João Bosco Leal
As preocupações com os filhos
mudam, mas não acabam. No início, enquanto crianças, ela gira em torno de sua
saúde, educação, cultura e futuro, mas passada essa fase, quando já nos
orgulhamos dos resultados obtidos nesses setores, começam outras.
Na juventude passamos a nos
preocupar com os riscos no trânsito, com sua segurança física, seus negócios,
viagens e, posteriormente, com seu casamento. Observamos se seguem ou não
nossos exemplos e muitas vezes notamos que estão fazendo o que atualmente já
não faríamos, por termos mudado de opinião ou por termos reconhecido que
erramos naquele ponto.
Nessa etapa normalmente temos
a intenção de, de alguma maneira, aconselhar, orientar, na tentativa de ajudar
para que não errem onde já descobrimos que erramos, ou onde poderíamos ter sido
melhores e quando eles também passam a ser pais, a preocupação passa a ser com
o relacionamento que terão com seus próprios filhos.
Além do natural instinto de
preservação da espécie e da continuidade da família, os netos são o maior
presente que poderíamos receber na vida, e através deles é que nos enxergamos
recomeçando, permanecendo na vida. Os que passaram a ser avós iniciam um novo
aprendizado, o de como se relacionar com seus netos. É comum se lembrarem dos
próprios avós, e de como se relacionavam com eles.
Passam a entender as
diferenças comportamentais e as maiores ou menores afinidades que tínhamos com
cada um dos avós, entre os paternos e maternos, quais tinham mais ou menos
paciência, o que faziam ou permitiam que fizessem com eles.
Descobrem que um comportamento
menos comunicativo ou brincalhão de um dos avós não está relacionado com um
maior ou menor amor pelos netos, mas com a própria personalidade de cada um
deles e também dos netos. Problemas físicos causados por algum acidente ou pela
própria idade também podem limitar esses avós em relação a muitos tipos de
brincadeiras com seus netos, o que não significa menos amor.
Diversos ditados populares
ensinam que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, ou “os avós são
os pais com açúcar”, mas é a própria natureza que constantemente nos mostra que
quem é avô já não pode se comportar como pai e que deveria observar isso em
todos os sentidos, pois muitas são as demonstrações que ela dá, de que as fases
são muito distintas.
A idade cronológica dos avós,
que naturalmente já não possuem a mesma destreza, força e fôlego de quando mais
jovens, é certamente a maior diferença entre eles e seus filhos. O período
durante o qual podiam permanecer com uma criança no colo já não é o mesmo e o
simples fato do avô dobrar sua coluna para beijar uma criança de estatura bem
mais baixa poderá causar dores em sua coluna vertebral.
A audição e a paciência
certamente também já não são as mesmas e, nesse caso, se as pessoas falam baixo
e ele não ouve, fica irritado, o que também ocorre com os gritos e manhas das
crianças, sejam netos ou desconhecidos.
Por outro lado, muitas são as
alegrias dos avós, como a que senti quando há poucos dias ouvi de um neto:
“Vovô, eu gostei muito de suas brincadeiras”, uma declaração simples,
inesperada e ao mesmo tempo tão profunda, que não soube sequer o que responder.
Não pensei que aquela simples brincadeira estivesse provocando sentimentos que
certamente permanecerão em por décadas em sua mente.
Todos esses detalhes são
demonstrações de como as etapas são diferentes e cada uma só será bem cumprida
por quem estiver com sua idade apropriada para tal. Os jovens não possuem
experiência ou estrutura psicológica para serem avós e estes já não possuem a física
para voltarem a ser pais.
Educar e cuidar do futuro dos filhos é função e responsabilidade dos
pais, enquanto a dos avós é de simplesmente brincar, passear e se relacionar
com os netos da maneira que não puderam fazer com seus filhos.
Título, Imagem e Texto: João
Bosco Leal
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