma vacina não impede a transmissão do vírus em espaços ao ar livre, só impede, como já se demonstrou na televisão através de pundit review, a transmissão do vírus em autocarros apinhados.

Depois disseram-me que ajoelhavam porque “a vida dos negros importa”. Eu diria que sim, que importa a vida de negros. Por isso fui ver quantos negros morreram de covid, mas não se sabe, pois não discriminam por cor. Também não sei quantos LGBTs morreram de covid, pois não discriminam por probabilidade de conseguir aparecer numa série de televisão. Por isso percebi então por que ajoelhavam: não há outra forma de descobrir quantos negros, LGBTs, azuis ou brancos morreram mesmo de covid – só rezando mesmo.

Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias, 28-6-2021 

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