Flexibilização das regras trabalhistas e
linhas de crédito especiais foram determinantes para a economia voltar a rodar
em alta velocidade
Foto: Leandro Ferreira/Foto Arena/Estadão Conteúdo
Fábio Matos
O bom desempenho da indústria
brasileira no primeiro trimestre deste ano, mesmo diante das enormes
dificuldades impostas pela pandemia de covid-19, se deve também a acertos do
governo federal. Esta é a avaliação de especialistas ouvidos por Oeste,
que falaram sobre a retomada econômica do país em 2021 (clique aqui para ler a reportagem especial completa).
“O governo acertou quando fez
a flexibilização das regras trabalhistas permitindo a suspensão de contratos,
redução de salário e jornada, com o complemento parcial de verbas públicas dos
salários. Isso fez com que a gente sofresse menos perda de emprego formal e
pudesse manter o poder de compra desses trabalhadores”, afirma o
diretor-executivo de economia e estratégia da Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp), André Rebelo.
“A outra coisa foi em relação
ao capital de giro das empresas. Primeiro o governo atrasou o recolhimento de alguns
impostos federais e esse dinheiro ficou nas empresas. Isso ajudou na travessia
da fase mais aguda da pandemia. E depois fez linhas de crédito especiais,
principalmente para pequenas empresas. Por fim, o auxílio emergencial colocou
demanda nas famílias. O governo injetou quase R$ 300 bilhões, e isso virou
consumo e gastos das famílias, o que fez a roda da economia voltar a girar. Com
isso, entramos no ano com a indústria e o varejo em níveis acima do que estavam
antes da pandemia”, completa.
Marcelo Azevedo, gerente de
análise econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), afirma que foi
necessário manter a atividade em níveis mais altos para suprir estoques baixos
em alguns setores. “A recuperação forte foi muito acelerada e aconteceu com uma
certa descoordenação das cadeias produtivas maiores. Estamos com um problema de
insumos e matérias-primas, com estoques baixos. Então, a atividade vem se
mantendo alta também para tentar acertar essa questão dos estoques”, aponta.
A indústria automobilística,
por exemplo, ainda vem sofrendo muito pela falta de insumos para a produção de
peças. “O setor de veículos automotores foi muito prejudicado pela parte das
exportações. Esse desarranjo de oferta e demanda nas cadeias [produtivas]
é muito prejudicial. É uma linha longa, com ajustes apertados, em termos de fornecimentos
e linha produtiva. Qualquer ruptura atrapalha bastante. Então, é um setor que
realmente vem tendo dificuldades.”
Rebelo fala em uma “engasgada”
da indústria automobilística, que chegou a esboçar reação, mas vislumbra uma
rápida retomada. “A indústria automobilística teve uma boa recuperação e agora
deu uma engasgada, tanto por restrições no comércio em março quanto por falta
de componentes, mas já está retomando. Os dados de abril mostraram crescimento
de 8% e deve haver outro crescimento em maio. As vendas não caíram tanto com as
restrições. Veremos uma aceleração na produção de automóveis nos próximos
meses.”
Título e Texto: Fábio Matos,
revista
Oeste, 16-06-2021
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