Anvisa afirma que ampliação de acesso deve ser estudada com critério quanto aos riscos, benefícios e possíveis efeitos
Utilizado como ferramenta no combate ao novo coronavírus, o chamado autoteste de covid-19 já é popularmente utilizado nos Estados Unidos e países da Europa, Ásia e América Latina.
No entanto, no Brasil, ainda
não tem registro para ser comercializado. Apesar de ser defendido por
fabricantes, farmacêuticas e especialistas, o uso depende de autorização da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Os autotestes são proibidos no
território brasileiro devido a uma resolução de 2015. No documento, a agência
justifica a decisão afirmando que “não podem ser fornecidos a usuários leigos”
produtos que atestem a “presença ou exposição a organismos patogênicos ou
agentes transmissíveis, incluindo agentes que causam doenças infecciosas
passíveis de notificação compulsória”.
Disponível para venda em
farmácias e lojas de varejo ou distribuído pelos governos nos países onde o uso
é permitido, o teste pode ser realizado em casa. Basta a pessoa realizar uma
coleta de amostra de swab nasal, seguindo as instruções de uso.
Todos os materiais necessários
para realizar o teste, como instruções, cotonetes, dispositivos de teste e
reagentes são fornecidos na embalagem. Além disso, o resultado pode ser
verificado em até 15 minutos.
Segundo o presidente executivo
da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial, Carlos Eduardo Gouvêa, para
se lançar no mercado qualquer tipo de autoteste, a Anvisa precisa fazer uma
resolução específica, normalmente por motivo de necessidade de saúde pública
indicada pelo Ministério da Saúde.
“Já há um consenso da
importância crescente de novas ferramentas, ficando agora a cargo da Anvisa
prosseguir com a mesma celeridade que adotou no início da pandemia, para uma
avaliação que autorize o processo de registro destes produtos. É fundamental
ainda que o Ministério da Saúde apoie esta medida, até para que a discussão
seja bem completa e ágil”, cobrou Gouvêa.
“Para que este cenário mude, é
necessária a provocação formal do Ministério da Saúde para que a Anvisa faça a
discussão de uma possível resolução autorizando o início dos registros de tais
produtos, estipulando as condições, requisitos e demais critérios de
usabilidade pela população leiga”, afirmou o especialista.
Anvisa
“A ampliação de acesso, inclusive ao público leigo, deve ser estudada com critério quanto aos riscos, benefícios e possíveis efeitos”, disse, em nota, a Anvisa.
Segundo a agência, deve-se
levar ainda em consideração também o impacto relacionado a possíveis erros de
execução de ensaios, que além de reverberar na qualidade de vida dos usuários,
podem afetar os programas de saúde pública.
Autotestes
No entanto, assim como
aconteceu com o autoteste de HIV, hoje já amplamente disponível e usado como
ferramenta para acesso precoce a uma informação essencial, o autoteste de
covid-19 já se faz mais do que necessário, segundo entidades.
Devendo superar a marca de 1
bilhão de autotestes de covid-19 apenas no território norte-americano e outro
bilhão para distribuição para os países pobres ou em desenvolvimento, conforme
projeção da Organização Mundial da Saúde (OMS), amplia-se a discussão para a
disponibilidade, o quanto antes, no Brasil.
“Os únicos autotestes que têm
autorização no país são os testes de glicemia, gravidez e HIV. Neste momento,
os autotestes de covid-19 ajudariam a desafogar os centros de testagem e
laboratórios que, com aumento da procura, tornam-se, infelizmente, locais de
potencial aglomeração com riscos para todos”, afirmou o presidente executivo da
CBDL.
Embora defenda o uso do
autoteste de covid-19 no Brasil, Sérgio Mena Barreto, CEO da Associação
Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), pondera que seja
comercializado com registro, no canal de vendas correto, explicação e suporte
aos pacientes.
“A ideia de ter o autoteste é
excelente. A gente apoia, desde que seja bem regulamentado”, avaliou. Ainda
conforme Barreto, o preço também seria mais acessível. “O preço típico do teste
rápido de farmácia está em torno de R$ 70. O autoteste pode ser vendido bem
mais barato”, estimou.
Com informações do Estadão
Conteúdo
Título e Texto: Redação, revista Oeste, 7-1-2022, 22h
Em Portugal, desde o ano passado existem várias marcas disponíveis de autoteste, em farmácias, supermercados e lojas chinesas.
ResponderExcluirA minha última compra foi na semana passada, em loja chinesa, de quatro exemplares, iguais ao da imagem da matéria.