Maria Lucia Victor Barbosa
Não é à-toa que a classe
dirigente petista odeia a liberdade de pensamento que inclui a imprensa livre,
aquela que dá azia em Lula da Silva. Incomoda aos outrora defensores da ética o
escancaramento da corrupção dos companheiros e de seus sócios em falcatruas, ou
seja, da base aliada.
Exemplos de imprensa
“inconveniente” não têm faltado, a ponto de se pensar que o Brasil está sendo
governado por um sindicato do crime onde larápios do povo se esparramam pelos
Três Poderes, refestelados na impunidade que lhe é facultada por não serem
“pessoas comuns”.
Recorde-se, para citar um
exemplo, a reportagem da Veja (31/08/2011) que trata de um dos mentores do PT,
o ex-ministro, deputado cassado, chefe da quadrilha do mensalão (como a ele se
referiu um Procurador-Geral da República), homem de duas caras, José Dirceu.
Segundo a Veja, Dirceu é um
homem de negócios que gosta de ser chamado de ministro e mantém uma espécie de
gabinete em hotel de Brasília por onde transitam figurões como ministros,
senadores, deputados, presidentes de estatais e magnatas da chamada elite
capitalista. Todos devidamente fotografados pela revista para que não reste
dúvida sobre os bons relacionamentos de José Dirceu junto à classe A da
economia e da política.
A romaria vai em busca da
influência que Dirceu ainda mantém no Congresso, no Judiciário, nas estatais,
nos bancos públicos, nos fundos de pensão, na telefonia, nas empreiteiras, nos
bancos particulares. Dirceu é, pois, um “cardeal” da seita PT e seus “amigos”
nacionais e internacionais contam com o sigilo da confissão e o charme do
mistério que envolve os “interesses”. Portanto, Dirceu continua íntimo dos que
ele chama no pior sentido de “elites”. Afinal, é “consultor de empresas”, entre
outras, as do setor do petróleo e gás.
No seu partido José Dirceu
exerce enorme fascínio. Se não ultrapassa Lula da Silva, pelo menos é a segunda
estrela fulgurante a ser seguida e adorada. E como tal que fez sucesso no 2º
Congresso da Juventude do PT realizado recentemente.
No evento Dirceu proferiu o
discurso da imoralidade criticando a “luta moralista contra a corrupção”. Ele
se referia aos movimentos espontâneos, que das redes sociais acorrem às ruas e
às denúncias da imprensa não cooptada pelo governo petista.
O poderoso homem do PT fez
bonito para a juventude dourada petista, devidamente doutrinada para crer que
moral é coisa de burguês. Algo que não deixa de soar delicioso porque abre as
comportas da roubalheira oficial aos companheiros. Não importa se o povo é
lesado pela conduta criminosa dos ministros que têm caído sob o peso de
documentos, fotos, depoimentos.
Antigamente o PT dizia ser o
defensor dos pobres e oprimidos, que são os mais prejudicados pelos ministros
corruptos de Lula/ Rousseff, incluindo Carlos Lupi, do Trabalho, que se agarra
vergonhosamente ao cargo. Um péssimo exemplo para a juventude, mas, como
ensinou a presidente no discurso do cinismo: “passado é passado”.
Não podia faltar também da
parte do misto de lobista e guru do PT o discurso contra as elites. Aquelas que
sustentam as campanhas petistas e que devem lhe dar, assim como a muitos
companheiros, lucros nada desprezíveis. E os jovens petistas, deslumbrados,
agraciaram o ídolo com uma camiseta onde se lia: “Contra o golpe das elites – Inocente”.
O golpe das elites, teoria da
conspiração forjada por Dirceu produz aquela excitação aos que se julgam
superiores por conhecer certos segredos inacessíveis ao vulgo, aquele prazer de
denegrir quem se deseja atingir. Desse modo são forjados mitos que prevalecem
como verdades inquestionáveis por mais idiotas que sejam. Ou, então, vingam-se
recalques contra os melhores, pois a inveja é sentimento intrínseco ao ser
humano. Exemplo: os Estados Unidos são o grande Satã Branco. Os judeus matam
criancinhas em seus rituais e querem dominar o mundo. O holocausto não existiu.
No seu discurso da imoralidade
Dirceu não podia deixar de mencionar o PSDB. Estranha obsessão contra um
partido que, com exceção de alguns de seus políticos nunca foi oposição ao PT.
Mas, contra o PSDB Dirceu foi moralista ao sentenciar: “Quando dizem que tem de
responsabilizar o ministro e o partido por problemas no ministério, então, tem
que se responsabilizar o PSDB, o Geraldo Alckmin e o José Serra pelo escândalo
das emendas (?) em São Paulo”. Nessa toada tem que se responsabilizar Lula e
seu partido pelos inúmeros escândalos de corrupção de seus ministros. O mesmo
serve para Rousseff se não fizer uma faxina de verdade.
Lembre-se, porém, Dirceu, que
dentro de todo ser humano existe a capacidade de diferenciar o bem e o mal,
independente da época e da sociedade. Por isso, até o mais cínico e hipócrita
dos ministros de Lula repassados a Rousseff oculta seus atos corruptos ou trata
de mentir sobre eles porque sabe que pode ser jugado, não pela burguesia
moralista, mas pela opinião pública.
Título e Texto: Maria Lucia Victor Barbosa, socióloga,
20-11-2011
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