José Miguel Roque Martins
Temos uma maioria de esquerda. Não admira, enquanto os Portugueses olharem para medidas avulsas e não para o seu resultado global.
As medidas socialistas são,
por natureza, atraentes. Conferem benefícios ou asseguram direitos que,
aparentemente, não são pagos por ninguém. Parece magia. Mas não é, e por isso
acaba por correr mal. A realidade acaba por impor-se. Economia de mercado sim,
se for despojada de toda a liberdade e por isso, da sua eficiência. É um
caminho possível, mas com os resultados que se conhecem: estarmos relativamente
piores dos que se afastam do socialismo.
O mesmo acontece com a defesa
dos bens e serviços públicos por funcionários públicos, que evitam o custo
acrescido do lucro para os contribuintes. Por isso, a saúde e o ensino público
custam mais do que custariam se recorrêssemos ao mercado. Porque não há nenhuma
razão para o Estado ser inevitavelmente menos eficiente que o setor privado, a
não ser os incentivos, que apelam ao interesse próprio de cada um, uma
imoralidade, que importa contrariar. Num país pouco pragmático, vamos mudar a
natureza humana, ao invés de a aproveitar para o interesse comum.
Não importa quanto custe, como diria Catarina Martins. A dimensão de um estadista parece medida pela indiferença sobre os custos que os outros vão pagar. É nestes temas que a moral socialista se sobrepõe ao interesse coletivo. Em que os meios importam mais do que os fins. A confusão que instalam antes, a confusão entre SNS (Serviço Nacional de Saúde) e os cuidados de saúde universal, uma mentira útil à causa e, por isso, virtuosa.
Ao ver os debates eleitorais é
fácil de perceber a superioridade da mensagem socialista: basta dizer o que as
pessoas acreditam, mesmo contra todas as evidências. O velho tema da saúde em Portugal é um dos
mais surpreendentes.
O SNS é um buraco ineficiente,
incapaz de garantir o constitucional acesso universal à saúde, uma realidade
reconhecida pelos portugueses, cujo sonho de ter um seguro de saúde esse
sim, é universal. De tão ineficiente, apesar dos esforços de milhares de ótimos
profissionais de saúde públicos, os funcionários públicos, aqueles que
devem garantir os cuidados de saúde, são os primeiros a salvaguardarem-se
com um subsistema particular, a ADSE.
As respostas políticas de
esquerda? Acabarem-se com as PPP da saúde, que provaram apresentar melhor
serviço a menor custo, lançar mais dinheiro (que alguém vai pagar) sobre o
sistema. E ainda têm a lata de fazer do SNS, uma bandeira contra a perfídia da
direita, que quer entregar os lucros da saúde aos privados.
Certo e indesmentível é que,
quanto mais medidas socialistas, menos bem-estar uma sociedade permite. As sociedades mais ricas prosperas e felizes,
são as mais liberais.
O socialismo é uma soma de
medidas simpáticas que resultam na estagnação. O liberalismo é o somatório de
medidas impopulares que resultam em bem-estar social.
Título e Texto: José Miguel
Roque Martins, Corta-fitas,
8-1-2022
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-