sexta-feira, 1 de abril de 2022

[Aparecido rasga o verbo] A verdadeira história de Geputo e a sua inoxidável Pinótia

Aparecido Raimundo de Souza  

PARA QUEM LEU o clássico de Carlo Collodi, Pinóquio, sabe de quem estou falando. Referencio, aqui, o conto original, do grande escritor italiano que deu vida ao velho carpinteiro que morava sozinho e um dia resolveu fazer um boneco de madeira. Depois de terminar seu trabalho, chamou o boneco que criara, de Pinóquio. 

Como é do saber geral, ou pelo menos deveria ser, Pinóquio toda vez que inventava uma mentira seu nariz crescia. Depois de salvar seu pai Gepeto da barriga de uma baleia que o havia engolido, Pinóquio prometeu solenemente não mais contar lorotas. Na nossa história, o folhetim muda um pouco o script. Gepeto é Geputo. Também aparece como um longevo de idade avançada. Um simpático carpinteiro que mora sozinho. 

Final de semana prolongado Geputo, com medo de sair de casa, por conta da Covid-19, resolveu fazer não um bonequinho, ao contrário, se propôs a criar uma bonequinha de madeira. Depois de terminar seu trabalho, chamou orgulhosamente a boneca de Pinótia. Acontece que Pinótia era de madeira ruim e “pau que nasce torto, acaba gozando na companheira do lado”. 

Pois bem, Pinótia, mal caia a noite, fugia, às escondidas para fazer coisas feias e ignominiosas, com um punhado de rapazes que trabalhavam num circo armado chegado de Caetés, em Pernambuco. Quando seu criador descobriu, ficou furioso, e, por essa razão, prendeu Pinótia numa espécie de gaiola. Onde Geputo prendeu a Pinótia, tinha um safado de um macaco que atendia pelo nome de Simão Macedo. O danado era pastor, e gamado em Pinótia, principalmente pela beleza escultural de seu corpo e o rostinho lindo de princesa. 

Todas as noites Simão Macedo ia até a prisão de sua deusa levar comida. O prato preferido do macaco, todos sabem, é banana. Por essa razão, Pinótia por um mês inteiro só comeu banana. Numa noite, porém, não se sabe por qual cargas d’água, Geputo flagrou Simão Macedo e, a partir de então, Pinótia ficou sem Simão e pior, sem as bananadas do primata. 

Enfurecido, Simão Macedo, em certa tarde bebeu umas cachaças violentas, misturou umas cervejas a mais e ficou realmente “geputo”, e, com a macaca na ponta da cabeça (ou melhor, com a Pinótia pulsando na extremidade latejante de seus pendurados), resolveu dar o grito de alforria. O céu veio à baixo. Tresloucado e fora de si, se muniu de um alicate presente de Alexandre de Moraes e rebentou o cadeado da porta onde Geputo prendia Pinótia. O cativeiro ficava nos fundos da sede do Instituto Lula, na Rua Pouso Alegre, no bairro Ipiranga, centro de São Paulo. 

De contrapeso, aplicou uma bela e bem dada cacetada na cara rechonchuda do carpinteiro (que foi parar num pronto socorro do SUS, e, se não fosse o Sérgio Moro, na época, estar fazendo campanha naquele dia, disfarçado de Grelo Falante, não teria sido atendido), e roubou, ou melhor, sequestrou a boneca mais querida e charmosa do pedaço. Como nada nesse mundo é perfeito, entrou em cena a baleia. A dita baleia se chamava Simone. Ela havia chegado de uma cidade nos cafundós do Mar Mediterrâneo, conhecida como Tebet. 

Essa criatura das profundas, engoliu o macaco com galho e tudo, lhe arrancou a banana numa única dentada, e, em seguida, levou Pinótia para o fundo do oceano. Moral disso tudo? Não, não tem, ou não existe moral. Apenas uma conclusãozinha simples e rasteira: Pinótia e a baleia viveram felizes para sempre. Pinótia, tempos depois, se casou com André Janones, e seu enlace foi avante. A Baleia, meio que sem partido, se jogou nos braços de Aldo Rebelo, até que, anos à frente, todos, viraram clássicos da literatura infantil.

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Campinas São Paulo. 1-4-2022 

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Um comentário:

  1. Fico imaginando como seria a sua visão da 'Chapeuzinho vermelho e o Lobo Mau'.
    Carina Bratt
    Ca
    de Campinas, São Paulo

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