Diário de Notícias |
Em 2011, os bens e serviços essenciais vão subir, e muito: pão, 12%; transportes, entre 3,5% e 4,5%; electricidade, 3,8%. E as famílias ainda sofrem penalizações salariais.
A maioria das despesas fixas das famílias com serviços e bens essenciais vão subir acima da inflação em 2011, agravando o seu poder de compra, já ameaçado com o aumento do IVA e a estagnação ou mesmo redução salarial. É, por exemplo, o caso dos transportes públicos, que vão sofrer um aumento entre 3,5% e 4,5% a partir de 1 de Janeiro, duplicando, neste caso, a inflação prevista pelo Governo para o próximo ano, que é de 2,2%. Mas também da electricidade, gás, portagens e ainda bens alimentares ou outros como o vestuário e calçado.
O Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações comunicou já aos operadores que os passes sociais nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto terão uma subida média de 3,5% e que os outros títulos, para percursos até 50 quilómetros, vão custar mais 4,5%. O passe L1, que alia Metro e Carris, ficará, em média, 1,4 euros mais caro, enquanto o L123 umentará 1,8 euros por mês. Uma viagem de metro pode subir cinco cêntimos.
Também a factura energética promete pesar nos bolsos das famílias e empresas, sem respeitar a calibragem do índice de preços ao consumidor. A electricidade deverá subir 3,8% em termos médios, quase duplicando a evolução prevista para os preços, de acordo com a proposta apresentada pela Entidade Reguladora do Sector Energético (ERSE). Tal representará uma subida média de 1,5 euros tendo em conta uma factura mensal de 41 euros, que abrange a maioria dos consumidores domésticos. Para os cerca de 660 mil consumidores considerados "economicamente vulneráveis", o aumento deverá ser de apenas 20 cêntimos numa factura média de 20 euros.
Quem tem de utilizar transporte individual também não escapará a um agravamento de 2,3% no preço das portagens da Brisa. A concessionária anunciou que a partir de 1 de Janeiro o valor do serviço vai integrar uma actualização de 0,6%, mas que acrescida do aumento da taxa de IVA ficará nos 2,3%, uma décima acima da inflação. A título de exemplo, na A1, o percurso Lisboa/Porto passa a custar 19,95 euros, o que corresponde a um acréscimo de 25 cêntimos. Mas na A2, o percurso Lisboa/Algarve sobe 30 cêntimos para 18,95 euros. Sem alterações deverão ficar os preços para os percursos na A5, até saída de Carcavelos ou Campo/Ermesinde, na A4.
Na área dos bens de consumo, o aumento de 12% previsto para o preço do pão bate todos os recordes. Os industriais de panificação anunciaram essa intenção, justificando-a com o aumento do preço da farinha. O ministro da Agricultura, António Serrano, já o considerou "injustificado", mas os empresários ainda não recuaram.
Com o aumento do IVA, outros bens de consumo como o vestuário e o calçado deverão igualmente aumentar. Associações do sector do calçado estimaram aumentos possíveis de 10%.
Carla Aguiar, Diário de Notícias, 19-12-2010
Poder de compra face à EU em risco
O poder de compra das famílias portuguesas promete ficar seriamente comprometido em 2011 com o efeito conjugado do aumento do IVA , da esperada estagnação salarial ou mesmo redução, no caso dos funcionários públicos, e de uma inflação estimada, pelo Governo, em 2,2%.
A posição relativa dos portugueses no quadro do poder de compra europeu poderá, assim, agravar-se ainda mais, no próximo ano. Portugal é o 10.º país mais pobre no conjunto dos 27 Estados da União Europeia, de acordo com indicadores revelados esta semana pelo Eurostat, referentes a 2009. O PIB per capita português medido em paridades de poder de compra estava em 80% da média comunitária, o que significa que cada português tem um poder aquisitivo 20% inferior a um cidadão da UE.
Na actual conjuntura económica - em que os parceiros sociais ainda nem chegaram a acordo sobre um aumento para o salário minimo -, a tendência de uma grande parte das empresas será a de conceder aumentos salariais apenas ao nível da inflação estimada ou de nem sequer proceder a qualquer actualização. Isso mesmo têm referido algumas associações empresariais e o próprio ministro das Finanças, que disse julgar não haver condições para um aumento significativo dos salários em 2011.
Determinante para a evolução do poder de compra das famílias será o comportamento das taxas de juro, nomeadamente no crédito à habitação. Para já, o Banco Central Europeu afastou novas subidas, mas tudo pode mudar.
Diário de Notícias, 19-12-2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-