quarta-feira, 4 de julho de 2012

Paraguai x Brasil

Peter Rosenfeld
Será que é justo querer comparar o pequeno (em tamanho) Paraguai com o gigantesco (também em tamanho) Brasil?
Penso que tais comparações não são nada justas.
Está aí a minúscula Suíça, um gigante em múltiplos aspectos. Os três países nórdicos, idem.
Certamente as populações desses países têm orgulho de suas pátrias, e com toda a razão.
Do Brasil atual só podemos nos orgulhar de seu tamanho geográfico (que foi aumentado por obra dos bandeirantes em um passado já longínquo, e quando brasileiros lutaram justamente contra o Paraguai!) e de suas riquezas naturais, dádiva divina!
Politicamente, também tivemos algumas semelhanças. Longas ditaduras, terminadas em anos mais ou menos recentes, sem quaisquer danos maiores à integridade física dos habitantes.
A volta a um regime democrático aconteceu antes no Brasil do que no Paraguai.
Já em uma democracia, depusemos um Presidente acusado de corrupção; mas nada fizemos com outro, em cujo longo governo roubou-se mais (e impunemente) do que o PIB de muitos países de tamanho médio, nada acontecendo até agora.
Roubo, ou roubos, se comparados com os do período do Presidente deposto fizeram desses últimos minúsculas fichinhas!
Ao Presidente brasileiro aplicou-se o que estabelecia a Constituição vigente (aprovada pouco antes!).
O outro, que roubou e deixou que roubassem à vontade, está aí flanando todo prosa e multimilionário. E, para comoção geral, o então deposto hoje é senador da República, todo pavão e, além disso, amiguinho do outro.
Mas, como não se infringiu a Constituição batizada, à época de sua proclamação, de “cidadã”, estamos todos em paz.
Já o Paraguai, coitadinho, ao ver seu Presidente imoral, corrupto, demagogo, e outras qualidades negativas, deposto pela virtual unanimidade do Congresso (um voto a seu favor na Câmara de Deputados e três no Senado – isso é virtual unanimidade, ou será que alguém pensa diferentemente?), vê saírem a defender que teria havido um golpe!
Justamente os países com uma situação presente e um passado recente nada recomendável em termos de democracia, seriedade e tudo o que vai com isso.
O ex-Presidente de Honduras, deposto pelos mesmos motivos que levaram à presente deposição do Sr. Lugo, foi dos primeiros a se solidarizar com a deposição; ora, logo quem!
O homem que fez da Embaixada Brasileira um hotel (e transformou esse hotel em uma hospedagem quase permanente) sem que o governo brasileiro sequer pensasse em exigir que saísse, apoiou o Sr. Lugo.
Bastaria isso para comprovar a qualidade (?) moral de ambos os ex-Presidentes, em minha modesta opinião.
Como diria o Rui Barbosa da atualidade, “nunca antes neste paiz” tanta gente importante disse tantas besteiras e torceu tanto a verdade dos fatos.
Outro brasileiro ilustre de um passado que não mais retornará, considerado o pai da política externa brasileira, Barão de Rio Branco, deve estar envergonhado ao extremo por todos esses que têm enlameado a política externa brasileira.
Conheci o Paraguai em 1971, em uma visita turística.
Tipicamente latino, sem dar muita atenção à ordem das coisas mais simples, como trânsito, documentos, filas, etc. E paraíso de produtos importados, tanto os legítimos como os falsos.
Mas o povo era amistoso, especialmente com relação a brasileiros.
Outras três vezes, em anos posteriores, visitei o país a trabalho. Continuava igual. Fiquei encantado quando, ao descer do avião que me havia trazido do Brasil, fui interpelado por um menino de não mais do que 10 anos de idade, que me perguntou se eu conhecia Assunção.
Ao responder que sim, disse-me “é uma cidade linda, o povo é muito bom e atencioso”! E o País ainda vivia em plena ditadura do Gal. Stroessner.
Voltando ao Paraguai e à repercussão do que aconteceu naquele País, igualmente indicativo da maneira por vias tortas que pensam alguns países, o Mercosul decidiu duas belezas: 1) – a suspensão da filiação paraguaia; 2) – a aceitação da filiação da Venezuela!
Se há um país que nada tem a ver com o Mercosul e os motivos que levaram à sua criação, esse é a Venezuela.
A única coisa que essa última tem em comum com os países do Sul é o de falar uma língua de origem latina.
Ah, esquecia: os (as) Presidentes têm muito de bufões!
Aliás, pergunto: por que será que os políticos latinos têm isso em comum? Será um traço perfeito de latinidade?
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre, 04 de julho de 2012
ET: Soube que os jornais de hoje publicaram a posição do Uruguai, radicalmente contrária ao ingresso da Venezuela no Mercosul. Já nosso chanceler “ad hoc” Sr. Marco Aurelio Garcia, como sempre deu seus palpites furados, como sempre, contra a posição de nosso vizinho do sul.

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