Por outro lado, a pobreza intelectual do grupo dominante, a ignorância dos seus «politólogos», o estádio cavernícola da ciência económica oficial e a demagogia das alternativas de esquerda chegam para compreender que, se há uma vulnerabilidade e um ponto de menor resistência do regime, é que ele acabará por alienar e desiludir progressiva e naturalmente as elites pensantes responsáveis, que não poderão ser coniventes com a sua mediocracia, como os homens de carácter não podem já suportar a sua demagogia.
Mas aqui é necessário evitar as tentações da facilidade, do revivalismo e do saudosismo. (…)
O estudo, a meditação, o trabalho, a busca de uma qualidade e de uma criatividade superiores são, ao lado de um estilo novo, agressivo, despido de quaisquer concessões ao que no passado está no passado e morto e ao que no presente é intrinsecamente perverso e negativo para a comunidade, os únicos meios que podem trazer, com a própria evolução e força das coisas, caminhos insuspeitados e imprevisíveis de regeneração. (…)
É partindo destas reflexões e realidades que se pode e deve equacionar uma política nova que, pondo de parte os falsos dilemas do parlamentarismo e do caudilhismo, do democratismo e do comunismo, dos clientelismos e caciquismos de diversas cores baseados na sobrevivência da classe dirigente saída do Thermidor de novembro de 1975, procure restabelecer, como norma de ação do Estado e do poder, os interesses da comunidade nacional. E os equilíbrios económico-sociais baseados em critérios da eficácia na criação da riqueza. E na base desta mudança e da justiça e solidariedade na sua distribuição tem de estar uma concepção de vida, diversa da que tem sido dominante e que o tempo e os resultados têm revelado suicida para o País, o bem comum e os cidadãos.»
Jaime Nogueira Pinto, A direita e as direitas, Lisboa, Bertrand Editora, 1995/2018, pp.232-233.
Título: Gabriel Mithá Ribeiro, Vice-Presidente do CHEGA!, 10-12-2020
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