sábado, 17 de julho de 2021

Os cúmplices de Castro

Quem ainda defende Lula e o PT tem as mãos sujas do sangue inocente que corre em Cuba


Rodrigo Constantino

Cuba voltou a ver manifestações populares como fazia muito não via. E para isso ocorrer é porque o povo está desesperado mesmo. Afinal, trata-se de uma população desarmada, miserável, lutando contra o regime mais opressor e assassino do continente. Aqueles que saem às ruas sabem que sofrerão retaliação, que muitos serão presos, espancados e mortos, ou simplesmente desaparecerão. Não obstante, com coragem quase suicida, inúmeras pessoas foram protestar, clamando por liberdade e pelo acesso ao básico, que lhes falta na penúria socialista.

Após mais de 60 anos de “revolução” comunista, apenas uma casta no poder vive em condições decentes, explorando como escravos os cerca de 11 milhões de cubanos que não conseguiram fugir. Todo regime comunista acabou exatamente na mesma situação, mas seus defensores não querem checar as premissas: dão sempre um jeito de culpar os líderes, que se “desviaram do marxismo”. Era para ser uma “ditadura do proletário” e acaba sendo sempre uma “ditadura sobre o proletário”. Mas os comunistas não acham que o problema está no meio que pregam: a concentração absoluta de poder no Estado.

A ilha caribenha virou um símbolo da luta esquerdista contra o “império estadunidense”, e por isso é defendida com unhas e dentes até hoje, apesar de tudo. A embaixada chinesa no Brasil se solidarizou com o regime opressor comunista, por motivos óbvios. O PT, o MST, o PCdoB, a CUT, todos saíram em defesa da ditadura e condenaram o “bloqueio” norte-americano, como se a causa da miséria cubana fosse a ausência da “exploração ianque” — e eles nem notam a contradição de culpar o embargo e ao mesmo tempo a globalização neoliberal.

Ou seja, não faltam cúmplices de Fidel Castro e seus sucessores no Brasil, país que não correria o menor risco de virar comunista, segundo nossos jornalistas. São os mesmos que chamam Lula, que saiu em defesa da ditadura, de alguém “moderado” ou mesmo de “centro”. Estão todos eles a serviço da mesma ideologia nefasta. Quem ainda defende Lula e o PT tem as mãos sujas do sangue inocente que corre em Cuba, e de que tomamos conhecimento com cenas chocantes, como a dos milicianos do governo que mataram um homem em frente à sua esposa com o filhinho no colo.

Cuba sempre viveu de mesada, antes da União Soviética, depois da Venezuela chavista e seus petrodólares, e por fim do próprio Brasil petista, com o programa Mais Médicos e o financiamento de obras na ilha. Era uma forma de transferir recursos para os capangas de Fidel e seu irmão. Com a chegada de Bolsonaro ao poder, acabou a mamata, e a pandemia deu o golpe final, ao interditar o turismo, o principal negócio cubano. A asfixia é que levou milhares às ruas exigindo sua liberdade de volta. 

O regime cubano sempre foi comandado por um psicopata, como normalmente acontece. Os que ascendem ao poder nesses golpes “revolucionários” tendem a ser os mais ambiciosos e frios, capazes de matar qualquer um que se mostre um obstáculo ao anseio pelo poder absoluto. Fidel tinha exatamente esse perfil, demonstrado desde a juventude. Em seu livro Cuba sem Fidel, Brian Latell diz: “Já com 20 anos de idade, Fidel considerava a prática de assassinatos e a provocação de situações caóticas meios justificáveis e aceitáveis para ver materializados seus interesses pessoais”. Isso ficou ainda mais claro na famosa crise dos mísseis, na década de 1960, os dias mais tensos da Guerra Fria.

O presidente norte-americano JFK, que não conseguia entender o ponto de vista dos soviéticos, decidiu restringir os voos do U-2 para inspeções na ilha caribenha em 11 de setembro de 1962. Quatro dias depois, os primeiros mísseis soviéticos chegaram ao Porto de Mariel, em Cuba — o mesmo que seria destino de bilhões do BNDES petista décadas depois. A CIA rejeitou categoricamente a possibilidade de que os soviéticos estivessem instalando áreas nucleares no país, por pura ingenuidade.

Em Legado de Cinzas, Tim Weiner relata as peripécias da agência de espionagem americana. As transcrições das reuniões sobre a crise dos mísseis só foram divulgadas 40 anos depois. Por todo esse período, “o mundo acreditou que somente a calma determinação do presidente Kennedy e o firme compromisso de seu irmão com uma solução pacífica haviam salvado a nação de uma guerra nuclear”.

Na verdade, JFK cedeu às chantagens soviéticas e aceitou retirar os mísseis norte-americanos da Turquia, exigindo segredo total sobre o acordo, pois sabia que seria humilhante torná-lo público. Outra parte do trato foi aceitar jamais invadir Cuba. Era o fim do sonho de libertação do povo cubano, escravizado até hoje.

Kruschev chegou a escrever que seria ridículo entrar em guerra por causa de Cuba. A guerra era impensável para o líder soviético. A superioridade nuclear dos norte-americanos era gigantesca na época: 5 mil ogivas contra 300 dos soviéticos. Kruschev usou Cuba como instrumento para negociar a retirada dos mísseis da Turquia, e JFK, perplexo, caiu no blefe. Mas nem todos blefavam…

Conforme relata Humberto Fontova em Fidel: o Tirano Mais Amado do Mundo, o ditador cubano teria “enlouquecido” após Kruschev retirar os mísseis de Cuba. Fidel “chutou paredes e quebrou vidros, janelas e espelhos”. Seu comparsa Che Guevara revelava o motivo da fúria: “Se os mísseis permanecessem, nós os teríamos utilizado contra o coração dos Estados Unidos, incluindo Nova York. Não devemos jamais estabelecer uma coexistência pacífica. Nessa luta até a morte de dois sistemas, devemos conquistar a vitória definitiva. Devemos andar pelo caminho da libertação, mesmo que isso custe milhões de vidas”.

Certos idealistas realmente chocam pelo quanto de violência estão dispostos a aceitar como meio para seu “nobre” fim. Se Kruschev encarava Cuba como moeda de barganha diplomática, Fidel e Che, por outro lado, levavam muito a sério a ideia de mandar Nova York pelos ares, sonho patológico de muito antinorte-americano concretizado parcialmente por Bin Laden em setembro de 2001.

Cuba ainda desperta fortes emoções em muito bobo mundo afora

Ironia das ironias, muitos “pacifistas” gostam de estampar a foto de Che em suas camisetas. Os Estados Unidos costumam ser o alvo predileto desses ativistas, enquanto o regime iraniano, cujo líder autoritário propaga abertamente seu desejo de “varrer Israel do mapa”, segue tranquilamente seu avanço rumo ao poderio nuclear.

Certos idealistas realmente chocam pelo quanto de violência estão dispostos a aceitar como meio para seu “nobre” fim. O historiador marxista Eric Hobsbawm, por exemplo, respondeu “sim” ao canadense Michael Ignatieff quando este lhe perguntou se 20 milhões de mortes seriam justificáveis caso a utopia comunista tivesse sido criada. Não se faz uma omelete sem quebrar os ovos, não é mesmo?

Não custa lembrar que a pomba foi eternizada como símbolo da paz por um cartaz impresso com uma litografia de Picasso para um congresso patrocinado pelos assassinos de Moscou. O pintor foi vencedor por duas vezes do Prêmio Lenin da Paz. Lenin, que deliberadamente usou a guerra civil e a fome como armas para sua consolidação do poder, e que declarou: “Enquanto não aplicarmos o terror sobre os especuladores — uma bala na cabeça, imediatamente —, não chegaremos a lugar algum!”. 

O pior é que, apesar de tudo, ainda tem quem defenda o socialismo. Nelson Rodrigues foi direto ao ponto: “Quem é a favor do mundo socialista, da Rússia, ou da China, ou de Cuba, é também a favor do Estado Assassino”. Não resta dúvida. Mas, como podemos ver, não são poucos os cúmplices de Fidel no Brasil. Em pleno século 21, com todas as inequívocas demonstrações do retumbante fracasso comunista, esses “revolucionários” ainda sonham com o projeto de poder totalitário coletivista.

E eles contam com o apoio dos idiotas úteis, dos artistas e intelectuais. Michael Moore, Jack Nicholson, Oliver Stone, Steven Spielberg, Francis Coppola, Robert Redford, Danny Glover e Sean Penn: o que todos eles têm em comum, além da fama e da fortuna? São bajuladores da mais longa, cruel e assassina ditadura do continente. Cuba ainda desperta fortes emoções em muito bobo mundo afora.

A retórica “altruísta” dos revolucionários serve como salvo-conduto para todo tipo de crime comum. Em nome da utopia socialista, vale tudo. Os “nobres” fins justificam os meios mais nefastos. Muitos falam dos “avanços sociais” na saúde e na educação. Como se isso, mesmo que fosse verdade (não é), absolvesse todos os crimes hediondos do ditador adulado por Hollywood. Cuba não era um prostíbulo norte-americano antes de 1959. Era um país com ampla classe média, com o terceiro maior consumo de proteína no hemisfério ocidental, a segunda renda per capita da América Latina (maior que a da Áustria e a do Japão) e a taxa de mortalidade infantil mais baixa da região.

Sua taxa de alfabetização já era de 80% em 1957, e o mais importante: os cubanos tinham cerca de 60 opções de jornal diário para escolher. Compare-se a isso a realidade hoje, com um único jornal, monopólio estatal, que reproduz somente aquilo que o ditador deseja. Nas salas de aula, os alunos “aprendem” as maravilhas do socialismo, e depois precisam enfrentar a realidade infernal da ilha-presídio. Educação?

Há também segregação racial na ilha, com 80% dos presos sendo negros, contra menos de 1% da cúpula do poder. Homossexuais sempre foram perseguidos, e o relato de Reinaldo Arenas no livro Antes Que Anoiteça, que virou filme com Javier Bardem, mostra bem isso. Os “progressistas” da esquerda caviar não suportariam viver um dia sequer em A Ilha do Doutor Castro (outra leitura recomendada). Cuba virou importante rota de tráfico de drogas, com claros sinais de envolvimento do governo, assim como um quintal para terroristas antinorte-americanos.

Raúl Castro escreveu em 1960: “Meu sonho é jogar três bombas atômicas em Nova Iorque”. Seu irmão, como vimos, chegou a arquitetar planos para efetivamente lançar bombas na cidade, que felizmente fracassaram.

Eu poderia continuar com mais páginas e páginas sobre as atrocidades cometidas pelos “revolucionários”, mas o recado já ficou bem claro: hoje em dia, não é mais possível alegar ignorância para defender tiranos assassinos e psicopatas que controlam regimes comunistas. É coisa de cúmplice mesmo. É coisa de quem também demonstra sede insaciável de poder e controle, e enxerga o próximo não como um ser humano de carne e osso, mas como uma peça num tabuleiro de xadrez, totalmente descartável para seus “nobres fins”. Alguém como Lula.

Título e Texto: Rodrigo Constantino, revista Oeste, nº 69, 16-7-2021

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