quarta-feira, 11 de julho de 2012

Honestos, trombadões e trombadinhas

Luciano de Moura
Certas coisas (como esta), que acontecem em um país como o Brasil, nos remetem aos contos de fadas, vividos na infância. Ou aos filmes preto e branco (eram quase marrons), em que o mocinho sempre vencia os assaltantes, normalmente do Banco Wells Fargo, transportando valores em carruagens, conhecidas como “diligências”. Era realmente fantástico, e saíamos dos cinemas, com uma íntima sensação de alívio, sabendo que o bem vencera o mal. Mas foi com uma impressão de profunda vergonha, que algumas vezes presenciei uma cena jamais imaginada no Brasil. Foi na Suíça, na cidade de Zurique, para onde viajei muitas vezes.
Nas proximidades do Hotel Mövenpick, havia uma casa amarela, com um portão ladeado por duas colunas. Na coluna da esquerda, estava um vaso com flores, na da direita, um prato com uma placa na qual constava a frase, em alemão: "Cada flor, 1FR." E na verdade, no prato estavam as ditas moedas. Eu ficava parado em frente, olhando sem entender, como aquilo podia ser possível! Imaginava uma cena daquelas, em algum lugar do Brasil. Impossível, pensava eu! Alguém levaria o prato, o vaso, arrombaria a casa e, com uma van estacionada à porta, roubaria tudo que encontrasse naquela casa que tanta paz inspirava. Desta amarga certeza, originava-se a enorme vergonha que sentia.
Agora, com cada novo escândalo que surge nas bandas de cá, podemos sentir com amarga nitidez, que com todos os exemplos que a juventude presencia, tudo está irremediavelmente perdido. O proclamado Brasil do futuro não existe.
E quando sabemos que este cidadão, enquanto ministro da justiça, vivia cercado de "trombadões," e ignorava todos, bancar o John Wayne em uma rua de Porto Alegre é simplesmente ridículo.
Título, Imagem e Texto: Luciano de Moura, 10-7-2012

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