1. O General Santander, parceiro de Bolívar na guerra da
independência da Colômbia (depois presidente com a jornada de Bolívar em
direção ao Peru), cunhou uma frase que tem um enorme destaque na Plaza Mayor de
Bogotá: "A independência se
conquista com as armas; a liberdade se conquista com as leis."
2. A filósofa Arendt, num seminário em 1959, diferenciava as
revoluções francesa e russa da americana (das 13 colônias). As duas primeiras
lutavam pela justiça social, por quaisquer meios; a americana lutava pela
justiça social e pelas instituições ao mesmo tempo.
3. Nos momentos de crise – como o que vive o Brasil agora –,
setores políticos, em geral populistas, denunciam os problemas sociais e
propõem atingir a justiça social atropelando as leis. Assim tem sido por aqui
nestes últimos anos na Venezuela, Nicarágua, Equador, Bolívia e até Argentina.
4. As manifestações de junho de 2013 e posteriores têm um elemento
causal, produto do pragmatismo institucional do governo federal: o descrédito
nas instituições. A pesquisa sistemática que faz a FGV tem demonstrado a mesma
coisa. O governo federal e o PT intensificaram seu discurso de descrédito nas
instituições, especialmente nas instituições políticas e nos meios de
comunicação.
5. Esse é um perigoso processo sinérgico que, já no início da
campanha eleitoral, ganhou destaque com o avanço de Lula sobre as instituições,
ao apontar para os eleitores o ódio das elites, respondendo às vaias sonoras em
Dilma. As acusações ao STF. E a repetir sistematicamente a necessidade de
controlar os meios de comunicação. Apenas três exemplos.
6. É sempre assim em boa parte da América do Sul. Uma crise
localizada é respondida com uma proposta de intervenção. Até no futebol, depois
dos 7 a 1.
7. Essa é a tendência dessa campanha eleitoral: a campanha de Dilma
responderá ao agravamento de seus problemas questionando as instituições e
apontando para um futuro de perigosas mudanças para a normalidade democrática.
Título e Texto: Cesar Maia, 15-07-2014
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