Peter Rosenfeld
Será que é justo querer
comparar o pequeno (em tamanho) Paraguai com o gigantesco (também em tamanho) Brasil?
Penso que tais comparações não
são nada justas.
Está aí a minúscula Suíça, um
gigante em múltiplos aspectos. Os três países nórdicos, idem.
Certamente as populações
desses países têm orgulho de suas pátrias, e com toda a razão.
Do Brasil atual só podemos nos
orgulhar de seu tamanho geográfico (que foi aumentado por obra dos bandeirantes
em um passado já longínquo, e quando brasileiros lutaram justamente contra o Paraguai!)
e de suas riquezas naturais, dádiva divina!
Politicamente, também tivemos
algumas semelhanças. Longas ditaduras, terminadas em anos mais ou menos
recentes, sem quaisquer danos maiores à integridade física dos habitantes.
A volta a um regime
democrático aconteceu antes no Brasil do que no Paraguai.
Já em uma democracia,
depusemos um Presidente acusado de corrupção; mas nada fizemos com outro, em
cujo longo governo roubou-se mais (e impunemente) do que o PIB de muitos países
de tamanho médio, nada acontecendo até agora.
Roubo, ou roubos, se
comparados com os do período do Presidente deposto fizeram desses últimos
minúsculas fichinhas!
Ao Presidente brasileiro
aplicou-se o que estabelecia a Constituição vigente (aprovada pouco antes!).
O outro, que roubou e deixou
que roubassem à vontade, está aí flanando todo prosa e multimilionário. E, para
comoção geral, o então deposto hoje é senador da República, todo pavão e, além
disso, amiguinho do outro.
Mas, como não se infringiu a
Constituição batizada, à época de sua proclamação, de “cidadã”, estamos todos
em paz.
Já o Paraguai, coitadinho, ao
ver seu Presidente imoral, corrupto, demagogo, e outras qualidades negativas,
deposto pela virtual unanimidade do Congresso (um voto a seu favor na Câmara de
Deputados e três no Senado – isso é virtual unanimidade, ou será que alguém
pensa diferentemente?), vê saírem a defender que teria havido um golpe!
Justamente os países com uma
situação presente e um passado recente nada recomendável em termos de
democracia, seriedade e tudo o que vai com isso.
O ex-Presidente de Honduras,
deposto pelos mesmos motivos que levaram à presente deposição do Sr. Lugo, foi
dos primeiros a se solidarizar com a deposição; ora, logo quem!
O homem que fez da Embaixada
Brasileira um hotel (e transformou esse hotel em uma hospedagem quase permanente)
sem que o governo brasileiro sequer pensasse em exigir que saísse, apoiou o Sr.
Lugo.
Bastaria isso para comprovar a
qualidade (?) moral de ambos os ex-Presidentes, em minha modesta opinião.
Como diria o Rui Barbosa da
atualidade, “nunca antes neste paiz” tanta gente importante disse tantas
besteiras e torceu tanto a verdade dos fatos.
Outro brasileiro ilustre de um
passado que não mais retornará, considerado o pai da política externa
brasileira, Barão de Rio Branco, deve estar envergonhado ao extremo por todos
esses que têm enlameado a política externa brasileira.
Conheci o Paraguai em 1971, em
uma visita turística.
Tipicamente latino, sem dar
muita atenção à ordem das coisas mais simples, como trânsito, documentos,
filas, etc. E paraíso de produtos importados, tanto os legítimos como os
falsos.
Mas o povo era amistoso,
especialmente com relação a brasileiros.
Outras três vezes, em anos
posteriores, visitei o país a trabalho. Continuava igual. Fiquei encantado
quando, ao descer do avião que me havia trazido do Brasil, fui interpelado por
um menino de não mais do que 10 anos de idade, que me perguntou se eu conhecia
Assunção.
Ao responder que sim, disse-me
“é uma cidade linda, o povo é muito bom e atencioso”! E o País ainda vivia em
plena ditadura do Gal. Stroessner.
Voltando ao Paraguai e à
repercussão do que aconteceu naquele País, igualmente indicativo da maneira por
vias tortas que pensam alguns países, o Mercosul decidiu duas belezas: 1) – a
suspensão da filiação paraguaia; 2) – a aceitação da filiação da Venezuela!
Se há um país que nada tem a
ver com o Mercosul e os motivos que levaram à sua criação, esse é a Venezuela.
A única coisa que essa última
tem em comum com os países do Sul é o de falar uma língua de origem latina.
Ah, esquecia: os (as)
Presidentes têm muito de bufões!
Aliás, pergunto: por que será
que os políticos latinos têm isso em comum? Será um traço perfeito de latinidade?
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto
Alegre, 04 de julho de 2012
ET: Soube que os jornais de
hoje publicaram a posição do Uruguai, radicalmente contrária ao ingresso da
Venezuela no Mercosul. Já nosso chanceler “ad hoc” Sr. Marco Aurelio Garcia,
como sempre deu seus palpites furados, como sempre, contra a posição de nosso
vizinho do sul.
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