O ministro Barroso, pelo que disse, só admite um resultado para a eleição — aquele que ele defende
J. R. Guzzo
O Brasil vive neste momento
uma farsa de primeiríssimo grau: vende-se como defesa da democracia o que é, na
verdade, um golpe branco. Estamos a seis meses de uma eleição presidencial
disputada entre uma candidatura de direita e uma candidatura de esquerda — e os
guardiães oficiais da disputa, os que têm a obrigação de serem imparciais e
defenderem os direitos dos eleitores, agem publicamente contra a candidatura de
direita. Essa candidatura, a do presidente Jair Bolsonaro, pode ser a pior dos
522 anos de existência do Brasil, mas se tudo caminhar conforme o previsto ela
também é perfeitamente legal e legítima. Como, então, o STF e o seu braço nas
eleições, o TSE, estão dizendo que o presidente não pode ganhar, e que o
eleitorado não tem o direito de votar nele?
A última manifestação do embuste gigante ora em construção é a encíclica que o ministro Luís Roberto Barroso [foto] acaba de pregar nos Estados Unidos, num desses piqueniques ideológicos organizados por bilionários que vivem aflitos, ultimamente, na tarefa de entender o Brasil. Na palestra em questão, uma deputada federal disse que a “arrogância de vários setores” pode “entregar o poder para o Bolsonaro”. Em seguida, afirmou: “Eu morro de medo do que vai acontecer”. (Acrescentou que a jornalista que lhe acompanhava na conferência também estava morrendo de medo.)
Foto: Nelson Jr/SCO/STF |
É curioso. O poder não vai ser entregue “ao Bolsonaro”; ninguém vai lhe dar coisa nenhuma. “O Bolsonaro” é candidato à reeleição depois de ter sido eleito democraticamente com 58 milhões de votos em 2018, e só continuará no governo se for eleito de novo pela maioria absoluta do voto popular no Brasil. Qual é o problema com isso — sobretudo quando o próprio STF, o santíssimo gestor das eleições por via do TSE, jura que é impossível haver qualquer fraude? O “sistema”, como não param de dizer, é “inviolável”. Também não se entende o pânico da deputada. Quem está realmente com medo? A população brasileira, por acaso? Onde está se vendo esse pavor?
Entra, aí, o ministro Barroso.
Ele disse que ninguém precisava ficar assim tão agitado, mas engatou, logo em
seguida, uma extraordinária bateria de declarações. Disse que “o mal existe” e
referiu-se, com todas as letras, ao “inimigo”. Quem é o mal e quem é o inimigo?
O presidente constitucional do seu próprio país? Um candidato que tem o
direito, por lei, de se apresentar à reeleição? O ministro, pelo que disse, só
admite um resultado para a eleição — aquele que ele defende. “Nós somos a
democracia”, afirmou. “Nós é que ajudamos a empurrar a História na direção
certa.” Caso encerrado, para o STF.
Título e Texto: J. R. Guzzo,
O Estado de S. Paulo, via Revista Oeste, 17-4-2022, 18h
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FOTO LEGENDADA DO MI"SI"NISTRO:
ResponderExcluir- Deixai vir a mim os eleitores cansados e todos que estão com fome e sede de mudanças, bem ainda aqueles que nunca foram as "urinas"... aqueles imbecis e apalermados que ainda acreditam num pleito "onesto" e trans"papa"rente. Vamos trabalhar duramente para um BrasGil "mais melhor", mais sadio e mais "umano", onde todos se curvem ao STF, e, por via de consequência, ao TSE. Vamos fazer antes de começarem as corridas às urnas, uma enorme e Transparente Seção Espírita, para espantar para bem longe todos aqueles que afirmam categoricamente que as ur"i"nas não são confiáveis. Venham caríssimos companheiros e eleitores cansados... eu vos aliviarei.
Meu nome, Juiz Alberto Barboso.
Aparecido Raimundo de Souza
de Viracopos, Campinas, São Paulo