Vitor Cunha
Vi jogadores ajoelhados antes
do jogo começar. Não sabendo exatamente por que, pensei que fosse uma
recomendação da OMS para combater a pandemia. Usei de lógica aliada ao vasto
conhecimento científico de vacinas experimentais de mRNA (parece que não, já se
usam há quase dois meses): é que se lavar as mãos combate o vírus, ajoelhar
também deve combater. É um vírus fraquinho, que morre à primeira passagem com
Palmolive. Bem, mal não faz. Se um pano na boca evita pandemias com fatalidades
mais ao menos ao nível de atropelamentos por elefantes, ajoelhar pode mostrar
ao vírus que estamos dispostos a dar-lhe uma valente marrada caso se aproxime.
Tudo isto fazia grande sentido num contexto de ciência médica: uma vacina não
impede a transmissão do vírus em espaços ao ar livre, só impede, como já se
demonstrou na televisão através de pundit review, a transmissão do vírus
em autocarros apinhados.
Depois disseram-me que
ajoelhavam porque “a vida dos negros importa”. Eu diria que sim, que importa a
vida de negros. Por isso fui ver quantos negros morreram de covid, mas não se
sabe, pois não discriminam por cor. Também não sei quantos LGBTs morreram de
covid, pois não discriminam por probabilidade de conseguir aparecer numa série
de televisão. Por isso percebi então por que ajoelhavam: não há outra forma de
descobrir quantos negros, LGBTs, azuis ou brancos morreram mesmo de covid – só
rezando mesmo.
Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias, 28-6-2021
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