sábado, 10 de julho de 2021

Lembram-se da «decisão responsável» que nacionalizou a TAP?

José Mendonça da Cruz

A bem da memória, eis excertos do artigo de página inteira publicado no jornal Público de 20 de julho de 2020, sobre a TAP, por António Pedro Vasconcelos, o realizador de cinema que se crê especialista de aviação civil nas horas vagas, Bruno Fialho, vice-presidente do Sindicato Nacional de Pessoal de Voo da Aviação Civil, e Luís Ferreira.

Sob o título «TAP – uma decisão responsável», os três articulistas aplaudiam a nacionalização da TAP. Declarando que «mantendo-a viva e nossa, a TAP pode e deve ser…», estes patriotas úteis enunciavam um programa. Era assim:

- que a TAP permita «que a ANA tenha e desenvolva, principalmente em Lisboa e Porto, hubs [plataformas, ou cubos da roda] aeroportuários».

- que a TAP tenha, não «o apeadeiro do Montijo», mas um novo e grande aeroporto em Alcochete, «agora mais do que imperativo».

- que a TAP seja «veículo de desenvolvimento (do) cluster da construção de infraestruturas aeroportuárias», «juntando também aí empresas e Estado».

- que a TAP seja motor de uma estratégia «na investigação e desenvolvimento de novas tecnologias e sistemas de informação, incluindo robótica».

- que a TAP, por fim, faça «parte do cluster do hidrogénio».

Os itens estavam perfeitamente alinhados com o proverbial multiplicador socialista, que -- como com as SCUTs, as La Seda, as renováveis, o hidrogénio, o aeroporto de Beja etc. -- promete milhões por cada milhão de investimento, e produz na realidade milhões de prejuízo por cada euro lá posto.

Ora, agora que a TAP, devido ao assalto do governo socialista, sofre as consequências de, ao contrário de todas as companhias europeias, não ter beneficiado de apoios a fundo perdido;

- agora que a TAP está reduzida a uma pequena companhia regional, deficitária, financiada com milhares de milhões tirados aos contribuintes;

- agora que a TAP rifa aviões e despede milhares de pessoas...

... é natural que o ministro soviético Pedro Nuno Santos, cujo apetite por nacionalizações só é ultrapassado pela sua incompetência, esteja calado, tanto mais que contratou uma senhora especialista de uma pequena companhia francesa, que acarretará com o odioso dos despedimentos, a culpa dos prejuízos e a irrelevância da empresa.

... é natural que António Pedro Vasconcelos, que depois do seu apoio às medidas soviéticas de Costa e Santos recebeu um subsídio de 600 000 euros (mera coincidência, evidentemente) não queira voltar ao assunto.

... é natural que o sindicalista não queira que os seus representados se lembrem das coisas que dizia e prometia.

... e é natural que, como sempre, Costa afiance que não tinha percebido nada, não teve nada a ver com isso, e não teve culpa nenhuma.

Quanto aos contribuintes, que paguem. Mas, talvez, não utilizem os aviões. É que os Drs. António Costa e Pedro Nuno Santos têm vocação para a destruição de valor e o desastre.
Título e Texto: José Mendonça da Cruz, Corta-fitas, 8-7-2021

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