O líder dos “populares”
ultrapassou o melhor resultado de sempre, em 2000, de José Maria Aznar. Os
socialistas sofreram uma “sangria” de votos. Perderam o centro e para a
esquerda, e iniciam, agora, um processo conturbado, com a previsão de um
Congresso em Junho.
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Rajoy agradece o apoio, foto: Sergio Perez/Reuters |
Nuno Ribeiro
O candidato do conservador Partido Popular
(PP), Mariano Rajoy, ganhou neste domingo as eleições gerais espanholas. Com
86% do voto escrutinado, os “populares” obtêm 186 deputados, contra 110 eleitos
dos socialistas. O “score” eleitoral do PP bateu todos os recordes históricos,
ultrapassando mesmo o número de 183 parlamentares alcançado por José Maria
Aznar, aquando da maioria absoluta de 2000.
Em contrapartida, Alfredo
Pérez Rubalcaba, o candidato do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE),
ficou aquém das mais negativas previsões das sondagens. A bancada do partido do
“punho e da rosa” terá 110 deputados, face à sua fasquia mínima que era, até
agora, de 125, obtidos há 11 anos sob a liderança de Joaquin Almunia.
“Esta vitória obriga-nos à
humildade e ao compromisso”, disse Mariano Rajoy no discurso no qual agradeceu
aos espanhóis a sua confiança. Foi uma intervenção moderada que procurou a
integração de toda a cidadania no seu projecto. “Vou ser o presidente de todos,
os meus inimigos são o desemprego, o défice a dívida externa”, garantiu. “Vamos
governar na mais delicada conjuntura dos últimos 30 anos e só sairemos desta se
sairmos todos juntos”, acentuou.
Rajoy anunciou algumas das
suas linhas mestras da acção governativa. Internamente, prometeu que “não
haverá sectarismos, guerras pequenas, divisões artificiais, haverá esforço
comum, de todos e para todos, esforço solidário”. E dirigiu uma mensagem à
Europa. “A voz espanhola tem de voltar a ser respeitada em Bruxelas e em
Frankfurt, seremos o mais leal e mais exigente dos sócios, cumpridores e
vigilantes”, anunciou.
O próximo presidente do
Governo de Espanha, que a meio da noite recebeu os cumprimentos de José Luís
Rodriguez Zapatero e do seu rival Pérez Rubalcaba, manifestou a certeza de que
a transmissão de poderes do actual gabinete socialista para o futuro Executivo
será normal.
“Alfredo não acredito em ti”,
gritavam ao princípio da noite os militantes do PP junto à sede do PP, na
madrilena calle Génova. “Foram anos difíceis, mas hoje estamos aqui e podemos
dizer que temos uma maioria muito importante”, disse Mariano Rajoy à multidão
que o esperava na rua. “A melhor coisa que tem Espanha são os espanhóis que vão
lutar contra a crise, amanhã [segunda-feira] de manhã estarei já a trabalhar, a
tarefa não é fácil”, continuou.
“A Espanha unida jamais será
vencida”, respondeu a militância. “É disso que se trata, de esforço, de
unidade, peço o vosso apoio, mas temos coragem e vontade de fazer um governo no
qual se sintam representados todos os espanhóis”, acentuou.
A alegria vivida na sede dos
“populares” tinha contraponto no ambiente pesado que se sentia na calle Férraz,
o quartel-general do PSOE. São poucos os quilómetros entre ambas as calles. Mas
o ambiente era diametralmente oposto. “Perdemos claramente as eleições, tivemos
um mau resultado”, agradeço, de coração, o apoio que nos deram”, leu, numa
curta declaração, Rubalcaba. “Vamos defender que a luta contra a crise não
represente o fim dos direitos que protegem todos os espanhóis”, disse o
candidato socialista. “Vamos defender os serviços públicos universais, a
igualdade entre homens e mulheres, as nossas liberdades e direitos civis”,
prometeu.
Numa referência ao futuro do
PSOE, Alfredo Pérez Rubalcaba anunciou que tinha proposto ao secretário-geral,
Zapatero, a convocatória de um congresso ordinário que, pelos estatutos, deverá
decorrer até Junho do próximo ano. Foi notória a ausência do actual líder
socialista e presidente do Executivo espanhol junto ao seu candidato na sempre
difícil hora de reconhecer a derrota.
A diferença de votos entre os
“populares” e os socialistas manifestou a solidez do eleitorado conservador. O
PP conseguiu a sua vitória através da “sangria” de apoios do PSOE, que
inclusivamente na Andaluzia e na Catalunha, seus feudos tradicionais, deixou de
ser a formação mais votada. Em terras andaluzas, os socialistas foram superados
pelos conservadores. Na Catalunha, também pela primeira vez em eleições gerais,
os nacionalistas da Convergência e União (CiU) ficaram à sua frente. A débacle
do PSOE, que perdeu votos ao centro e para a esquerda, levou a uma maior
fragmentação do Parlamento. Depois da CiU, com 11 deputados eleitos surge a
coligação Esquerda Unida, que engloba e os comunistas, e que aumentou em nove
eleitos a sua representação. Na pugna pela representação do nacionalismo basco
nas “Cortes” espanholas, “Aiamur”, que reúne os herdeiros de Batasuna – o
antigo braço político da ETA – e os independentistas de “Euska Alkartasuna” e
“Aralar”, ganhou o braço-de-ferro ao Partido Nacionalista Basco (PNV).
A formação pró independentista
conseguiu sete deputados, contra cinco do PNV. Com cinco deputados, portanto
com direito à formação de grupo parlamentar, ficou a União Progresso e
Democracia que, em menos de quatro anos, quintuplicou a sua representação. Mais
um passo no caminho de um partido que aposta contra o “bipartidarização” da
vida política espanhola.
Por fim, os republicanos
catalães e os regionalistas Canárias alcançaram três deputados cada. Seguidos
dos dois eleitos dos nacionalistas galegos. Com um único deputado ficou a
formação ecologista e o “Foro dos Cidadãos”, uma dissidência do PP nas
Astúrias.
Texto: Nuno Ribeiro, de Madrid para o Público, 20-11-2011
Título: JP
Agora, meus caros amigos espanhóis, é só aguardar a convocação, pela Comissiones Obreras, da Greve Geral para "afastar essa gente" (ustedes) do poder! Aguardem!
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