domingo, 4 de janeiro de 2015

Os países têm os ex-presidentes que merecem

Maria João Marques      
Faz por estes dias 10 anos que estava em Miami. Vivia-se o rescaldo do tsunami do Índico e as notícias estavam cheias disso. A ajuda internacional americana tinha dois rostos, que se juntaram e dispuseram a trabalhar juntos para socorrer as populações afetadas: Bill Clinton e George Bush (o pai). Vi-os em vários programas televisivos e impressionou-me a cumplicidade, o respeito, o apreço e até a amizade entre aqueles dois homens que as ideias políticas dividiam e que haviam disputado eleições amargas. Não havia azedume, não deixavam recados insinuados, não espetavam farpas; simplesmente consideravam-se iguais e trabalhavam juntos em algo que evidentemente era mais importante do que divergências políticas. O respeito que eu tenho por ambos veio sobretudo desses dias. São dois homens grandes acima de querelas partidárias.

Isto é nos Estados Unidos. Por cá os ex-presidentes são criaturas tão pequenas e imersas nas tricas partidárias que só nos fazem sentir vergonha pelas figuras alheias. Ramalho Eanes [foto] é o único que se porta decentemente como convém a um ex-PR. Sampaio é a nulidade política que sempre foi. E Soares – que confessa à enlevada Clara Ferreira Alves ser um cidadão ‘especial’ – não pára de se embaraçar (isto se conhecesse o conceito) nem de mostrar que se julga acima das responsabilidades exigidas ao comum cidadão – quando deveria ser ainda mais escrupuloso no seu cumprimento – ou proprietário das instituições. 


Publicamente e sem qualquer vergonha condiciona uma investigação criminal – como fez na primeira visita a Sócrates – e agora vem exigir (quem é Soares?!) ao PR que se pronuncie sobre uma investigação judicial em curso. Que tanta gente se babe com Soares só revela como estamos mais perto de Cuba do que do Estados Unidos.
Título e Texto: Maria João Marques, O Insurgente, 4-1-2015

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