Augusto Nunes
Além do brasileiro, o Brasil
já inventou o analista de juiz de futebol, o jurado de escola de samba, o
despachante, o senador biônico, o flanelinha, o comunista capitalista, o cabo
eleitoral de ofício, o guerrilheiro que não sabe atirar e a família Sarney,
fora o resto. Deve achar pouco, sugerem as duas singularidades incorporadas em
2011 ao vastíssimo acervo de assombros. No começo do ano, o País do Carnaval
pariu o único doutor do mundo que nunca leu um livro e não sabe escrever. Em
seguida, decidiu que Dilma Rousseff seria a primeira faxineira da história que
odeia vassoura e gosta de lixo.
Promovida a ministra de Minas
e Energia em 2003, Dilma fez mais que conviver anos a fio, sem qualquer
vestígio de desconforto, com o lixo amontoado por Lula no primeiro escalão
federal. Como atestam três itens no prontuário, a chefe da Casa Civil fez o que
pôde para piorar o que já estava péssimo. Com o dossiê forjado contra Fernando
Henrique e Ruth Cardoso, Dilma aumentou o lixo. Com a conversa em que tentou
induzir Lina Vieira a indultar a Famiglia Sarney, escondeu o lixo. E
intensificou extraordinariamente a produção de lixo ao transformar em sucessora
a melhor amiga Erenice Guerra.
“A corrupção será combatida
permanentemente”, mentiu no discurso de posse. Se pensasse assim, seriam outros
os ministros na plateia. Ao chamar de volta Antonio Palocci e Alfredo
Nascimento, por exemplo, trouxe para dentro de casa o entulho já depositado na
caçamba. Ao nomear Pedro Novais e manter no emprego Wagner Rossi e Orlando
Silva, afastou do aterro sanitário algumas pilhas de detritos. Ao prorrogar o
prazo de validade de Carlos Lupi, revelou que já existe até o lixo de
estimação.
Como atestam as fotos feitas
no dia da posse, Dilma ficou muito feliz com a escolha dos seis ministros localizados
pela imprensa no pântano das maracutaias. Lamentou a partida de cinco e faz o
que pode para não se desfazer do sexto. A permanência de Carlos Lupi no
Ministério do Trabalho transforma a antiga suspeita em certeza: a faxineira do
Brasil Maravilha não consegue viver sem lixo por perto.
Título, Imagem e Texto:
Augusto Nunes, Veja, 21-11-2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-