segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

[Diário de uma caminhada] O temporal CHEGA


Gabriel Mithá Ribeiro 

O CHEGA é um movimento profundamente renovador porque transporta para o âmago da vida cívica e política, pela primeira vez na democracia portuguesa, a consciência de que nem os mortos, nem os vivos e nem os que nos sucederão poderão ser privados dos seus direitos cívicos. É o ensinamento do filósofo conservador Roger Scruton, na esteira de pai do conservadorismo, Edmund Burke (Roger Scruton, Como ser um conservador, 2014/2018). 

Tão nobre princípio civilizacional foi sempre desprezado pela tradição revolucionária da III República Portuguesa. Esta viveu e vive do incentivo aos nacionais e às suas instituições, assim como a terceiros, para destratarem o passado histórico de Portugal, do recente ao remoto. Outro tanto acontece quando se olha em sentido contrário, para o futuro, uma vez que a herança das gerações futuras é uma dívida soberana colossal, desgraça que não parece perturbar moralmente a casta elitista do atual regime. Reduzir uma sociedade à pobreza é aprisioná-la num presente depressivo de misérias que desesperam por respostas urgentes justamente porque se destruiu o valor do passado histórico, o que arrasta no mesmo sentido as ambições de prosperidade futura. 

Razões para Portugal necessitar muitíssimo mais do que de um novo partido político, mesmo que ele seja fundamental para um recomeço histórico e civilizacional. 

O CHEGA não existe apenas para disputar eleições. Existe também para instigar nos Portugueses a ambição de restaurar a dignidade do passado secular do país em todos os seus momentos, assim como para instigar a ambição da Sociedade para que se liberte, pelo voto e pelas práticas, de um Estado que vive do saque fiscal a quem produz para sustentar clientelas parasitárias que lhe vendem o voto. 

Pensar menos no presente e bem mais no passado e no futuro nacional e europeu é reentrar na órbita do ideal de civilização, tanto mais forte quanto mais estendido no tempo for o sentido da existência coletiva. Pouquíssimos povos na face da terra possuem uma consciência coletiva fixada numa memória escrita de quase nove séculos, uma maturidade identitária raríssima que permite perspetivar um futuro com igual solidez. 

Desperdiçar tamanho património humano à custa da adulteração do sentido do passado histórico português por via do apagamento da sua dimensão positiva (a riqueza do legado civilizacional transmitido a outros povos) para que reste apenas a dimensão negativa (a violência inegavelmente inerente ao contexto peculiar de certas épocas passadas), quando o tempo histórico é sempre ambivalente, foi a grande bancarrota civilizacional imposta pela III República Portuguesa. Pior é impossível. 

O ódio ao nacionalismo e ao patriotismo português mais não é do que a glorificação do nacionalismo e patriotismo soviético. O último conseguiu fazer-se passar por internacionalismo e globalismo e as elites portuguesas caíram no engodo comprando, para auto-humilhação portuguesa, conceitos e ideais como colonialismo (manipulação que reserva o negativo apenas para o colonizador e o positivo apenas para o colonizado, contra o conceito e ideal bem mais neutro e equilibrado de colonização) e imperialismo (aplicável apenas ao Ocidente enquanto práticas bem mais violentas de soviéticos ou chineses ganharam rótulos fofinhos de solidariedade e de cooperação entre povos). Munidas de tais armas traiçoeiras, por ingenuidade ou perversão, as atuais elites tomaram conta da orientação dos sistemas de ensino usando-as para modelar o pensamento social em Portugal desde as gerações dos anos setenta. Por conta própria, fizeram a lavagem dos cérebros compatriotas em nome da Mãe-Rússia. 

A herança é tão perversa e pesada que o CHEGA está ao lado dos portugueses, dos intelectuais aos mais variados agentes da cultura, que ousem renovar alargando no senso comum a dimensão temporal da dignidade e da força nacional, quer em direção ao longo passado quer ao intemporal futuro. É tempo de libertar Portugal de um presente revolucionário deprimente, de um dos piores ciclos civilizacionais em quase nove séculos de história. 

O CHEGA está a semear um temporal histórico que se vai abater sobre os que não entendem que os ventos de mudança começam a soprar. 

Título e Texto: Gabriel Mithá Ribeiro, Vice-Presidente do CHEGA!, 7-12-2020 

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